O verão começou quente nos bastidores do esporte olímpico brasileiro. Nos últimos dias, atletas, federações e confederações aqueceram a troca de e-mails e mensagens em busca de informações e manifestações de apoio às candidaturas das cidades que desejam ser sede dos Jogos Pan-Americanos de 2031.
Rio e Niterói oficializam candidatura para sediar o Pan de 2031
São Paulo está de um lado. Uma candidatura conjunta de Rio de Janeiro e Niterói, do outro. Os paulistas saíram na frente, ainda em 2023, com lobby e patrocínio ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) ainda durante o Pan de Santiago. Nas Olimpíadas de Paris, neste ano, São Paulo novamente estava presente na Casa Brasil. Então, no fim do ano, a surpresa: Rio e Niterói anunciaram que entrariam na disputa. E em poucas semanas, o time fluminense estava dentro da sede do COB, em meio a fotos e apoios, se tornando favorita na disputa.
A equipe paulista, que parecia estagnada desde os Jogos Olímpicos –a eleição para a Prefeitura de São Paulo seria um dos motivos da mudança de foco— resolveu se movimentar nas últimas horas. Primeiro, ganhou apoio público de importantes atletas medalhistas olímpicos, como o ginasta Arthur Zanetti e a boxeadora Beatriz Ferreira. Ambos foram às redes sociais marcando posição a favor da capital paulista.
Ao mesmo tempo, federações, confederações e empresas passaram a enviar ofícios para a Prefeitura paulistana manifestando apoio à realização dos Jogos de 2031 na maior cidade da América Latina, destacando a importância do Pan para diversas áreas, da construção de novos equipamentos esportivos à movimentação da economia da cidade e do estado, maior polo de atletas olímpicos do país.
O lado econômico é um dos que São Paulo quer usar a favor da candidatura. A capital paulista, porém, teria que construir muitas arenas. O velódromo, no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, já está prometido que vai sair do papel. No entanto, a cidade (e o estado) não contam, por exemplo, com um canal para provas de canoagem slalom.
Já o Rio, mesmo tendo organizado Pan e Olimpíadas há poucos anos, o que está sendo usado como trunfo, ainda teria que construir uma nova Vila dos Atletas, assim como novos locais de competição que foram desmontados ou não foram mais usados após os mega-eventos.
Nessa batalha entre lobby e apresentação concreta de um projeto, os paulistas dizem que o Rio “fez muito barulho”, mas ainda não tem uma candidatura “técnica”, além de ter “pouco relacionamento com as confederações”. Por outro lado, a candidatura conjunta com Niterói traz ao Rio o nome da medalhista olímpica da vela Isabel Swan, desligada do COB no ano passado mas ainda hoje única representante brasileira na Comissão de Atletas da PanAm Sports. Juntos, com 19 votos, os atletas da Comissão do COb foram responsáveis diretos na eleição dos dois últimos presidente da entidade. Isabel, inclusive, esteve presente no Prêmio Brasil Olímpico e subiu duas vezes ao palco.
Arthur Zanetti faz campanha por Pan de 2031 em São Paulo
QUEM ESCOLHE?
Bom lembrar que o COB marcou para o dia 29 de janeiro a Assembleia Geral Extraordinária que vai definir se Rio-Niterói ou São Paulo como a candidata brasileira. Votam 33 confederações, 19 membros da Comissão de Atletas do COB e os dois membros brasileiros do COI (Comitê Olímpico Internacional), Andrew Parsons e Bernard Rajzman.
O nome da cidade candidata precisa ser entregue à PanAm Sports, que organiza os Jogos, até 31 de janeiro. A votação será feita no auditório do Parque Aquático Maria Lenk, no Rio. A cidade que tiver maioria simples entre os 54 votantes será indicada pelo Brasil. A escolha final da sede pan-americana será anunciada em agosto de 2025, em Assunção, no Paraguai.
Além das duas cidades brasileiras, ainda não há oficialmente nenhuma outra candidata ao Pan de 2031. No entanto, nos bastidores da PanAm Sports, ainda é esperado para janeiro o anúncio da candidatura de Assunção, no Paraguai, e uma cidade mexicana ainda não definida.
São Paulo organizou os Jogos Pan-Americanos em 1963. Já o Rio foi sede em 2007. O Pan de 2027 vai ser realizado em Lima, no Peru, depois de Barranquilha, na Colômbia, não cumprir o contrato firmado com a PanAm Sports e perder o direito de realizar os Jogos. A capital peruana já foi sede em 2019. O último Pan foi em Santiago, no Chile.
Se o mês de janeiro, para muitos esportes, ainda é de pré-temporada, para o esporte olímpico brasileiro será um verão bem quente, principalmente nos bastidores.
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