No dia 18 de setembro de 2006, entrava no ar o g1, o portal de notícias da Globo. Com ele, a empresa entrava de cabeça no jornalismo digital. O projeto integrava conhecimento e estrutura do Jornalismo da Globo, liderado na ocasião por Carlos Henrique Schroder, e da Globo.com, e vinha sendo gestado desde o início daquele ano. Com uma equipe que reunia profissionais experientes da televisão e jovens já formados pela cultura digital, em poucos anos o g1 se tornaria líder de seu segmento e sinônimo de notícia na internet. De perfil claramente noticioso, o portal também conta com espaço para blogs e colunas e investe na produção de diferentes formatos, como vídeos exclusivos e podcasts.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Webdoc sobre os 15 anos do g1, com depoimentos exclusivos ao Memória Globo
Diretor de redação: Renato Franzini | Head de produtos digitais de news: Thaisa Coelho | Editora-chefe: Cláudia Croitor | Editor-executivo: Marcílio Kimura | Gerente de produção: Athos Sampaio | Gerente de produto: Lucas Herdy | Estreia: 18/09/2006 | Plataforma: portal de internet
HISTÓRIA
No dia 18 de setembro de 2006, entra no ar o g1, site de notícias da Globo. O projeto vinha em curso desde o início do ano, liderado pelo então diretor da Central Globo de Jornalismo, Carlos Henrique Schroder. A internet no Brasil era incipiente, com conexões lentas e abrangência limitada, e o mercado de jornalismo digital ficava restrito a poucos sites de jornais impressos e alguns portais que não tinham o jornalismo como sua missão principal. Para operacionalizar o projeto, foi criada uma estrutura híbrida que contava com profissionais, conhecimento e infraestrutura tanto do jornalismo da TV Globo quanto da Globo.com – empresa criada em 2000 pelas chamadas Organizações Globo para o provimento de serviços e conteúdo na internet e à época dirigida por Juarez Queiroz.
O g1 foi a primeira iniciativa de conteúdo jornalístico da Globo criada e pensada para o digital. Embora os telejornais e programas da Globo possuíssem, em sua maioria, endereços na internet, suas equipes não eram dedicadas à produção de informação exclusiva. A Globo.com, por outro lado, já tinha investido na criação de alguns sites jornalísticos – como a rápida experiência do GloboNews.com.br, em 2001, que reunia material de diversos veículos das OGs, entre impressos, eletrônicos e audiovisuais; o Globoesporte.com, criado em 2005 para conteúdo esportivo produzido pela TV Globo e Globosat; e o Ego, lançado no ano seguinte para cobertura da vida de celebridades –, mas nenhum deles estruturado com uma redação própria inteiramente dedicada à cobertura noticiosa, em tempo integral. Com o g1, a Globo entra de cabeça no jornalismo digital.
Schroder encarregou ao jornalista Álvaro Pereira Jr, então no Fantástico, a tarefa de formar a equipe e estabelecer o perfil editorial do site. O recrutamento dos profissionais que comporiam a primeira equipe do g1 levou em conta o equilíbrio entre a necessidade de criar uma nova cultura digital e a garantia dos valores e da qualidade do jornalismo da Globo. Álvaro, como primeiro diretor do g1, trouxe Márcia Menezes, editora-chefe do Jornal da Dez, da GloboNews, e Renato Franzini, jornalista com experiência em internet e passagens pela Folha de S. Paulo e Uol, para aturem como editora-chefe e editor-executivo e formarem, com ele, o núcleo decisório.
Uma das primeiras decisões tomadas foi montar a redação principal em São Paulo. O local escolhido foi um prédio na Alameda Santos, onde, em 2007, seria construída a antena digital da Globo. Márcia Menezes ficaria no Rio de Janeiro, em uma redação alocada fora da estrutura do Jornalismo. O coordenador da editoria local seria o jornalista Carlos Peixoto. Em São Paulo, além da redação principal, uma equipe voltada à cobertura local, sob liderança de David Butter, ficou na sede do Jornalismo, na Av. Luís Carlos Berrini. Foi criado, ainda, um núcleo do g1 na capital federal, coordenado por Joana Studart. Além desses, dezenas de profissionais foram escalados no mercado, muitos com atuação em jornalismo digital, compondo uma redação diversa e, em grande parte, jovem. A internet era, afinal, uma novidade.
O formato inicial do g1 se aproximava de um jornal impresso. Era dividido em editorias, tendo a home como eixo central, uma espécie de primeira página. Tinha um perfil noticioso, mas oferecia alguns diferenciais, como um time de colunistas diverso, foco na cobertura cultural e uso de vídeos, tendo em vista agilidade, credibilidade e relevância. Além disso, o g1 foi planejado já como portal, dando espaço para links de outros sites jornalísticos das OGs. De sua página inicial, era possível navegar para os sites dos telejornais da Globo, dos veículos do Sistema Globo de Rádio e da Infoglobo.
