CB (EF) Jhack
O Cabo (EF) Jhack Ferreira Sena, amazonense de Autazes, e indígena da etnia Mura, tribo que ocupa áreas no complexo hídrico dos rios Madeira, Amazonas e Purus, serve à Marinha do Brasil (MB) há seis anos, dos quais mais de um na Policlínica Naval de Manaus, na área de emergência. Passou a fazer parte da MB em 2014, um ano após ter visto uma notícia de ingresso nas Forças Armadas na TV da escola em que cursava o Ensino Médio. Ele já atuou na Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental por cinco anos, onde concluiu a especialidade de enfermagem; trabalhou em missões de Assistência Médico-Hospitalar no Navio de Assistência Hospitalar “Soares de Meirelles”, no apoio à saúde no Navio Hidroceanográfico Fluvial “Rio Branco” e, atualmente, está destacado no Navio de Assistência Hospitalar “Doutor Montenegro” para cumprir a missão “Acre 2021”, que apoia famílias ribeirinhas.
Casado com uma indígena da mesma etnia e pai de um menino, Jhack ressalta que ter entrado na Marinha mudou radicalmente sua vida, antes voltada para atividades de subsistência na comunidade do Miuá, na Aldeia Sampaio. “Minha adaptação foi um choque, pois na comunidade só plantava, pescava e caçava, mas ali [no quartel] aprendi coisas novas. Tudo era novo para mim”.
“Olhando aquelas crianças, me enxergava nelas. Fiquei muito feliz, sabendo que prestaria assistência aos meus irmãos”
Ele destaca, ainda, sua atuação em missão com o Ministério da Defesa de apoio aos indígenas “Yanomami-Raposa Serra do Sol”, por seu valor cultural e familiar, já que o militar tem origem indígena e, quando pequeno, acompanhava esse serviço realizado pela MB na região.
“Quando recebi o convite de apoio à missão indígena ‘Yanomami-Raposa Serra do Sol’, passaram várias coisas na minha cabeça. Olhando aquelas crianças, me enxergava nelas. Fiquei muito feliz sabendo que prestaria assistência aos meus irmãos, pois quando eu era pequeno, vivia na minha comunidade/ tribo, que tem poucos recursos de saúde. Me senti grato por estar levando medicamentos e, principalmente, fazendo testes de Covid-19.”
A missão “Yanomami-Raposa Serra do Sol” levou assistência de saúde para indígenas que vivem em áreas de difícil acesso em Roraima. Para o Cabo Jhack, esse trabalho ficará “marcado” em sua vida.
“É muito gratificante poder prestar atendimento a todos os parentes, oriundos de várias etnias. A cada teste de Covid-19 negativo eu comemorava com eles. As crianças são as que mais me tocam e me fazem refletir, entender que não estou atuando em uma ação humanitária simplesmente por vaidade. Precisei ter muita dedicação, compreensão, responsabilidade para poder recebê-los e para que eles se sentissem acolhidos”.