Quando foi lançado, em 2006, o g1, como todos os sites da época, foi projetado para consumo em desktop, especificamente para monitores de 800 pixels de largura, em formato de tubo. Pouco antes da estreia, a Globo.com, empresa responsável pelas soluções de internet do Grupo Globo – que dividia, com o Jornalismo da TV Globo, a operação do g1 – identificou a tendência de popularização de monitores maiores, com 1024 pixels, e reformulou a home do portal. As páginas internas foram adaptadas no ano seguinte. Duas outras reformas gráficas, pensadas para facilitar a navegação e tornar mais clara a visualização de conteúdo, foram realizadas em 2009 e 2010.
Outra tendência rapidamente identificada pelas equipes de desenvolvimento da Globo.com foi a importância crescente do celular. Mesmo com as dificuldades de conexão no Brasil, essa preocupação sempre esteve no horizonte. No ano da estreia, o g1 já tinha serviços de envio de notícias por WAP e SMS, além de outras funcionalidades de distribuição como RSS e newsletter. A partir de 2012, já era evidente que o futuro caminhava para o mobile, com impactos diretos da usabilidade dos sites e no consumo de conteúdo.
Em dezembro de 2014, o g1 lança seu primeiro aplicativo para celular. A iniciativa vinha na esteira dos vários estudos e experiências realizados nos bastidores para testar formatos e funcionalidades – como um aplicativo específico para o tablet IPad, desenvolvido em 2011. No primeiro dia de dezembro de 2015, um novo g1 entra no ar, com interface totalmente modernizada.
A reformulação do g1 feita em 2015 levava em conta um consumo mobile first – o conteúdo deveria ser pensado diretamente para o celular – e vinha acompanhada de uma série de funcionalidades. O menu deixava de ser expandido para se tornar um ícone no topo site, foram criadas caixas de conteúdo para organização de informações de destaque, houve maior destaque para vídeo, visual mais leve. Mas a principal revolução foi o feed contínuo, que mudava inteiramente a lógica de distribuição e consumo, com impacto direto nas decisões editoriais. Até então, a home do g1 seguia uma lógica que aproximava o portal de um jornal impresso, com espaços diferentes para priorização de informações e articulação horizontal de assuntos. Com o formato de feed, a primeira chamada passa a ser o destaque principal, de forma irrevogável.
g1 lança assistente de voz para responder a perguntas sobre os candidatos à presidência nas eleições de 2018
O novo visual do portal significou a revisão de funcionalidades e radicalizou a experimentação de formatos, criando uma cultura de inovação. Em setembro de 2016, foi lançado o push para alerta de notícias no celular. Nas eleições de 2018, a novidade foi o assistente de voz, produzido em parceria com o Google, para responder a perguntas sobre os candidatos à presidência. Em 25 de novembro do ano seguinte, a newsletter, formato que havia sido descontinuado no passado, foi revitalizada. Também entraram no ar o podcast O Assunto, em 26 de agosto, e o aplicativo para o assistente virtual Alexa, em 8 de outubro.
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Tecnologia a serviço da agilidade
O grande diferencial tecnológico que ajudou o portal na corrida pela liderança de audiência foi seu sistema de publicação. Já em 2006, os repórteres do g1 iam para a rua fazer suas matérias equipados com câmera fotográfica e um laptop conectado à internet a partir de um modem. Com isso, as publicações podiam ser feitas de qualquer lugar. A ferramenta de publicação de conteúdo, assim como o sistema de exibição de vídeos, foi aprimorada conforme as necessidades dos profissionais e dos usuários. Inicialmente, a Globo usava uma ferramenta de mercado para a publicação de matérias em seus sites, mas a crescente demanda por novas funcionalidades e formatos fez com que desenvolvesse um sistema próprio, integrado a uma plataforma de vídeos também fabricada dentro da empresa.
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PRODUTOS E SERVIÇOS DIGITAIS
A partir de 2020, com as transformações promovidas pelo programa Uma Só Globo, o g1 tem uma importante mudança em sua forma de trabalho. As equipes do portal passariam a dedicar-se apenas ao conteúdo e às questões editoriais, enquanto a diretoria de Produtos e Serviços Digitais, liderada por Erick Brêtas, seria responsável pelas decisões estratégicas relacionadas a produto e negócios. A nova área tinha a missão de coordenar, de forma alinhada e integrada, todos os produtos e serviços digitais da Globo, com foco na busca de resultados financeiros e operacionais. “A gente discutiu muito que resultados eram esses que a gente queria, o que a gente queria estimular ou desestimular, onde a gente entendia que existia já um conhecimento acumulado e como a gente fazia para que aquele conhecimento acumulado numa determinada área fosse transferido para outras áreas”, conta Brêtas.
O g1, como líder absoluto em seu segmento e reconhecido por entregar resultados inovadores aos usuários, ganhou enorme importância dentro das estratégias da empresa. A transferência de Márcia Menezes, diretora do portal desde 2012 e uma das principais lideranças desde sua estreia, para a nova área tornou-se um movimento natural. Ao lado de Brêtas como head produto digital news, ela passaria a se concentrar nas decisões de negócios e em como transformar o conhecimento adquirido na operação do portal em resultados compartilháveis com outros produtos jornalísticos digitais da Globo. A equipe de produto, liderada por Paloma Pietrobelli, desde 2009, também é transferida para a nova divisão.
"Há claramente o Norte de transformar a Globo numa empresa mediatech em que a tecnologia fará parte da maneira como pensamos os novos produtos desde a sua concepção. A tecnologia não é simplesmente: ‘Preciso criar uma plataforma digital para esse produto analógico’. A tecnologia é o início, o meio e o fim desses novos produtos que surgirão." Erick Brêtas