Capitão de Corveta (AFN) Braga
A história do Capitão de Corveta (AFN) Ronaldo Cesar Braga da Silva com a Marinha – “dividida em duas partes” - teve início em 1989, na conclusão do Ensino Médio em Manaus (AM). A intenção era retornar ao seu município de origem, Codajás (AM), porém, seu destino estava prestes a mudar, após encontrar um ex-aluno de sua escola vestido com uniforme bege. Impressionado, perguntou de onde era aquela farda: “Não adianta você saber, nunca conseguirá ser um Fuzileiro Naval”, respondeu o rapaz.
Para o Comandante Braga, a resposta serviu como incentivo e, então, decidiu se inscrever no certame, sendo aprovado em primeiro lugar no concurso regional para o Curso de Formação de Soldado Fuzileiro Naval. Assim que concluiu o Ensino Médio, voltou ao município onde nasceu para contar a conquista a sua mãe, que ele chama de “heroína”, pois, ao se tornar viúva precocemente, teve que sustentar cinco filhos trabalhando das 4h00 da manhã até a exaustão lhe fazer dormir.
Depois da formação, foi para o Rio de Janeiro fazer a primeira parte do curso de Especialização em Aviação, ficando longe, pela primeira vez, de seu estado, da esposa Lilia e do filho Derick. “Não havia uma só noite na qual eu não pensasse em desistir e voltar para o Amazonas”, destacou. Foi na segunda parte desse curso, que ele conseguiu levar a família para perto, em São Pedro d’Aldeia (RJ), onde chegou como Soldado (FN) e saiu 2º Tenente do Quadro Auxiliar do Corpo de Fuzileiros Navais.
A primeira organização militar como Oficial foi o Batalhão Logístico no Rio de Janeiro, onde recebeu a notícia de que seria movimentado para o Comando do 9º Distrito Naval. Estava indo servir em Manaus (AM), depois de quase 16 anos longe de casa.
A “segunda parte da história” ocorreu quando ele passou por uma cirurgia de emergência, e, para se recuperar plenamente, foi designado a ser Encarregado da Escola de Formação de Reservistas Navais, nas antigas instalações da Escola de Recrutas, onde iniciou a carreira. “Minha primeira impressão era a de que isso me manteria longe das minhas aspirações de comandar uma fração constituída de Fuzileiros Navais. Mas o que era uma frustração tornou-se motivo de orgulho pessoal e profissional, pois contribuiria na formação de jovens de perfis socioeconômicos muito semelhantes ao meu, quando entrei na Marinha”, explicou.
Ao retornar para Manaus, conduziu atividades do Programa Forças no Esporte, apoiando mais de 200 crianças em risco social. “Eu me emociono ao recordar de uma criança que usava um relógio para simular uma tornozeleira eletrônica, cena comum onde ela morava. Com o tempo, ela deixou de utilizar e, ao ser perguntada por que, simplesmente respondeu que no Batalhão ninguém usava e que queria ser igual às pessoas de lá”, lembrou.
Passados mais de trinta anos de carreira, o Comandante Braga destaca que a palavra gratidão sintetiza sua vida: “Parafraseando nosso Patrono Almirante Tamandaré, afirmo que sou Fuzileiro Naval e outra coisa não quero ser”.