Por Memória Globo

Marcelo Brandt/g1

O projeto editorial do g1 em sua estreia reproduzia a lógica de um jornal impresso, com a criação de editorias e uma página principal – a home. Tendo como norte os imperativos de agilidade, credibilidade e relevância, o portal tinha perfil claramente noticioso, mas se destacava por alguns diferenciais. Além de blogs e colunas – de temas e autores tão variados quanto os jornalistas Cristiana Lôbo e Carlos Alberto Sardenberg, o músico Marcelo Camelo, o escritor Paulo Coelho, o astronauta Marcos Pontes e a cientista Mayana Zatz, entre outros – o site dava bastante espaço à cobertura cultural, com seções sobre cinema, música e guias de eventos, shows, espetáculos, filmes e restaurantes no Rio e em São Paulo. Outra particularidade que colocava o g1 à frente dos outros portais de notícias da época era o uso de vídeos – em particular, matérias do jornalismo da TV Globo, que eram reproduzidas no site.

ÁREAS E EDITORIAS

Em seu primeiro ano no ar, o g1 contava com oito editorias: Brasil, Economia, Política, Mundo, Educação, Ciência e Saúde, Tecnologia e Pop&Arte. Além disso, havia duas editorias locais, g1 SP e g1 RJ. Brasília também contava com um núcleo do g1, mas a página g1 DF, com foco em notícias locais, só foi criada em 2010.

A editoria de Brasil se encarregava de abastecer a redação de notícias nacionais e teve como primeira editora Jacqueline Lattari. Com a expansão do g1 para as outras praças da Globo e a criação do projeto afiliadas, em 2011, essa editoria foi desintegrada e parte dos seus profissionais foi para a equipe de pauta. Neste mesmo ano, a editoria de Política, sob chefia de Fausto Siqueira, em São Paulo, é transferida para Brasília para acompanhar de perto as decisões e os bastidores do poder. Na primeira equipe de editores estavam ainda Íris Russo (Educação), Fabio Schivartche (Mundo), Diego Assis (Pop&Arte), Alexandre Greco (Tecnologia), Camila Guimarães (Economia) e Salvador Nogueira (Ciência e Saúde).

Outras seções que tiveram destaque no g1 em seus primeiros anos no ar eram Planeta Bizarro e VC no g1. A primeira estreou com o portal e era dedicada a curiosidades e casos engraçados e leves – com responsabilidades divididas entre todas as editorias. Mais tarde, Planeta Bizarro ficou sob responsabilidade da editoria Mundo. A segunda, dedicada ao jornalismo colaborativo, foi criada no ano seguinte ao lançamento do portal, abrindo um canal de comunicação com o usuário, que passava a poder mandar informações ou sugestões de pautas para serem produzidas pela equipe. O primeiro editor de VC no g1 foi Paulo Guilherme, que também fazia parte da equipe inicial.

Ao longo do tempo, novos assuntos ganhariam atenção do portal, como Concurso e Emprego, Carros, Games, Agro e Dados. Paralelamente, foram criados novos formatos e projetos especiais, o que permitiu trabalhar temas variados, com abordagens diferentes – desde as mais leves e visuais até as mais complexas e urgentes.

O perfil dos blogs e colunas também mudou, aproximando-se do factual. O espaço foi preenchido por jornalistas do Grupo Globo, que passavam a escrever sobre seus temas de atuação, sempre que uma notícia se impunha. Natuza Nery, Andréia Sadi, Octavio Guedes e Valdo Cruz são alguns dos nomes que passaram a ser lidos nas páginas do g1.

Editorias do g1 no primeiro ano no ar

Menu do site

O menu de um site não necessariamente representa a organização do trabalho da redação e sua divisão em editorias. No caso do g1, seções e assuntos ganham destaque e espaço em função da relevância do momento, multiplicando os elementos do menu. No projeto de estreia, são os exemplos Negócios, submetida à editoria de Economia; Vestibular, da editoria Educação; além de Cinema e Música, ambas produzidas pelo time de Pop&Arte. Além disso, o portal também oferecia páginas e links de serviços, como previsão do tempo, dicionário, indicadores financeiros, informações de trânsito e até download de materiais.

AGILIDADE E CREDIBILIDADE

A principal revolução que o jornalismo online trouxe para o tratamento da notícia foi a agilidade. Diferente do jornal impresso, que tem um horário de fechamento, e da televisão, que respeita uma grade de programação, a principal característica da internet é o imediatismo. As informações circulam com uma enorme rapidez e, por isso, agilidade é uma premissa fundamental. A ela deve somar-se a credibilidade – base do jornalismo profissional, em qualquer mídia. Não basta dar a informação em primeira mão; ela deve ser correta.

Com foco na agilidade e na credibilidade, o g1 instituiu uma cultura de trabalho de publicação em etapas. Em vez de esperar toda a apuração de uma matéria para colocá-la no ar, uma vez confirmado um fato noticioso, ele era imediatamente publicado. A matéria podia ser atualizada enquanto estivesse no ar. Outra importante política de credibilidade do portal era jamais apagar conteúdo. Eventuais erros deveriam ser assumidos e esclarecidos.

