No universo da internet brasileira de meados dos anos 2000, o uso de vídeos ainda era limitado. As conexões eram lentas e o acesso, restrito, o que dificultava a visualização de arquivos pesados antes do streaming. A Globo já tinha sua plataforma de vídeos online, projetada para oferecer aos usuários da internet a chance de rever trechos de sua programação online. Quando foi lançado o g1, em 2006, esse recurso já existia e deu ao portal um diferencial em relação aos concorrentes. Desde o início, portal teve estrutura para fazer transmissões ao vivo, abrir o sinal da televisão em momentos importantes, reproduzir VTs de telejornais e até produzir seus próprios vídeos, embora de forma tímida. O g1 já nasce como um ambiente multimídia.
A produção audiovisual específica para internet, no entanto, não era constante, e a exibição de vídeos ficava em grande parte limitada ao conteúdo da televisão. Com a expansão da internet no Brasil e, especialmente, a popularização dos smartphones, cada vez equipados com mais funcionalidades, o consumo de vídeos pela internet tem uma guinada a partir da segunda década dos anos 2000. Isso estimula também experiências de produção multimídia no g1, para fazer suas próprias transmissões. É o caso da série São Paulo, cidade lenta, de 2009, em que o repórter Diego Assis percorreu, durante 4 dias, os caminhos congestionados da metrópole, com uso de um Live U, que o permitia entrar ao vivo da rua.
Dois anos de g1 (2008). No seu aniversário, o portal mostra a rotina da redação.
Em 2010, o g1 cria um núcleo de eventos, sob o comando de David Butter, para o qual seria deslocada a equipe responsável por cortar os VTs da televisão para postagem online. Parte das atribuições da nova área era coordenar a estrutura para a cobertura de grandes eventos, levando em conta a produção de matérias em vídeo e transmissões próprias. A prova de fogo do trabalho foi o SWU, festival de música realizado na cidade de Itu, São Paulo, naquele ano. Jornalistas do portal passaram três dias no evento. O evento foi transmitido também pela TV Globo. Dois anos depois, a equipe acompanhou a visita de Hillary Clinton ao Brasil.
A partir daí, o g1 passa a fazer suas primeiras experiências na produção de uma linguagem audiovisual digital. Enquanto alguns jornalistas do portal começam a fazer reportagens em tom documental, a cobertura do factual ganha cada vez mais agilidade com a postagem de vídeos produzidos pelo celular – como aconteceu no caso das manifestações que eclodiram em quase todas as capitais brasileiras a partir de junho de 2013. O recurso permitiu a repórteres do g1 em todo o Brasil registrarem os protestos e atos de violência, sem chamar atenção com grandes equipamentos.
A guinada para o vídeo se torna realidade com a nova redação, inaugurada em 2014. Localizada na sede da Globo em São Paulo, o espaço foi construído com um estúdio totalmente equipado para funcionar como uma estação de TV. A estrutura permitiu que o g1 desse um salto na cobertura das eleições daquele ano, com a realização de uma série de entrevistas presidenciáveis. Do novo estúdio, com a redação ao fundo, os repórteres Nathalia Passarinho (g1) e Tonico Ferreira (Globo) sabatinaram os candidatos, com exclusividade, para o portal.
g1 registra manifestação em São Paulo (2013)
g1 EM 1 MINUTO
Enquanto o g1 se estruturava para alçar voos maiores no audiovisual, o jornalismo da Globo procurava renovar a linguagem da televisão. O editor-chefe e apresentador do 'Jornal Nacional', William Bonner, fora encarregado pelo diretor do Jornalismo Ali Kamel de pensar novos formatos para o telejornalismo. De 2005 a 2014, a grade contava com o 'Globo Notícia', uma espécie de boletim, que, ao longo da programação, supria o telespectador de notícias que, com a velocidade cada vez maior de circulação de informações, não podiam esperar até a noite. Com o fim do programa, abriu-se um espaço na grade e, das discussões em torno de propostas, surgiu o g1 em 1 Minuto. A ideia do programa era trazer às telas da televisão o público da internet. O 'g1 em 1 Minuto' seria uma vitrine do portal e apresentaria seus próprios repórteres, como são: jovens, modernos e espontâneos. Depois de uma série de pilotos e testes, chegou-se ao formato vitorioso: os jornalistas estariam de pé, dentro do estúdio, vestidos com suas próprias roupas e dando informações ao vivo, apuradas e escritas por eles.
