Hipertrofia ventricular esquerda: o que é, fatores de risco, sintomas e como tratar?
Entenda a hipertrofia ventricular esquerda, suas causas, sintomas e opções de tratamento. Descubra os fatores de risco e saiba como lidar com essa condição cardíaca
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A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) é uma condição cardíaca em que o músculo da principal câmara de bombeamento do coração torna-se anormalmente espesso e sobrecarregado. Essa condição pode representar um risco sério para a saúde cardiovascular e requer atenção médica adequada.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a hipertrofia ventricular esquerda está correlacionada ao aumento da probabilidade de desenvolver insuficiência cardíaca, arritmias ventriculares, problemas vasculares periféricos, dilatação da aorta, eventos cerebrovasculares e ocorrência de morte súbita, especialmente durante atividade física.
A hipertrofia ventricular esquerda exige atenção médica e diagnóstico precoce. O controle dos fatores de risco e o tratamento adequado podem ajudar a gerenciar essa condição e reduzir o risco de complicações cardíacas graves. Outro aspecto importante é que mesmo em pessoas que não tenham sintomas, pode haver o risco da morte súbita, e o conhecimento prévio da doença permite ao médico traçar estratégias de prevenção.
Neste artigo, exploraremos o que é a hipertrofia ventricular esquerda, seus fatores de risco, sintomas e opções de tratamento. Continue lendo e confira.
O que é hipertrofia ventricular esquerda?
A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) ocorre quando o músculo do ventrículo esquerdo se espessa mais que o normal em resposta a sobrecargas crônicas, como hipertensão arterial (pressão alta) não controlada, doença das valvas cardíacas, doença genética ou outros fatores.
De acordo com o Dr. Antonio Fatorelli, especialista em insuficiência cardíaca e transplante, integrante do Programa de Insuficiência Cardíaca e Transplante da Rede D’Or, isso pode dificultar a função do coração, pois ele passa a ter dificuldade para bombear sangue para o corpo.
O coração possui quatro câmaras, sendo as superiores os átrios (que recebem o sangue) e as inferiores os ventrículos, responsáveis receber e bombear o fluxo de sangue continuamente.
O ventrículo esquerdo é responsável por bombear o sangue rico em oxigênio para o corpo, enquanto o ventrículo direito bombeia o sangue pobre em oxigênio para os pulmões. Quando a câmara do ventrículo esquerdo sofre uma sobrecarga crônica de trabalho ou pressão, o músculo cardíaco responde se tornando mais espesso para lidar com a carga adicional. Além disso, determinadas doenças genéticas também podem ocasionar essa hipertrofia em jovens até então saudáveis.
Fatores de risco da hipertrofia ventricular esquerda
A HVE pode surgir devido a diversas causas e influências. Ela pode ser classificada como fisiológica, quando ocorre durante o crescimento normal, gestação e em resposta a exercícios físicos intensos, ou como patológica, quando se desenvolve em resposta a doenças que demandam um aumento anormal do trabalho do ventrículo esquerdo.
Segundo Dr. Fatorelli, alguns fatores de risco mais comuns da hipertrofia ventricular esquerda são:
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Hipertensão arterial (pressão alta):
“A pressão arterial elevada força o ventrículo esquerdo a trabalhar mais para bombear o sangue para o corpo, levando ao aumento do músculo do ventrículo”, explica.
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Doenças cardíacas:
“Algumas condições cardíacas, como valvopatias ou cardiomiopatias, podem levar a um aumento do músculo do ventrículo esquerdo”, aponta explicando que as cardiomiopatias, por exemplo, costumam ter como causa mutações genéticas, que podem ser espontâneas (adquiridas) ou genéticas.
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Atividade física intensa:
“Em alguns casos, atletas de altíssimo rendimento podem desenvolver HVE devido ao treinamento intenso e prolongado. Através da avaliação médica minuciosa por meio da anamnese, exame físico e métodos complementares, é possível estabelecer o diagnóstico diferencial entre a doença HVE e a hipertrofia do exercício”, destaca.
nestes casos, o médico irá avaliar se são necessárias ou não modificações na intensidade do treino.
Sinais da hipertrofia ventricular esquerda
“A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) muitas vezes pode ser assintomática em seus estágios iniciais. Isso significa que uma pessoa pode não sentir nenhum sintoma mesmo que tenha desenvolvido HVE. No entanto, à medida que a condição progride, podem ocorrer alguns sinais e sintomas”, explica Dr. Fatorelli.
O especialista elenca alguns principais sinais da hipertrofia ventricular esquerda:
- Fadiga: de acordo com o Dr. Fatorelli, a pessoa pode se sentir cansada com mais facilidade, especialmente durante a prática de atividade física.
