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Por Tiago Bontempo

J.League

O Sanfrecce Hiroshima começou a temporada na J.League como um potencial candidato ao título por causa do entrosamento do time que é praticamente o mesmo que ficou em terceiro em 2023 e também por causa das atuações dominantes na sua nova casa, o Edion Peace Wing. Pode-se dizer que nenhum outro time conseguiu ser tão superior aos adversários do que nas primeiras partidas do Sanfrecce em seu novo estádio. Porém, os frequentes empates fora de casa e uma sequência de seis jogos sem vencer de abril a maio fizeram o Três Flechas, que chegou a ser líder na terceira rodada, cair para nono lugar, enquanto o Machida Zelvia disparava na liderança perseguido por Kashima Antlers, Gamba Osaka e Vissel Kobe.

O título parecia ter ficado fora de alcance para o Hiroshima, ainda mais depois de perder em casa para o Vissel Kobe na 22ª rodada por um arrasador 1x3 e ficar em sétimo lugar, 12 pontos atrás do Machida. Só que desde então o Sanfrecce ganhou todos os seis jogos que disputou, uma sequência que não acontecia desde a temporada 1994, quando o time foi vice-campeão; e todos os concorrentes ao título vêm acumulando tropeços nas últimas rodadas. O único rival que somou três pontos neste fim de semana foi o Vissel Kobe, que jogou em casa contra o time em pior forma no momento, o Sagan Tosu.

Com os 2x0 no Kashiwa Reysol neste domingo, o Hiroshima diminuiu para apenas dois pontos a vantagem do Machida, que precisou contar com seu goleiro selecionável Kosei Tani para somar pelo menos um ponto como visitante em Niigata. Faltando dez rodadas para o fim do campeonato, o Sanfrecce é a maior ameaça ao "conto de fadas" do Zelvia, jogando um futebol bem diferente do pragmatismo do líder da J1. Enquanto o Zelvia é um time reativo, que joga no contra-ataque e tem a defesa menos vazada da liga, o Sanfrecce está sempre buscando gols e tem o melhor ataque do campeonato.

Havia um receio de que o Sanfrecce pudesse sentir a perda de Yuki Ohashi, seu melhor jogador na temporada até então. Ohashi era "a peça que faltava", o centroavante que o time buscou por muito tempo, mas que só teve por sete meses. Ele chegou do Shonan Bellmare em janeiro e no mês passado foi vendido ao inglês Blackburn (onde chegou marcando gols nos três primeiros jogos). Quem tem ocupado o lugar dele é Mutsuki Kato, que vinha atuando mais recuado, como segundo atacante, mas ele também pode ser um nove. Apesar de não ser um jogador brilhante e muito menos um goleador nato (ele tem apenas quatro gols nesta edição da J1), Kato tem funcionado no comando do ataque com seus atributos balanceados, dedicando-se à marcação, fazendo bem o pivô e abrindo espaços para os companheiros.

A solução encontrada pelo técnico alemão Michael Skibbe (que não gosta de mexer muito na equipe e costuma demorar para fazer substituições) de colocar Kato como centroavante e formar o trio de frente com Makoto Mitsuta e o volante Taishi Matsumoto vem dando certo. O clube foi às compras nesta janela de verão, mas ao invés de um substituto para Ohashi trouxe dois volantes, o antigo prata da casa Hayao Kawabe e o alemão Tolgay Arslan - ambos já mostraram serviço. Os brasileiros seguem em segundo plano. Marcos Júnior, mesmo indo bem quando joga, tem poucas chances como titular, enquanto Douglas Vieira e Ezequiel seguem apenas como opções no banco e às vezes nem isso.

Não ter (mais) um goleador não tem sido tanto um problema porque o Sanfrecce tem ameaças de todos os outros setores do campo. Se não é um meia, é um volante ou um ala ou até um zagueiro que decide na frente. Aliás, dos 40 gols marcados até agora, dez foram de zagueiros. E quem tem feito mais a diferença na posição não é o capitão e ídolo Sho Sasaki, nem o pilar da central da defesa, Hayato Araki, e muito menos o ex-seleção Tsukasa Shiotani. É Shuto Nakano, que está em seu segundo ano como profissional, começou jogando na ala direita e agora se firmou na zaga, destacando-se não só na marcação, mas pela qualidade com a bola nos pés e nas subidas ao ataque, como no lance do primeiro gol contra o Kashiwa Reysol.

Não há dúvida de que o Hiroshima joga o melhor futebol da J.League hoje, mas já estamos acostumados a ver no Japão disputas pelo título com resultados inesperados e sabemos que muita coisa pode acontecer nessas dez rodadas que faltam. Em um campeonato com tão pouca diferença entre as equipes, é raro ter uma sequência de vitórias como essa do Sanfrecce. A tendência é ter uma disputa acirrada até o fim.

Resultados da 28ª rodada da J1:
(5º) Gamba Osaka 2x2 Avispa Fukuoka (7º) (33.878)
(13º) Urawa Reds x Kawasaki Frontale (14º) - SUSPENSO*
(6º) Yokohama F-Marinos 4x0 Cerezo Osaka (8º) (47.926)
(17º) Shonan Bellmare 0x1 Nagoya Grampus (11º) (12.797)
(15º) Kyoto Sanga 3x0 FC-Tokyo (9º) (13.193)
(10º) Tokyo Verdy 2x1 Kashima Antlers (4º) (24.814)
(2º) Sanfrecce Hiroshima 2x0 Kashiwa Reysol (16º) (25.296)
(12º) Albirex Niigata 0x0 Machida Zelvia (1º) (18.588)
(18º) Júbilo Iwata 0x2 Hokkaido Consadole Sapporo (20º) (10.684)
(3º) Vissel Kobe 2x0 Sagan Tosu (19º) (18.875)
*O jogo foi suspenso no intervalo, quando o Urawa vencia por 1x0, por causa da forte chuva

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