O 'g1 em 1 Minuto' estreou numa segunda-feira, dia 20 de abril de 2015, em quatro entradas ao longo da programação da Globo, durante os programas 'Bem Estar', 'Encontro com Fátima', 'Vale a Pena Ver de Novo' e 'Sessão da Tarde'. A apresentação ficava a cargo dos repórteres Mari Palma e Cauê Fabiano. Com o tempo, outros repórteres passaram a se revezar na apresentação do 'g1 em 1 Minuto'. De 20 de abril de 2019 a 15 de maio de 2021, o boletim ganhou entradas diárias no programa 'Mais Você'. A partir de 16 de março de 2021, estreou também no 'Estúdio i', da GloboNews.
Memória Globo na estreia do g1 em 1 Minuto
A edição de estreia do 'g1 em 1 Minuto' foi gravada de dentro da redação do portal e mostrou imagens das equipes trabalhando. A repórter Mari Palma noticiou as investigações sobre uma chacina na sede da torcida do Corinthians, o naufrágio de um barco com mais de 300 imigrantes no Mediterrâneo e deu informações sobre o fim do prazo para as inscrições do Fies. O boletim deu destaque aos conteúdos produzidos pelo g1 e o Memória Globo para a comemoração dos 50 anos da Globo.
g1 em 1 Minuto: Boletim de notícias no Bem Estar, 20/04/2015
NÚCLEO DE VÍDEOS
Com o tempo, o núcleo de eventos se firmou como uma área dedicada à produção de vídeos inteiramente pensados para o digital. A partir de 2020, o g1 passa a investir na produção de vídeos explicativos, com o objetivo de traduzir temas complexos ou atualidades para a grande população. Nesse intuito, e tendo em vista especificamente atingir um público mais jovem, foi criado um canal no Youtube, no ano seguinte. O canal foi lançado em 15 de junho de 2021, com conteúdo original.
VÍDEO: Entenda como o desequilíbrio nas contas públicas pode afetar a inflação. 10/04/2021
Entenda cada fase dos testes para vacinas (2021)
PODCASTS
Os podcasts – programas em áudio, disponíveis para consumo on demand – têm sua origem atrelada à popularização do mp3, arquivo digital de áudio, comprimido para caber em um player. Os primeiros podcasts do Brasil são contemporâneos à criação do g1, mas o uso do formato logo arrefeceu.
O g1 começou a produzir seus primeiros podcasts em 2018, por incentivo da então editora-executiva Cláudia Croitor, em meio a um renascimento de interesse em torno do modelo. As primeiras edições vieram das editorias de Economia e Pop&Arte, de forma ainda pouco sistematizada. 'Educação Financeira', lançado em 9 de agosto de 2018, traduzia os impactos da economia no dia a dia da população e dava dicas simples de investimentos. Na sequência, em 16 de agosto, foi ao ar g1 Ouviu, que era um apanhado de informações sobre o mundo da música e notícias de cultura. No ano seguinte, entrou no ar o Resumão, com o resumo das notícias mais importantes da semana.
O salto veio com O Assunto, um podcast diário de notícias, lançado em 26 de agosto de 2019. A inspiração para o formato veio de podcasts produzidos por veículos internacionais, como o The Daily, do New York Times, que mistura entrevistas com reportagem, tendo à frente um apresentador. Renata Lo Prete, apresentadora do 'Jornal da Globo', foi a jornalista escolhida para ancorar 'O Assunto'.
A responsabilidade de colocar o novo programa no ar ficou a cargo da então editora-executiva Cláudia Croitor. “Ficou comigo esse projeto de montar equipe, começar a fazer piloto e tentar achar um nome. Eu tive uma iluminação e inventei o nome O Assunto“, conta.
O programa conquistou rapidamente audiência e, em 16 de maio de 2020, atingiu a marca de 20 milhões de downloads, se tornando um dos podcasts mais ouvidos da América Latina. Quando completou o primeiro ano no ar, sua apresentadora listou suas edições prediletas. A maior audiência até então ficou com um episódio sobre o auxílio emergencial pago pelo governo durante a pandemia de Covid-19.
Na edição do dia 11 de novembro de 2022, Renata Lo Prete se despediu da apresentação do programa. Natuza Nery assumiu o comando do podcast a partir de 21 de novembro. Nesse intervalo, o programa foi apresentado por Julia Duailibi.
Amazônia é o tema de estreia do podcast 'O Assunto', com Renata Lo Prete. Jornal Nacional, 26/08/2019.
Integração entre plataformas
Com o lançamento de O Assunto, o g1 passou a agregar em uma página todos os podcasts produzidos pelo Jornalismo da Globo, como Isso é Fantástico e Papo de Política, produzidos, respectivamente pelo Fantástico e pela GloboNews. A partir de 30 de dezembro de 2020, todos os podcasts da Globo foram disponibilizados, também, no Globoplay.