Une fille d'Eve
Une fille d'Eve | |||||||
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Autor(es) | Honoré de Balzac | ||||||
Idioma | Francês | ||||||
País | França | ||||||
Gênero | Romance realista | ||||||
Série | Scènes de la vie privée | ||||||
Editora | Souverain | ||||||
Lançamento | 1838 | ||||||
Cronologia | |||||||
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Une fille d’Ève (em português, Uma filha de Eva[1]) é um romance de Honoré de Balzac surgido em folhetim em Le Siècle em dezembro de 1838 e janeiro de 1839, publicado em volume por Souverain em agosto de 1839, depois na edição Furne de 1842, onde se situa nas Cenas da vida privada da Comédia Humana.
É neste curto romance que Félix de Vandenesse, o futuro herói de Le Lys dans la vallée, faz sua primeira aparição que, de acordo com o princípio balzaquiano de "esclarecimento retrospectivo"[2], nos traz aqui o "meio de uma vida antes de seu começo, seu começo após seu fim[3]".
É igualmente a primeira aparição de Ferdinand du Tillet, que reencontraremos em César Birotteau[4] Em Uma filha de Eva, Du Tillet se casa com a filha do conde de Granville, irmã da condessa Marie-Angélique (Maria Angélica na edição brasileira organizada por Paulo Rónai) de Vandenesse.
Neste texto, que não é uma obra maior de Balzac, tem-se a impressão de que o autor submete os personagens do "mundo balzaquiano" a um "ensaio geral". O poeta Raoul Nathan (Raul Nathan), que se reencontrará em quase toda a Comédia Humana, representa aqui o papel pouco edificante de sedutor e ambicioso devorador de riquezas. Ele é aqui íntimo de Melchior de Canalis, o poeta às vezes arrogante e interesseiro de Modeste Mignon.
Novamente, Balzac se volta para a sorte das mulheres casadas, para as disparidades sociais e educativas. Ele tem uma grande compaixão por sua heroína, Maria Angélica de Vandenesse, a esposa de Félix de Vandenesse, e por sua ingenuidade que parece ser a dos indivíduos insuficientemente instruídos (as mulheres, naquela época). Segundo Paulo Rónai, "o principal interesse do romance talvez seja devido à habilidade com que Balzac conduz a sua heroína ao longo do precipício, mantendo até o fim a atmosfera de perigo."[5]
Este romance exemplifica bem como diferentes obras da Comédia Humana se complementam mutuamente. A incompatibilidade entre o conde de Granville e sua esposa excessivamente devota, narrada em Uma dupla família, resulta, aqui, em duas filhas despreparadas para enfrentar o mundo. "Jamais donzelas foram entregues a maridos, nem mais puras, nem mais virgens."[6] E os sofrimentos amorosos anteriores do Conde Félix de Vandeneusse são esclarecidos em O lírio do vale.
O romance completa admiravelmente o curioso panorama da alta sociedade parisiense, já entrevista em Ao "Chat-qui-pelote" e sobretudo em Modesta Mignon.[7]
Enredo
[editar | editar código-fonte]A esposa de Félix de Vandenesse não sabe como ocupar seus dias. É o tédio habitual da dona de casa, presa fácil para o poeta Nathan, tanto mais porque um complô circunda seu encontro. Se Maria Angélica fica apaixonada pelo literato, é porque ela foi impelida aos seus braços por ocasião de um encontro combinado por Lady Dudley, Natalie de Manerville e a viúva do conde de Kergarouët, nascida Émilie de Fontaine, e desde então casada com o irmão de Félix: Charles (Carlos) de Vandenesse. Todavia, o ambicioso Nathan exige, para levar à frente sua carreira política, finanças muito acima dos meios de Maria Angélica. Ele funda, em especial, um jornal em associação com o lince [8] Ferdinand du Tillet. Desta forma, a jovem vai recorrer a um procedimento comum nas mulheres apaixonadas de Balzac: as letras de câmbio[9] que faz seu velho professor de piano, Wilhelm Schmucke, assinar. Pouco instruída em matéria de finanças, ela corre para a catástrofe e para a prisão por dívidas. Mas seu marido, e sua irmã, Marie-Eugénie (Maria Eugênia) du Tillet (que ousa finalmente enfrentar seu marido) na última hora a salvam, e o casal se reconcilia. "A Sra. de Vandeneuse teve um gesto de pejo ao lembrar-se que se tinha interessado por Nathan. [...] o contraste que apresentava agora o conde, comparado com aquele homem, já menos digno da simpatia do público, bastaria para lhe fazer preferir o marido a um anjo."[10]
Referências
- ↑ Honoré de Balzac. A comédia humana. Org. Paulo Rónai. Porto Alegre: Editora Globo, 1954. Volume II
- ↑ J. Borel, Proust et Balzac, Paris, José Corti, 1975.
- ↑ Prefácio a Une fille d'Ève, La Pléiade, 1981. Edição dirigida por Pierre-Georges Castex.
- ↑ Nesta obra ele rouba mil francos do caixa, depois de tentar seduzir Madame Birotteau. Ele se torna logo corretor de valores e se une aos grandes banqueiros Keller e Nucingen.
- ↑ Paulo Rónai, Prefácio de Uma filha de Eva.
- ↑ Honoré de Balzac, op. cit., p. 520.
- ↑ Paulo Rónai, op. cit..
- ↑ É assim que Balzac se refere aos mestres de finanças.
- ↑ Como Anastasie de Restaud em Le Père Goriot.
- ↑ Honoré de Balzac, op. cit., p. 614.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- (fr) Patrick Berthier, « Les Ratures du manuscrit d’Une Fille d’Ève », L'Année balzacienne, 1988, no 9, p. 179-203.