O g1 logo provou ao que veio com um furo na estreia. No dia do lançamento do portal, 18 de setembro de 2006, o repórter Roney Domingos conseguiu uma entrevista exclusiva com Freud Godoy, assessor do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, supostamente envolvido no vazamento de um dossiê sobre políticos da oposição. Na sequência, dia 29 do mesmo mês, o g1 foi o primeiro veículo a dar as fotos da queda de um jato Legacy da Gol na Amazônia. A essas coberturas, somaram-se outras como um acidente com um avião da TAM, em 17 de julho de 2007, o caso da menina Isabella Nardoni, morta em São Paulo no dia 29 de março de 2008, e o sequestro da adolescente Eloá Cristina, que terminou morta após um longo cativeiro, em 13 de outubro do mesmo ano. Ao final de dois anos, o g1 já era líder de audiência na internet.

A credibilidade conquistada no mundo de internet, que é muito louco, que tem muito boato, é muito importante
— Márcia Menezes
A gente não precisa ser o primeiro a dar, a gente precisa ser o primeiro a dar certo
— Renato Franzini

Saiba Antes

Na última semana de 2006, foi ao ar a primeira campanha publicitária do g1. Além de um filme de 90 segundos, os anúncios publicados em jornais e revistas traziam um slogan que sintetizava a missão do portal: Saiba Antes.

Campanha g1 O Globo (2006) — Foto: Arquivo/Memória Globo

Campanha g1 O Globo (2006) — Foto: Arquivo/Memória Globo

Campanha g1 O Globo (2006) — Foto: Arquivo/Memória Globo

JORNALISMO REGIONAL

Com o sucesso do projeto afiliadas que, de 2011 a 2013, trouxe mais de 50 redações para o g1, o jornalismo regional ganhou o Brasil. O digital não reconhece barreiras físicas e fatos que antes ficavam restritos ao âmbito local passaram a circular na internet, atingindo um público maior e ganhando cada vez mais relevância.

Por outro lado, o contato com as afiliadas tornou a home do g1 ainda mais nacionalizada e seu jornalismo, ainda mais ágil, o que ficou evidente em alguns casos. Quando surgiram as primeiras informações sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, o g1 Minas Gerais tinha acabado de ser lançado, e a cobertura do jornalismo local foi um diferencial. Durante as manifestações de 2013, que se estenderam por todo o Brasil, a rede de afiliadas do g1 colocou o portal na frente da corrida por informações.

As redações locais do g1 têm liberdade na condução de suas pautas, respondem às lideranças do Jornalismo da afiliada, porém trabalham em total alinhamento ao g1 nacional. Todas respeitam as mesmas premissas editoriais e a cultura da publicação em etapas instituídas pelo portal. A troca de experiências entre jornalistas de todo o Brasil trouxe importantes lições, tanto no tratamento diverso e plural de assuntos quanto no respeito às particularidades e diferenças das várias regiões do país. “A gente ganhou agilidade, uma equipe enorme, uma gama de assuntos, e tudo com uma coordenação nossa, muito baseada em confiança”, ressalta Athos Sampaio, gerente de produção do portal a partir de 2021.

g1, 17/06/2013 manifestações — Foto: g1

Galeria de Fotos - Jornalismo Regional

3 fotos
G1: galeria de fotos - Jornalismo Regional

DADOS

O g1 foi pioneiro no jornalismo de dados no Brasil. Antes mesmo de ter uma editoria especializada no tema, o portal já fazia algumas reportagens nessa direção. Uma das primeiras matérias realizadas a partir da análise de dados numéricos foi publicada em 18 de novembro de 2012. Com base em um levantamento realizado com governos de 26 estados e o distrito federal, os jornalistas Thiago Reis e Clara Velasco identificaram um déficit de 200 mil vagas no sistema prisional brasileiro. Em 2015, com o lançamento do Promessas dos Políticos, um projeto dedicado ao acompanhamento das promessas de campanha realizadas por candidatos a cargos públicos – inicialmente feito com a presidente Dilma Rousseff, mas logo ampliado para abarcar também governadores e prefeitos das capitais – foi criada uma área dedicada ao tema, com Thiago Reis como editor. Isso permitiu não apenas a realização de projetos premiados, como o Monitor da Violência, mas a produção de reportagens especiais e abordagens segmentadas de determinados assuntos, como intolerância, adoção, entre outros, que fogem do factual e envolvem coberturas de fôlego.

Matéria sobre o sistema prisional, publicada no g1 em 18/11/2012.

Lançamento do Monitor da Violência, projeto do g1 em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Jornal Nacional, 25/09/2017.

Lançamento do Monitor da Violência, projeto do g1 em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Jornal Nacional, 25/09/2017.