- Falta de ar: Dr. Fatorelli destaca que a dispneia (falta de ar) é um sintoma comum, especialmente durante o exercício ou mesmo em repouso em estágios avançados.
- Dor no peito: “a dor no peito ou desconforto no peito podem ocorrer, especialmente durante o exercício ou em situações de estresse”, destaca.
- Palpitações: sensação de batimentos cardíacos rápidos, irregulares ou fortes.
- Tontura ou desmaio: pode ocorrer em estágios de HVE avançados, quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para o corpo.
- Inchaço: edema, especialmente nas pernas e tornozelos, pode ser um sinal de insuficiência cardíaca associada à HVE.
- Batimento cardíaco irregular: arritmias cardíacas podem estar presentes.
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“Esses sintomas não são específicos para HVE e podem ser causados por outras condições cardíacas ou de saúde. Se você suspeitar que tem HVE ou estiver experimentando sintomas relacionados ao coração, é fundamental consultar um médico para um diagnóstico preciso”, complementa.
Como a hipertrofia ventricular esquerda é diagnosticada?
Um diagnóstico preciso de HVE requer avaliação médica. De acordo com o Dr. Fatorelli, os exames comuns para o diagnóstico da hipertrofia ventricular esquerda envolvem uma combinação de exames clínicos e testes de imagem, como ecocardiograma, eletrocardiograma (ECG) e ressonância magnética cardíaca. Esses testes ajudam a determinar a gravidade da hipertrofia e a identificar a causa subjacente.
Segundo o especialista, alguns dos principais métodos usados para diagnosticar a HVE são:
- Exame clínico: nesse método, o médico irá realizar uma avaliação médica completa, incluindo a coleta de informações sobre os sintomas, histórico médico pessoal e familiar, bem como fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão arterial.
- Eletrocardiograma (ECG): um ECG é um exame que registra a atividade elétrica do coração. Alterações nos padrões do ECG, como aumento do tamanho das ondas ventriculares, podem indicar HVE.
- Ecocardiograma: o ecocardiograma é um dos exames mais importantes para o diagnóstico da HVE. “Esse exame utiliza ultrassom para criar imagens em tempo real do coração. Ele permite que o especialista avalie o tamanho das câmaras cardíacas, a espessura das paredes do ventrículo esquerdo e a função do coração. O ecocardiograma pode confirmar a presença de HVE e fornecer informações detalhadas sobre a gravidade”, explica Dr. Fatorelli.
- Ressonância magnética cardíaca (RMC): a ressonância magnética é outro método de imagem que pode fornecer informações detalhadas sobre a estrutura e a função do coração, incluindo a espessura das paredes do ventrículo esquerdo. “Esse exame é especialmente útil quando o ecocardiograma não fornece resultados claros”, atesta.
- Testes de esforço: em alguns casos, o médico pode realizar um teste de esforço para avaliar a resposta do coração ao exercício.
- Biomarcadores cardíacos: em casos graves, quando a HVE leva à insuficiência cardíaca, os níveis de biomarcadores cardíacos podem estar elevados e serem avaliados por meio de exames de sangue.
“O diagnóstico da HVE é geralmente baseado em uma combinação dos métodos acima. O tratamento e o acompanhamento da HVE dependerão da gravidade da condição e das necessidades individuais do paciente. Portanto, é fundamental que qualquer pessoa com suspeita de HVE busque orientação médica adequada”, reforça.
Como é o tratamento da hipertrofia ventricular esquerda?
O tratamento da hipertrofia ventricular esquerda depende da causa subjacente e da gravidade dos sintomas. Segundo o Dr. Fatorelli, o objetivo é reduzir a espessura do músculo do ventrículo esquerdo, reduzir o risco de arritmias, melhorar a função cardíaca e prevenir complicações.
Confira algumas abordagens comuns de tratamento para a hipertrofia ventricular esquerda:
- Controle da pressão arterial;
- Uso de medicamentos prescritos pelo médico;
- Anticoagulantes;
- Correção de valvopatias;
- Monitoramento contínuo;
- Estilo de vida saudável;
- Tratamento de comorbidades;
- Marcapasso;
- Cirurgia cardíaca.
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“A HVE é uma condição que requer monitoramento em longo prazo e cuidados médicos contínuos, portanto, é essencial seguir as orientações do médico e comparecer às consultas de acompanhamento regularmente para garantir o controle adequado da condição e a prevenção de complicações”, conclui.
Se você suspeita de que possui HVE ou tem fatores de risco para desenvolvê-la, faça seu check-up regularmente e siga as orientações médicas para prevenir ou gerenciar essa condição.
Agende uma consulta com um especialista da Rede D’Or.