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Ajustes antes da estreia
William Bonner anuncia o lançamento do portal de notícias g1. Jornal Nacional, 18/09/2006
Até o final de julho de 2006, a maior parte da equipe do g1 estava contratada, e todas as principais decisões já tinham sido tomadas. O site entrou em operação, nos bastidores, no início de agosto e durante mais de um mês a equipe trabalhou como se estivesse no ar. “A gente chegou a dar furo que ninguém viu”, conta Renato Franzini. Prontos para estrear em meados de agosto, decidiram esperar para promover uma melhoria técnica. O layout do site havia sido desenvolvido para monitores de 800 pixels de largura, mas pesquisas indicavam a tendência de popularização de monitores maiores, com 1024 pixels. A home do g1 foi reformulada, e o portal, finalmente, foi lançado em 18 de setembro. Em uma segunda-feira, sem alarde, ele entrou em rede aberta e ganhou uma chamada na home da Globo.com. À noite, uma matéria do Jornal Nacional anunciava, em cadeia nacional, que o jornalismo da Globo estava na internet.
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No ano seguinte à estreia, com a equipe montada e a máquina rodando a pleno vapor, Álvaro Pereira Jr. voltou ao Fantástico, deixando Márcia Menezes como principal liderança do g1, responsável não apenas pelo conteúdo editorial, mas também pelas decisões de produto. Com o passar do tempo, Paloma Pietrobelli juntou-se à equipe para, como gerente de produto, dividir com Márcia o olhar sobre funcionalidades, necessidades comerciais e novos serviços.
HOME E PAUTA
Em seus primeiros anos no ar, cabia ao núcleo da home o papel de distribuir o conteúdo produzido pelas diferentes editorias e, eventualmente, sugerir pautas. O primeiro editor da home foi o jornalista Marcílio Kimura, egresso do maior portal de notícias do país até então, o Uol. Com o avanço do trabalho, em 2010 foi criado um núcleo de pauta. Sob chefia de Marcílio, a nova área não apenas pautava as equipes, mas seria responsável pela produção de matérias próprias.
Ao lado da home, a pauta passou a ser um dos núcleos fortes da redação do g1. Caberia a ela mediar a relação da home com as editorias, inclusive com as novas editorias locais abertas com a criação da rede de afiliadas.
VISÃO DE INTERNET E PROJETO AFILIADAS
Enquanto o g1 ganhava cada vez mais relevância, a Globo começava a se debruçar na construção de uma visão de internet. Sob liderança de Carlos Henrique Schroder, foi criado um comitê para estudar e desenhar ações que preparassem a empresa para o digital, de forma integrada. Com apoio da consultoria Booz Allen, começou-se a pensar na expansão do g1 aproveitando o modelo e a estrutura da rede de afiliadas da Globo. Para operacionalizar esse processo, foi fundamental o papel da Central Globo de Afiliadas (CGAL).
Reportagem sobre o lançamento do g1 Pernambuco. NETV, 07/10/2011.
Previa-se que, além da equipe da televisão, haveria, em cada praça ou afiliada da Globo, uma pequena redação dedicada ao jornalismo online. Embora esses núcleos respondessem à chefia do jornalismo local, o trabalho cotidiano era feito em total integração com o g1, obedecendo aos critérios editoriais determinados pelo portal.
No dia 13 de agosto de 2010, foi lançado o g1 MG, o projeto-piloto dessa expansão, ligado à emissora da Globo em Belo Horizonte. A primeira afiliada a entrar no ar foi o g1 PR, em 7 de fevereiro de 2011. Daí por diante, seriam criadas outras 50 afiliadas ao redor do Brasil, além de uma redação na Globo do Recife, que foi ao ar em 7 de outubro de 2011. A última afiliada foi g1 Petrolina, lançada em 29 de novembro de 2013.
A criação de cada afiliada era feita em duas etapas. Primeiro, uma equipe da nova redação ia à sede do g1 para uma imersão. Em um dia inteiro de workshops e reuniões, os jornalistas tinham seus primeiros contatos com as especificidades técnicas do trabalho e conheciam seus cuidados editoriais. Marcada a estreia da nova página, representantes do g1 iam para a cidade onde seria inaugurada a afiliada e passavam pelo menos dois dias trabalhando lado a lado com os jornalistas locais. No dia em que o novo site ia ao ar, o telejornal local fazia uma matéria e a página ganhava um link no g1.
O projeto afiliadas deu ao g1 abrangência nacional e permitiu consolidar sua posição de líder em jornalismo online.
