'Artista de sangue humano' e 'colecionador de esquisitices': quem é o 'Diabão' condenado por comprar cadáveres nos EUA
Jeremy Lee Pauley comprou pele humana e pedaços de cadáveres que foram roubados do necrotério da Escola de Medicina da Universidade de Harvard e de um necrotério no estado de Arkansas
Por O Globo — Rio de Janeiro
Um homem autodenominado “artista de sangue humano” foi condenado, nesta terça-feira, a dois anos de liberdade condicional por comprar e vender partes de cadáveres, na Pensilvânia, nos Estados Unidos. De acordo com a investigação, o americano Jeremy Lee Pauley foi acusado de abuso de cadáver, recebimento de bens roubados e negociação de rendimentos de atividades ilegais, além de ter um pedaço de carne humana em sua coleção de itens bizarros.
Uma investigação determinou que Pauley estava supostamente comprando partes de corpo humano de uma mulher no Arkansas, identificada como Candace Scott. Os corpos – alguns pertencentes a crianças – haviam sido roubados da Escola de Medicina de Harvard e de um necrotério do Arkansas, disseram policiais.
A Universidade de Ciências Médicas do Arkansas em Little Rock afirma que as partes dos corpos deveriam ser doadas, mas em vez disso foram roubadas dos Serviços Mortuários Centrais do Arkansas por uma funcionária.
No total, seis pessoas foram processadas pelo comércio de pele e partes de corpos humanos na Justiça Federal da Pensilvânia. Em setembro do ano passado, Pauley se declarou culpado e admitiu que fazia parte de um grupo que comprava e vendia partes de corpos humanos roubados.
De acordo com a polícia, os restos mortais estavam sendo vendidos por Pauley no Facebook. Em uma página com seu nome, ele postou fotos de bolsas e pilhas de fêmures, vértebras, clavículas, costelas e dentes humanos à venda. Ele foi preso em 22 de julho do ano passado e libertado sob fiança de R$ 250 mil (US$ 50 mil).
Após uma segunda denúncia sobre restos mortais mais recentes na casa de Pauley, os investigadores voltaram à residência. A polícia encontrou três baldes de cinco galões contendo diversas partes do corpo, incluindo dois cérebros, pele e gordura humana, um coração, um rim, fígado, pulmões, uma traqueia e uma mandíbula de criança com dentes. Posteriormente, pacotes com partes de corpos, endereçados a Pauley e enviados pela mulher do Arkansas, foram interceptados.
Em depoimento, ele disse que pretendia revender as partes do corpo. Os investigadores alegam que Pauley pagou R$ 20 mil pelas partes do corpo – incluindo meia cabeça humana, por meio do Facebook. Os padrões da comunidade da rede social proíbem a exploração humana e a venda de partes do corpo por meio de suas políticas comerciais e políticas de publicidade.
Museu com restos mortais
Jeremy Lee Pauley se define como um artista de modificação corporal, cujo rosto está coberto de tatuagens, complementadas por implantes de metal na cabeça para imitar chifres, aparência que deu origem ao seu apelido.
Em um site que leva seu nome, ele afirma ser "especialista em preservação de espécimes médicos e curador de vestígios e artefatos históricos". Pauley afirma ter um museu, o The Memento Mori, e um instituto para trabalhos restaurativos e criativos, o Pauley Institute of Preservation. Em seus projetos, ele alega produzir ferramentas educacionais através do recondicionamento de restos mortais médicos "por meio de plastinação, fundição por corrosão, montagens anatômicas e todos os tipos de procedimentos de preservação e restauração".
Pauley, que se descreveu à polícia como um colecionador de “esquisitices”, disse que os restos mortais foram comprados legalmente quando contactado pela primeira vez pelas autoridades, de acordo com um depoimento policial. Os policiais inicialmente encontraram o que descreveram como restos humanos mais antigos, incluindo esqueletos completos que determinaram terem sido obtidos legalmente.
Em artigo publicado em 2014 no site Dread Central, Pauley falou sobre a criação de obras de arte usando sangue humano, que ele disse estar recebendo de “doadores voluntários”, incluindo sua então esposa e amigos. Em 2015, Pauley foi contratado pela estrela de “Texas Chainsaw Massacre 3D” Dan Yeager para pintar com sangue um retrato de Freddie Krueger.