Estudantes dos seis cursos de engenharia da Universidade de Franca (Unifran) fizeram um abaixo-assinado este mês para pedir à reitoria a suspensão de aulas conjuntas. De acordo com os alunos, disciplinas comuns aos cursos têm sido ministradas desde o ano passado em uma mesma sala de aula, o que faz com que haja superlotação e até falta de mobiliário para acomodar todos os universitários.
A situação mais grave é com a disciplina de cálculo II que, segundo os discentes, chegou a reunir 103 pessoas em um mesmo cômodo.
Em nota, a universidade informou que avalia as reivindicações feitas e que deverá se reunir com os representantes de turma para discutir o caso.
Baixo aproveitamento
O estudante de engenharia de produção Hermes Braga, de 30 anos, relata que, além do desconforto causado pela superlotação, o número de alunos também prejudica o aproveitamento das aulas.
"Eles juntam as turmas para otimizar as aulas, mas o aproveitamento é inferior para nós. No ano passado adotaram esse método com as disciplinas de cálculo I e geometria analítica. São matérias difíceis, e a maioria dos alunos teve notas muito baixas", afirma.
Braga diz que os estudantes reclamaram da situação com a coordenação dos cursos ainda em 2014, mas que nada foi feito para resolver o problema. Este ano, os estudantes compartilham as aulas de cálculo II e álgebra linear. O desconforto é tanto que muitos alunos acabam se aglomerando nos corredores, já que não há espaço para todos numa mesma sala de aula.
"Não cabe. O pessoal se espreme entre os corredores, junta as mesas. Alguns buscam carteiras em outras salas, outros desistem do tumulto e vão embora."
espaço em sala de aula na Unifran, em Franca
(Foto: Hermes Braga/Arquivo Pessoal)
Para o estudante, o método é falho, já que a maioria dos alunos não consegue aproveitar o conteúdo passado pelos professores. "Já começa pela dificuldade de iniciar a aula, porque até acomodar todo mundo é meia hora. Ninguém enxerga a lousa, tem conversa paralela. Tivemos alunos que desistiram do curso por conta disso", relata.
Segundo os alunos, até os professores reconhecem que a junção de turmas tem prejudicado o rendimento deles. "Para quem senta no fundo é impossível ouvir qualquer coisa. São disciplinas difíceis. A mensalidade é cara, esperávamos um pouco mais de qualidade no ensino", diz o estudante Mateus Augusto Diógenes, de 19 anos.
Com a representação, os discentes esperam que a universidade, caso não suspenda as aulas conjuntas, ao menos as divida em turmas menores para que os alunos consigam cursar as disciplinas sem problemas de superlotação.
Cruzeiro do Sul
Em nota, o Grupo Cruzeiro do Sul Educacional, responsável pela Unifran, informou que as solicitações feitas no abaixo-assinado serão avaliadas pela reitoria e pró-reitoria de graduação. A universidade informou também que deve agendar uma reunião com os representantes de turma para discutir o caso. A data da reunião, no entanto, não foi informada.