Tetralogia de Fallot: o que é, como é o diagnóstico e o tratamento?
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A Tetralogia de Fallot é a cardiopatia congênita cianótica mais comum. É diagnosticada com o ecocardiograma fetal no pré-natal. Necessita tratamento.
A Tetralogia de Fallot é uma condição cardíaca congênita rara que afeta a estrutura do coração e o fluxo sanguíneo, exigindo atenção especial.
“Essa malformação é a cardiopatia congênita cianótica mais frequente entre a população infantil com incidência de 3 em cada 10.000 nascidos vivos, representando 10% das cardiopatias congênitas cianótica”, aponta a Dra. Claudia Pinheiro de Castro Grau, coordenadora da equipe de Ecocardiografia Fetal e Pediátrica da Maternidade São Luiz Star e do Hospital São Luiz Unidade Itaim (SP).
As cardiopatias congênitas representam uma das principais causas de mortalidade na infância. Estima-se que, anualmente no Brasil, cerca de 30 mil crianças sejam afetadas por essa condição, segundo o Ministério da Saúde.
Neste artigo, abordaremos o que é a Tetralogia de Fallot, como é realizado o diagnóstico e quais são as opções de tratamento disponíveis.
O que é Tetralogia de Fallot
De acordo com a cardiologista Dra. Claudia Pinheiro de Castro Grau, a Tetralogia de Fallot se origina durante o desenvolvimento do embrião e caracteriza-se pela presença de quatro defeitos.
“O primeiro defeito, que é a marca anatômica da Tetralogia de Fallot, é o desvio anterior do septo infundibular, causando cavalgamento da valva aórtica para o ventrículo direito (dextroposição da aorta), comunicação interventricular, estreitamento da via de saída do ventrículo direito e da valva pulmonar e aumento da espessura da parede muscular do ventrículo direito denominada de hipertrofia ventricular”, explica.
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Em termos mais simples, a Tetralogia de Fallot é uma condição cardíaca congênita que envolve quatro problemas específicos no coração. O primeiro desses problemas é uma alteração na estrutura do coração, no qual uma parte do coração chamada septo infundibular está desviada, levando a valva aórtica (valva do coração) a se posicionar de forma anormal relacionando-se também com o ventrículo direito. Isso resulta em uma abertura entre os dois ventrículos do coração, chamada comunicação interventricular, que não deveria existir em corações normais.
Além disso, há um estreitamento nas vias de saída do ventrículo direito e na valva pulmonar, o que dificulta a passagem do sangue. Por fim, há um aumento na espessura da parede muscular do ventrículo direito, chamado de hipertrofia ventricular, devido à sobrecarga de trabalho.
Esses são termos técnicos que descrevem as mudanças anatômicas que ocorrem no coração de uma pessoa com Tetralogia de Fallot. Essas alterações podem afetar o fluxo sanguíneo normal no coração, resultando em sintomas específicos que podem necessitar de intervenção médica.
As causas da Tetralogia de Fallot são variadas e muitas vezes ocorrem sem fatores de risco relacionados. Dra. Claudia destaca que os principais fatores de risco para a Tetralogia de Fallot são:
– História familiar: “a presença da doença em pai, mãe ou irmãos aumenta o risco de recorrência”, explica.
– Anomalias cromossômicas ou gênicas: “crianças acometidas com Síndrome de Down, Síndrome de Di George e Síndrome de Charge e VACTREL têm mais chances de desenvolver a Tetralogia de Fallot”, destaca.
Sintomas da Tetralogia de Fallot
Os sintomas Tetralogia de Fallot podem variar de acordo com a gravidade da condição, mas, de acordo com a Dra. Claudia Pinheiro de Castro Grau, o sintoma principal é a cianose, caracterizada pela coloração azulada principalmente da pele, ponta dos dedos das mãos e pés e das mucosas na região da língua, lábios e gengivas. A causa da cianose é a baixa quantidade de oxigênio no sangue.
Outros sintomas da Tetralogia de Fallot são:
- Irritabilidade;
- Choro constante;
- Respiração ofegante;
- Presença de sopro cardíaco no exame clínico.
“A cianose ocorre devido à dificuldade de o coração oxigenar sangue no pulmão e mistura do sangue venoso com o sangue arterial pela comunicação entre os ventrículos, portanto, o sangue é distribuído para o organismo com menor quantidade de oxigênio”, explica a médica.
A gravidade dos sintomas pode variar e depende da extensão dos defeitos cardíacos presentes. Em casos mais graves, desmaios podem ocorrer devido à falta de oxigênio no sangue.
Diagnóstico da Tetralogia de Fallot
O diagnóstico da Tetralogia de Fallot geralmente envolve uma combinação de exames clínicos, métodos de imagem e avaliação médica especializada.
A Dra. Claudia aponta que inicialmente o diagnóstico é realizado pela história clínica e sintomas, no qual destaca-se a cianose. Entretanto, a confirmação diagnóstica é realizada pelo ecocardiograma.
“Um fato que deve ser enfatizado é a importância do diagnóstico precoce da Tetralogia de Fallot durante a vida fetal, que é realizado por meio do ecocardiograma fetal, hoje considerado um exame de rotina durante o pré-natal”, atesta.
O diagnóstico preciso é fundamental para um tratamento eficaz. Os métodos de diagnóstico podem ainda incluir exames cardíacos especializados e métodos de imagem, para identificar a Tetralogia de Fallot. Dra. Claudia alerta que após o diagnóstico a criança deve ser acompanhada pelo cardiologista pediátrico.
Tratamento da Tetralogia de Fallot
O tratamento da Tetralogia de Fallot envolve intervenção cirúrgica realizada normalmente por volta dos 6 meses de vida para corrigir os defeitos cardíacos e melhorar a circulação sanguínea.
“Em alguns casos, dependendo da gravidade da obstrução ao fluxo pulmonar, é necessária a realização de cirurgia paliativa precoce ou cateterismo com objetivo de melhorar a oxigenação sanguínea até o momento adequado para a indicação da cirurgia corretiva. A cirurgia corretiva apresenta taxa de sobrevida de aproximadamente 95%”, garante a especialista.
Após a cirurgia, é muito importante realizar acompanhamento médico regular para monitorar a saúde cardíaca e garantir que não haja complicações em longo prazo. Na maioria dos casos, as crianças que passam por cirurgia para corrigir a Tetralogia de Fallot podem levar vida saudável e ativa com o devido acompanhamento médico.
“A criança não tratada evolui com falta de oxigenação do sangue, prejuízo do desenvolvimento ponderal e estatural, além de déficit neurológico. Nos casos graves há risco de óbito no primeiro ano de vida”, informa a especialista.
Se você teve o diagnóstico durante o pré-natal ou notou algum dos sintomas citados neste texto no seu filho, agende uma consulta com um dos nossos cardiologistas.