O goleiro Bruno Fernandes, condenado pela morte de Eliza Samudio, foi transferido da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande Belo Horizonte, nesta quarta-feira (9). De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social, ele foi levado para a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Santa Luzia.
Bruno Fernandes foi condenado pela Justiça de Minas a 22 anos e três meses de prisão pela morte e ocultação do cadáver da ex-amante, além do sequestro do filho da jovem. Além de Bruno, outras cinco pessoas foram condenadas pela morte de Eliza.
O novo advogado de Bruno, Irmar Ferreira Campos, informou ao G1 que o objetivo da transferência é deixar Bruno mais próximo da família que mora em Santa Luzia. A unidade prisional também permite que o preso trabalhe. No entanto, segundo o defensor, a mudança não significa progressão de pena e Bruno continua no regime fechado, sem poder deixar a prisão.
Campos explicou ainda que o goleiro vai trabalhar na Apac Santa Luzia, mas a atividade ainda não foi decidida. Ainda segundo o advogado, o pedido de transferência não foi feito com o objetivo de Bruno voltar ao futebol.
A transferência aconteceu por determinação judicial assinada pela juíza da 1ª Vara de Execuções Penais de Santa Luzia, Arlete Aparecida da Silva Coura. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a transferência é concedida a um preso por avaliação de alguns critérios objetivos, como fila de espera da unidade e se o perfil do condenado condiz com a metodologia da Apac. Bruno continua em regime fechado, segundo o TJMG, e não poderá deixar a cadeia para trabalhar. Mas poderá exercer algumas das atividades oferecidas em cursos, oficinas e trabalho.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, a Apac é uma unidade prisional especializada em ressocialização do detento pelo trabalho. A principal característica é a “humanização no cumprimento da pena, a forte presença do voluntariado, o envolvimento das famílias e de presos no processo de reintegração do mesmo à sociedade”. Nela, para cada três dias trabalhados, dois são remidos da pena do condenado. Em uma penitenciária de segurança máxima como a Nelson Hungria, a proporção é um dia remido para cada três trabalhados.
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Transferências
Bruno estava preso na Penitenciária Nelson Hungria desde novembro do ano passado, quando conseguiu transferência da Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá, na cidade de mesmo nome, a 55 quilômetros de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. O goleiro havia sido transferido para esta unidade prisional após ter contrato assindo com o Montes Claros FC. Bruno ficou em Francisco Sá de julho a novembro de 2014.
Antes de ir para Francisco Sá, Bruno trabalhava na Penitenciária Nelson Hungria. Em maio deste ano, a defesa do goleiro solicitou à Justiça que ele pudesse voltar a trabalhar na unidade prisional de Contagem. O pedido foi negado pelo juiz da Vara de Execuções Penais de Contagem, Wagner de Oliveira Cavalieri. A alegação é que o goleiro perdeu a vaga de trabalho por ter pedido transferência para outra unidade. Para cada três dias de trabalho na unidade prisional, um dia de pena é remido.
Entenda o caso Eliza Samudio
Bruno Fernandes foi condenado pela Justiça de Minas, em março de 2013, a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.