Durante o s�culo XX, a produ��o socioespacial e socioecon�mica de Fortaleza consolidou um modelo de crescimento urbano em que do lado leste da cidade predomina o territ�rio equipado, consumido pelos conglomerados empresariais e onde se concentram a moradia das camadas sociais de maior poder aquisitivo, as melhores oportunidades de emprego, as maiores ofertas de bens e servi�os, os equipamentos urbanos, em particular os de cultura, turismo e lazer. No lado oeste, moram as camadas populares, que constituem a maioria da popula��o, e predominam a precariedade e a car�ncia de moradia, de saneamento b�sico, de equipamentos de educa��o, sa�de e lazer.

Faz parte ainda desse modelo uma forma de crescimento que espalha pessoas e ocupa��o urbana para todos os lados da cidade, produzindo uma urbaniza��o dispersa, resultante da transforma��o dos lugares com seletividade, que segrega as camadas da sociedade em bairros residenciais, adequando -os �s suas exig�ncias funcionais. � assim que certos locais se tornam mais acess�veis, certas vias mais atrativas e uns e outros pontos mais valorizados. Assim, os bairros ganham ou perdem valor ao longo do tempo.

Uma das tend�ncias acarretadas por este modelo de crescimento espacial e demogr�fi co � a policentralidade na qual o centro tradicional se transforma em centro de consumo popular e, de outro lado, surgem as novas �reas de centralidades ou subcentros, formados por atividades do setor terci�rio que se deslocam do centro tradicional para atender os interesses e demandas das camadas sociais em seu processo de ocupa��o de outras �reas da cidade. Incluem-se tamb�m nessa categoria de centralidade os shopping centers.

Um projeto urban�stico de renova��o do centro tradicional de Fortaleza requer um olhar atento para o bairro como um todo e, em especial, os neg�cios ali estabelecidos. A��es de requalifi ca��o urbana, seguran�a e manuten��o, incentivos econ�micos para a instala��o de neg�cios em �reas delimitadas, promo��o da inova��o e conectividade, qualifi ca��o das empresas, aumento da densidade demogr�fi ca, valoriza��o do patrim�nio hist�rico e cultural s�o fundamentais para ampliar o dinamismo econ�mico do centro e o n�mero de moradores, bem como torn�-lo mais atrativo para os fortalezenses e visitantes da cidade.