REDES SOCIAIS

Durante muitos anos, a Globo passou ao largo do crescimento das redes sociais. Seus veículos e produtos demoraram a embarcar e, quando o fizeram, foi uma adesão limitada à divulgação de conteúdo produzido pela televisão. Como produto nativo digital, o g1 já nasceu em diálogo com as novas mídias, como prova a data de criação do seu perfil no Twitter: setembro de 2007. No entanto, sua atuação se manteve tímida nesses primeiros anos. Os perfis eram basicamente usados para compartilhamento de matérias.

Em 2011, finalmente, o g1 cria uma editoria de Mídia Social e Interação, responsável não apenas por gerenciar e promover ações de engajamento via redes, mas também por comandar iniciativas de jornalismo participativo – entre as quais, a seção VC no g1. Neste mesmo ano, foi criado o perfil do portal no Facebook.

O perfil do g1 no Instagram foi lançado em 2014 – a primeira postagem data de 16 de junho. O conteúdo publicado na rede social conhecida pela força das imagens teve uma mudança de tratamento a partir de 2018, após pesquisas indicarem que a rede também era usada como fonte de informação por seus usuários.

No Facebook, o g1 promoveu lives com informações rápidas sobre as pautas do momento, dadas pelos repórteres do portal, duas vezes ao dia. A ferramenta também era usada na cobertura de eventos e shows, como o Rock in Rio. O g1 ao vivo estreou no dia 2 de maio de 2016, com Mari Palma falando do estúdio do portal, dentro da redação.

A partir de 2020, o portal deixa de produzir conteúdo exclusivo para as redes, retomando a estratégia de usá-las como ferramenta de divulgação e engajamento. No entanto, visando atingir um público mais jovem, lançou, em 15 de junho de 2021, um canal no Youtube, com conteúdo original. A programação inicial contava com quatro programetes – Segue o Fio, g1 Explica, Olha que Legal e TBT – e alguns podcasts já disponíveis nos outros canais. A ideia do novo espaço era contar histórias e passar informação em linguagem fácil e acessível. O primeiro vídeo produzido para o canal foi apresentado por Matheus Rodrigues e Carol Prado.

g1 estreia canal no YouTube. Vídeos exclusivos vão explicar os assuntos do momento, contar histórias inspiradoras e divertir, em uma linguagem informal e com o rigor jornalístico do g1. A atualização será diária.

g1 estreia canal no YouTube. Vídeos exclusivos vão explicar os assuntos do momento, contar histórias inspiradoras e divertir, em uma linguagem informal e com o rigor jornalístico do g1. A atualização será diária.

SITES INSTRUMENTAIS

Quando a Globo entra na internet, em meados dos anos 1990, são criados espaços para alguns telejornais e programas de entretenimento. Inicialmente, o conteúdo digital ficava a cargo de jornalistas vinculados à Central Globo de Informática, com pouco contato com os responsáveis pelo conteúdo da televisão. Conforme a internet e a cultura digital foram avançando no Brasil, o Jornalismo da Globo tomou para si a criação e gestão de sites de seus telejornais e programas. Inicialmente, esses espaços eram pensados com o objetivo de divulgar o que era produzido pela televisão e abrir canais para o jornalismo participativo ou o cidadão. Cabia às equipes web cortar trechos de VTs para a plataforma online e espelhar as matérias que tinham ido ao ar.

Em 2015, as equipes de sites e telejornais da Globo, até então lideradas por Rosa Magalhães, entraram para a estrutura organizacional do g1. Com isso, passaram a investir na produção de conteúdo cross media e desenvolver também ações de promoção nas redes sociais. Em 2020, em meio às transformações empreendidas pelo programa Uma Só Globo, todos os sites dos canais Globo passaram a integrar uma área chamada de Sites Instrumentais, sob comando de Mirelle de França, editora-executiva desde 2016.

Ao longo desse período, foram realizados projetos importantes. Quando o Jornal Nacional fez 50 anos no ar, em 2019, seu site publicou uma página especial comemorativa, reunindo vídeos, linhas do tempo e curiosidades, além de reproduzir a série especial exibida no telejornal e o material exclusivo do Memória Globo. Em 2021, quando a GloboNews completou 25 anos, um grande especial reuniu todos os materiais produzidos pelo canal para a data, além de quizzes, curiosidades e histórias marcantes.

Home do Jornal Nacional, em comemoração aos 50 anos do telejornal.

ENGAJAMENTO

Em 2021, foi criado o núcleo de Engajamento, com uma equipe multidisciplinar que reunia profissionais das áreas de áreas de produto, inteligência e conteúdo. O objetivo do núcleo era criar estratégias – tanto de conteúdo quanto de usabilidade – para manter a atenção do usuário. Uma dessas estratégias é a abordagem diversificada de determinados assuntos, indo além da informação, garantindo conhecimento ou até diversão, em alguns casos. Isso envolve, ainda, o estímulo a novos formatos, como vídeo e áudio.

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