Voo VASP 141
Voo VASP 141 | |
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Vickers Viscount 701 da VASP, similar ao avião destruído. | |
Sumário | |
Data | 4 de setembro de 1964 |
Causa | Colisão com o solo em voo controlado (CFIT) |
Local | Pico da Caledônia, Rio de Janeiro |
Origem | Aeroporto Internacional do Recife, Recife |
Escala | Aeroporto Internacional de Aracaju, Aracaju,
Aeroporto Internacional de Salvador, Salvador, Aeroporto de Goiabeiras, Vitória e Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro |
Destino | Aeroporto de Congonhas, São Paulo |
Passageiros | 34 |
Tripulantes | 5 |
Mortos | 39 |
Feridos | nenhum |
Sobreviventes | nenhum |
Aeronave | |
Modelo | Vickers Viscount 701 |
Operador | Vasp |
Prefixo | PP-SRR |
Primeiro voo | 1955 |
O voo VASP 141 foi um voo regular da empresa Viação Aérea São Paulo (VASP) e ligava Recife a São Paulo, através de escalas em Aracaju, Salvador, Vitória e Rio de Janeiro. No dia 4 de setembro de 1964, um avião Vickers Viscount realizando essa rota chocou-se com o Pico da Caledônia, matando todos os seus 39 ocupantes.[1]
Aeronave
[editar | editar código-fonte]Após a aquisição do Lóide Aéreo Nacional, a VASP passaria a voar para 75 cidades de 22 estados e o Distrito Federal. A frota do Lóide era composta por 47 aeronaves à pistão sendo 33 Curtiss C-46 Commando, 10 Douglas DC-4 e 4 Douglas DC-6. A maior parte dessa frota era antiga e precisava ser substituída. Além disso, a VASP tinha naquele momento uma frota composta por 7 tipos de aeronaves, o que encarecia a manutenção.[2]
Para substituir parte dessa frota, a empresa paulista iria adquirir 10 Vickers Viscount 701, operados desde 1955 pela empresa britânica BEA. Essas aeronaves seriam registradas como PP-SRI,PP-SRJ, PP-SRL, PP-SRM, PP-SRN, PP-SRO, PP-SRP, PP-SRQ, PP-SRR e PP-SRS e se juntariam aos 5 Viscount modelo 800 adquiridos em 1958. O Viscount operaria na VASP até 1969 quando seria retirado de serviço.[3]
O avião destruído no Voo 141 tinha sido fabricado em 1955 pela Vickers-Armstrongs (número de construção 66[4]) e seria entregue a British European Airways (BEA) em 24 de maio de 1955. Após sete anos de operação,a aeronave seria vendida para a VASP, onde chegaria no dia 25 de junho de 1963, tendo sido registrado como PP-SRR. Até a época do acidente possuía 17165 horas de voo.[2]
Acidente
[editar | editar código-fonte]Ao decolar do aeroporto dos Guararapes, Recife, na manhã de 4 de setembro de 1964, o Vickers Vicount 701C, prefixo PP-SRR iniciou o voo VASP 141 Recife - São Paulo, com escalas em Aracaju, Salvador, Vitória e Rio de Janeiro, transportando 34 passageiros e 5 tripulantes. Após um voo sem ocorrências entre Recife, Aracaju e Salvador, a tripulação do Viscount solicitou mudança de altitude na aerovia V1, nas proximidades de Caravelas, Bahia, de 13 mil pés para 6 mil pés, sem explicar o porque dessa mudança. Porém a mesma não foi efetuada por conta de problemas de comunicação entre o controle de voo de Salvador e a aeronave, que prosseguiria por 13 mil pés até as proximidades de Vitória.[5].
Depois do pouso em Vitória, a aeronave foi revisada e preparada para a próxima escala no Rio de Janeiro. Após a decolagem, o Viscount se elevou a 6 mil pés e continuou seguindo pela aerovia V1, onde deveria bloquear os radiofaróis de Campos, Macaé e Rio Bonito até chegar a área do Controle de Aproximação do Rio onde bloquearia o último radiofarol (Quebec), localizado na Ilha dos Ferros para então iniciar os procedimentos de pouso no aeroporto Santos Dumont.[5].
Por motivos ignorados, o Viscount se afastou cerca de 43 quilômetros da aerovia V1 e sobrevoou Nova Friburgo ao invés de Rio Bonito, onde por volta das 16h34 min se chocou contra o lado oeste do Pico da Caledônia. O choque violento desintegrou o Viscount e matou todos os seus ocupantes de forma instantânea. O acidente foi comunicado às autoridades várias horas depois, de forma que, as primeiras equipes de resgate chegaram aos local dos destroços na madrugada do dia 5.[5]. Ao chegarem ao local já encontraram sinais de saqueamento[6]. A violência do impacto do Viscount com o pico da Caledônia foi tamanha, que apenas oito corpos puderam ser recolhidos inteiros, embora estivessem bastante mutilados. enquanto que dos demais foram encontrados apenas pedaços não identificados.[5].
Consequências
[editar | editar código-fonte]O inquérito sobre o acidente foi prejudicado pelo estado dos destroços, de forma que a causa do acidente nunca foi descoberta. A comissão investigadora chegou apenas à seguinte conclusão sobre o acidente: Colisão com obstáculo localizado 35 km da direita da rota por razões indeterminadas. [5].
Desde a sua chegada ao país, o Viscount sofria problemas para se adaptar ao clima local. Por conta disso, seu rádio-compasso (ADF) sofria panes frequentes que poderiam comprometer a navegação e a segurança de voo. Outro indício de que havia um problema de ordem técnica no Viscount foi o fato da tripulação optar por voar a 6 mil pés entre Vitória e o Rio de Janeiro ao invés dos habituais 12 mil pés. O Viscount era uma aeronave pressurizada e podia voar até o teto de 25 mil pés, acima das nuvens. No caso de problemas de pressurização, a aeronave voaria a 6 mil pés para evitar turbulência, desviando-se da rota original. Por conta do mau tempo enfrentado, poderia ter confundido Nova Friburgo com Rio Bonito. No entanto, na falta de evidências (por conta do violento impacto que destruiu completamente a aeronave), essas hipóteses nunca puderam ser confirmadas.[5].
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da; O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes; Porto Alegre Editora EDIPUCRS, 2008, pp 243-248.
Referências
- ↑ «Avião cai na serra dos órgãos com 39». Jornal do Brasil, Ano LXXIV, número 210, página 1. 5 de setembro de 1964. Consultado em 2 de janeiro de 2013
- ↑ a b Os Viscount da VASP: pioneiros turboélices no Brasil - Blog cultura aeronaútica ,7 de fevereiro de 2011 (culturaaeronautica.blogspot.com.br/2011/02/os-viscount-da-vasp-pioneiros.html), acessado em 2 de janeiro de 2013
- ↑ «Frota VASP». FS Aviation. Consultado em 2 de janeiro de 2013
- ↑ «Accident description». Aviation Safety Network. Consultado em 2 de janeiro de 2013
- ↑ a b c d e f SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da (2008). O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes. [S.l.]: Editora EDIPUCRS, Porto Alegre. pp. 243–248. ISBN 978-85-7430-760-2
- ↑ «Equipes da FAB recolhem os mortos do Viscount em Friburgo». Jornal do Brasil, Ano LXXIV, edição 211, página 13. 6 de setembro de 1964. Consultado em 2 de janeiro de 2013