Reportagem sobre o lançamento do g1 Ceará. CETV 1ª edição, 03/06/2011
Reportagem sobre o lançamento do g1 Paraná. PRTV 1ª edição, 07/02/2011
INTEGRAÇÃO
Criado em um modelo híbrido, com profissionais e recursos provenientes da televisão e da Globo.com, o g1 passa integralmente à estrutura do Jornalismo da Globo em 2009. Desde a estreia, o portal se beneficiou da integração com a televisão, seja em infraestrutura, no uso de matérias, em iniciativas como a abertura do sinal da GloboNews para a transmissão coberturas importantes – da qual são exemplos o sequestro da menina Eloá, em 2008, e o julgamento do Mensalão, em 2012 – e na realização de alguns projetos especiais. Esse foi o caso das Eleições de 2012, quando o g1 promoveu, experimentalmente, um debate com os candidatos à prefeitura de Niterói, cidade metropolitana no Rio de Janeiro, usando recursos operacionais da televisão.
O grande salto para a integração das duas mídias se deu em 2014, quando a redação do g1 foi transferida para a sede da Globo de São Paulo, na Av. Berrini. O novo espaço foi equipado com tecnologia de ponta e um pequeno estúdio, com switcher, habilitado para realizar gravações próprias e transmissões ao vivo. Isso permitiu a criação de diversos projetos e novos produtos, como o g1 em 1 minuto, em 2015.
No Rio de Janeiro, o núcleo do g1, antes baseado em um espaço fora do complexo principal da emissora, foi integrado à redação do Jornalismo inaugurada em 2017, de onde é transmitido o Jornal Nacional. Esse movimento de aproximação física representava a consolidação de um esforço que vinha sendo empreendido havia alguns anos pelas principais lideranças do Jornalismo da Globo – sob comando de Ali Kamel, diretor-geral de Jornalismo e Esportes desde 2013 – no intuito de integrar recursos, experiências e conhecimento para uma atuação multimídia, cada vez mais ágil.
Ao longo desse período, entradas ao vivo de repórteres do g1 em telejornais e programas da Globo e GloboNews tornaram-se cada vez mais frequentes, assim como a abertura de sinais para a transmissão online de fatos jornalísticos importantes. O maior impacto, contudo, foi no trabalho das equipes. A troca de informações foi radicalizada, dando mais agilidade e segurança na publicação de fatos relevantes.
UMA SÓ GLOBO
Em 2018, o Grupo Globo inicia um processo de transformação, que previa reunir Globo, Globosat, Globo.com, Globoplay e DGCorp, a unidade corporativa do grupo, em uma única empresa, mais eficiente e dinâmica, em que conteúdo e tecnologia operassem de forma integrada. Em 2020, é divulgada a estrutura organizacional da nova empresa, pensada para atuar em um modelo de negócios que chamou de mediatech. Jornalismo, entretenimento e esporte passam a fazer parte de uma diretoria de Conteúdo, que abarca todas as produções dos canais lineares e digitais. Carlos Henrique Schroder, até então diretor-geral da TV Globo, é nomeado líder da nova área. Também é criada uma diretoria de Produtos e Serviços Digitais, responsável por desenvolver e liderar as estratégias de posicionamento e negócios nas plataformas online. Com as transformações promovidas pelo programa Uma Só Globo, o g1 tem sua atuação dividida entre essas duas diretorias. Márcia Menezes, que atuava como diretora desde 2012 – responsável tanto por conteúdo editorial quanto por decisões de produto e negócios – passou a integrar a área de Produtos e Serviços Digitais, dirigida por Erick Brêtas, como Head Produto Digital News. Com isso, Renato Franzini, editor-chefe desde 2013, torna-se o novo diretor do portal, dentro da estrutura do Jornalismo, comandada por Ali Kamel, com foco integral nas questões editoriais. No lugar de Franzini, assume Cláudia Croitor, que entrara na equipe em 2012.
Com o novo modelo de negócios da Globo, não apenas a integração total entre as plataformas se torna uma regra, mas conteúdo e negócios digitais passam a ser vistos como ainda mais estratégicos.
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Transformações no Jornalismo da Globo
Em 2013, Carlos Henrique Schroder deixou a direção de Jornalismo e Esportes da Globo para tornar-se o diretor-geral da empresa. Em seu lugar, assumiu Ali Kamel, então diretor da Central Globo de Jornalismo. Uma série de transformações nas lideranças do Jornalismo se seguiu a essa mudança. A então diretora-executiva Silvia Faria foi promovida à diretora da Central Globo de Jornalismo. Em seu lugar, foi nomeado Erick Brêtas, até então diretor regional do Rio de Janeiro. Em 2015, Brêtas se afasta do Jornalismo para lançar a plataforma de streaming da Globo, o Globoplay.
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"Nós somos contadores de história, mas ter a tecnologia ao lado para favorecer o entendimento, a possibilidade de recursos, é fundamental porque essas duas formas aliadas vão conduzir a uma empresa melhor. A gente só não deve entender que a tecnologia está acima do conhecimento; é mediatech e não o contrário. A tecnologia é um apoio, um auxílio; não é adversário, um competidor. Ela vem para agregar" Carlos Henrique Schroder