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Por Marcel Merguizo — São Paulo


É preciso se distanciar para perceber a beleza da Torre Eiffel. Assim também é com feitos históricos. No meio deles, ou dela, tudo é grande, mas ao mesmo tempo pode não ser tão bonito. De longe, é possível ver como o horizonte limpo deixa o monumento parisiense ainda mais belo. É como vejo os Jogos Olímpicos de Paris hoje, assistindo do Brasil aos Paralímpicos.

Rebeca Andrade posa para foto com fã francesa após treino da seleção brasileira de ginástica artística em Troyes, na França — Foto: Marcel Merguizo

A própria Arena Torre Eiffel é um bom exemplo. Estádio para 12 mil pessoas tanto nas Olimpíadas quanto nas Paralimpíadas. Ao lado do ponto turístico mais visitado do mundo, com mais de 6 milhões de pagantes por ano. Primeiro, o vôlei de praia. Agora, o futebol de cegos. O final? Para o brasileiro, espera-se que seja o hexacampeonato para os homens igual foi o ouro de Duda e Ana Patrícia.

Em uma das arenas mais festivas das Olimpíadas, porém, agora o silencio precisa imperar. O som do DJ dá lugar ao do guizo na bola. E o foco que muitas vezes estava nas selfies, nas fotos da Dama de Ferro, agora, pode se virar ainda mais para os atletas. Não que as jogadoras e jogadores de vôlei de praia não tenham recebido a devida atenção. Pelo contrário. Mas a novidade de ter um estádio aos pés do monumento fazia da própria arena um ponto turístico.

Rayssa Leal conversa com amigas antes de competir nas Olimpíadas de Paris — Foto: Marcel Merguizo

Assim foi também com o Grand Palais, com a Esplanada dos Inválidos, com Roland Garros. Mas, de longe, depois de presenciar tamanha beleza, ficam as memórias das pessoas que estavam lá. Não estão no rolo da câmera, não estão entre as milhares de fotos e, sim, na imagem única que uma bela história deixa na mente.

Inesquecível a beleza de ir do metrô à fila de entrada de Roland Garros com uma tenista de 80 anos que queria ver o último encontro de Rafael Nadal e Novak Djokovic. Aqueles minutos da senhora encantada em contar a um brasileiro sobre aquelas quadras de saibro dos anos 60 com a mesma empolgação que estava de encarar sozinha o sol, a multidão e o prazer de ver as Olimpíadas em sua casa. Emoção tão grande quanto a Philippe Chatrier, tão inesperada quanto encontrar Billie Jean King no elevador do icônico estádio.

Lais Scaff Haddad, mãe de Bia, e Alessandra Stefani, mãe de Luisa, comemoram vitórias das filhas em Paris — Foto: Marcel Merguizo

Esses Jogos de Paris 2024 já são um feito histórico. Olimpíadas e Paralimpíadas do reencontro. Com festas de abertura realizadas pela primeira vez na rua, na praça, no rio. A edição mais bonita da história?

De Versalhes a Sacre Coeur, hoje recordo com carinho é da elegante senhora saindo da estação Porte Dauphine rumo a Roland Garros; de Valéria esperando a filha Nathalie Moellhausen sair do hospital Lariboisière, das amigas imperatrizes de Rayssa Leal com a cara pintada na arquibancada na Concórdia; das crianças quase saídas do berço se encantando com Rebeca Andrade no treino em Troyes antes de a ginasta conquistar o trono em Bercy; dos novos e velhos amigos vistos por alguns segundos na corrida pela Ponte d’Iena enquanto Caio Bonfim marchava para a medalha; o que recordo com carinho mesmo hoje são dos abraços de Lulu, Piu, Duda, Nivalter, Rosa, Gabi, de toda família de Bia, Luisa e de Zé Roberto.

De longe, é mais fácil perceber que a beleza dos Jogos de Paris está em um monumento maravilhoso chamado ser-humano.

Marcel Merguizo escreve crônicas olímpicas semanais no ge

Blog Olímpico Marcel Merguizo — Foto: Reprodução

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