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Por AFP — Kiev

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GERADO EM: 25/12/2024 - 08:02

Ataque russo à rede elétrica da Ucrânia: Putin intensifica ações no inverno

A Rússia lançou mais de 70 mísseis e 100 drones contra a rede elétrica da Ucrânia no Natal, causando uma morte e seis feridos. Zelensky denunciou o ataque como desumano. A Romênia não detectou mísseis em seu espaço aéreo. O ataque é o 13º ao sistema de energia este ano. Putin intensifica ataques enquanto a Ucrânia enfrenta inverno rigoroso.

A Rússia lançou um ataque “desumano” contra a infraestrutura de energia da Ucrânia no dia de Natal, com explosões registradas em todo o país, afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta quarta-feira. É a décima terceira vez neste ano que Moscou realiza um grande ataque contra centrais elétricas ucranianas, deixando mais de um milhão de pessoas às escuras e sem calefação durante o inverno mais rigoroso em quase três anos de guerra.

Pelo menos uma pessoa foi morta na região oriental de Dnipro, e seis ficaram feridas em Kharkiv, a menos de 32 km da fronteira com a Rússia, informou a Polícia Nacional da Ucrânia, acrescentando que edifícios residenciais e infraestrutura civil foram danificados no ataque. Pelo menos sete ataques com mísseis atingiram a cidade, disse o governador regional, Oleh Syniehubov.

De acordo com Zelensky, a Rússia disparou mais de 70 mísseis e mais de 100 drones explosivos contra o sistema de energia da Ucrânia nesta quarta-feira. Os alarmes de ataque aéreo soaram no território ucraniano às 5h30 (horário local). Pouco tempo depois, a Força Aérea informou que a Rússia havia lançado mísseis de cruzeiro kalibr do Mar Negro.

— Putin escolheu deliberadamente o dia de Natal para atacar. O que poderia ser mais desumano? Mais de 70 mísseis, incluindo mísseis balísticos, e mais de 100 drones de ataque. O alvo é nosso sistema de energia — afirmou Zelensky.

Ainda segundo o líder ucraniano, “mais de 50 mísseis” e alguns dos drones foram abatidos, mas outros ataques causaram quedas de energia em várias regiões do país. De acordo com a empresa de energia ucraniana DTEK, o ataque danificou gravemente os equipamentos de suas usinas térmicas.

“Privar milhões de pessoas pacíficas que comemoram o Natal de luz e calor é um ato depravado e maligno que deve ser combatido”, disse o diretor geral da DTEK, Maxim Timchenko, na rede social X, que pediu aos aliados de Kiev mais recursos de defesa aérea.

O chefe diplomático ucraniano, Andrii Sibiga, disse que um míssil russo “passou pelo espaço aéreo da Moldávia e da Romênia, o que é um lembrete de que a Rússia não ameaça apenas a Ucrânia”. A Romênia, no entanto, afirmou não ter detectado nenhum míssil em seu espaço aéreo.

O ataque russo é o décimo terceiro bombardeio em grande escala ao sistema de energia ucraniano este ano, o último da campanha de inverno da Rússia contra a rede. No final de novembro, mais de 1 milhão de pessoas ficaram sem energia na Ucrânia, após Moscou lançar um ataque aéreo noturno em larga escala contra instalações críticas de transmissão de eletricidade ligadas a usinas nucleares. Foi o terceiro ataque desse tipo num intervalo de aproximadamente três meses, intensificando as preocupações entre especialistas sobre a possibilidade de um desastre nuclear.

— A manhã de Natal prova mais uma vez que nada é sagrado para o país agressor — afirmou Svitlana Onishchuk, governador da região de Ivano-Frankivsk, que está parcialmente sem eletricidade.

Cortes de energia

Na região central de Poltava, as autoridades relataram danos à infraestrutura. A empresa nacional de eletricidade, Ukrenergo, anunciou posteriormente restrições de fornecimento.

“O inimigo está mais uma vez realizando um ataque maciço ao setor de energia”, escreveu o ministro da Energia da Ucrânia, German Galushchenko, no Telegram, acrescentando que as autoridades estão tomando "as medidas necessárias para limitar o consumo a fim de minimizar as consequências negativas para o sistema".

Esses ataques ocorrem no dia em que a Ucrânia comemora o Natal em 25 de dezembro pela segunda vez em sua história moderna, como nos países ocidentais, e não em 7 de janeiro, como no calendário juliano da Igreja Ortodoxa Russa. Essa mudança na data do Natal foi oficializada no verão de 2023 por uma lei promulgada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, depois que a recém-criada Igreja Ortodoxa da Ucrânia rompeu com a Igreja Ortodoxa da Rússia devido à anexação da Crimeia por Moscou em 2014 e ao seu apoio aos separatistas no leste do país.

A Ucrânia está enfrentando seu inverno mais rigoroso em quase três anos de guerra com a Rússia, que intensificou seus bombardeios à medida que suas tropas terrestres avançam no leste. Desde o início da guerra em fevereiro de 2022, a Rússia danificou gravemente a rede elétrica da Ucrânia com bombardeios que causam apagões frequentes.

Os ataques russos a centrais elétricas ucranianas repercutiram durante a cúpula de líderes do G20 no Rio, realizada entre os dias 18 e 19 de novembro com a presença do chanceler russo, Serguei Lavrov. Um dos pontos mais complicados da declaração final era a referência à guerra entre Rússia e Ucrânia — um debate que se intensificou após os pesados bombardeios russos na véspera. Ao final, acordou-se que a palavra "infraestrutura" deveria ser acrescentada no ponto 7.

O texto final, nesse ponto, afirma que "todas as partes devem cumprir com suas obrigações sob o direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário e o direito internacional dos direitos humanos, e a este respeito condenamos todos os ataques contra civis e infraestrutura", mas sem mencionar diretamente a Rússia.

No último domingo, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu ainda mais “destruição” à Ucrânia após um ataque de drones a prédios residenciais na cidade russa de Kazan, localizada a 1.000 quilômetros da fronteira com a Ucrânia.

As forças russas abateram 59 drones ucranianos durante a noite de terça-feira, disse o Ministério da Defesa da Rússia. Os destroços dos drones derrubados danificaram uma linha de energia e causaram danos materiais leves a várias casas na região de Voronezh, segundo as autoridades locais.

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