O ‘Jornal Nacional’ estreou em 1º de setembro de 1969 com as vozes de Hilton Gomes e Cid Moreira. Dois anos após o lançamento, a bancada foi renovada. Em 1971, Hilton Gomes foi substituído por Ronaldo Rosas, que permaneceu na emissora apenas um ano. No lugar dele, em 1972, entrou Sérgio Chapelin, que, ao lado de Cid Moreira, formou a dupla de locutores que virou “a cara” do ‘JN’ até 1983. Os locutores testaram, nessa época, novas tecnologias de comunicação, que dinamizaram e alteraram o dia a dia de produção do telejornal. Foi o caso do teleprompter, que transformou a forma de apresentar a notícia na bancada; da transmissão e geração de sinal em cores; do recurso do videotape, que, aos poucos, substituiu o uso de filme na captação da notícia.
“O nosso cenário eram duas bancadinhas muito modestas, duas cadeiras de madeira, sem nenhum estofamento, sem nenhuma sofisticação, e que eram ótimas para o diafragma. Você sentava bem, então você trabalha bem o diafragma. Cenário supersimples”, Sérgio Chapelin, apresentador.
Entrevista exclusiva do jornalista Cid Moreira ao Memória Globo em 22/03/2000, sobre a estreia de Sérgio Chapelin no ‘Jornal Nacional’, em 1972.
Nessa época, aos sábados, o ‘JN’ recebia o reforço de Heron Domingues na bancada, conhecido por ter sido locutor do ‘Repórter Esso’, na Rádio Nacional. Em 1983, Sérgio Chapelin deixou a Globo temporariamente – foi contratado pelo SBT. No ano seguinte, ele voltou à Globo, dessa vez para o ‘Fantástico’. Sua cadeira ao lado de Cid Moreira no ‘Jornal Nacional’ foi ocupada pelo jornalista Celso Freitas até 1989. Entre 1989 e 1996, Chapelin e Cid Moreira seguiram na apresentação do ‘Jornal Nacional’.
Jornalistas como apresentadores
Em 1996, um ano após a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando do Jornalismo da Globo, em substituição a Alberico de Sousa Cruz – na função de 1990 a 1995 –, uma grande reformulação tomou curso. A ideia era mudar o conceito de apresentação do ‘JN’, trazendo para a bancada jornalistas envolvidos com a produção de conteúdo.
“O ‘Jornal Nacional’ se propõe a informar tudo o que é relevante no mundo e no Brasil. O importante é que os fatos sejam absolutamente verdadeiros, para que não sejamos desmentidos, e que a pessoa que acabou de ver o ‘Jornal Nacional’ tenha a sensação absoluta: ‘O que aconteceu no Brasil e no mundo eu sei, eu não sei profundamente, mas eu sei’. Não dá tempo de ser profundamente”, explica Evandro Carlos de Andrade, diretor de Jornalismo de 1995 a 2001, em entrevista ao Memória Globo.
A reestruturação na bancada do ‘JN’ foi assistida pelo então editor-chefe do telejornal, Amauri Soares (1995 a 1996). Dois nomes foram escolhidos: William Bonner e Lillian Witte Fibe, que tinham construído sólida carreira na emissora. O último ‘JN’ apresentado por Cid e Chapelin foi o do dia 29 de março. Chapelin seguiu para o ‘Globo Repórter’, e Cid passou a ler editoriais no ‘JN’. A estreia de William Bonner e Lillian Witte Fibe ocorreu em 1° de abril de 1996.
Estreia de William Bonner e Lillian Witte Fibe. ‘Jornal Nacional’, 01/04/1996
Em 1998, Lillian Witte Fibe deixou o ‘JN’ e seguiu como âncora do ‘Jornal da Globo’. Fátima Bernardes estreou no posto no dia 30 de março.
William Bonner e Fátima Bernardes apresentam pela primeira vez juntos o ‘Jornal Nacional’, 30/03/1998
Em 1996, Amauri Soares foi substituído por Mário Marona. Na ocasião, Amauri aceitou o convite para ser diretor de Jornalismo de São Paulo. Três anos depois, Marona foi chefiar o jornalismo de Brasília, e Bonner absorveu a função de editor-chefe do telejornal.
Em seus dez primeiros anos no ar, de 1969 a 1979, o 'JN' foi liderado, em sequência, por Humberto Vieira, Alice-Maria e Nilson Viana. Daí, até a chegada de Bonner à chefia do telejornal, em 1999, vieram Luís Edgar de Andrade (1979 a 1981), Eduardo Simbalista (1981 a 1984), Fabbio Perez (1984 a 1990), Carlos Absalão (1990 a 1991), Carlos Absalão e Edson Ribeiro (set. a nov. de 1991), Edson Ribeiro (1991 a 1993), Xico Vargas (1993 a 1995), Amauri Soares (1995 a 1996) e Mário Marona (1996 a 1999).
Em dezembro de 2011, depois de quase 14 anos dividindo a bancada do ‘Jornal Nacional’ com Wiliam Bonner, Fátima Bernardes deixou a posição para se dedicar ao projeto de um novo programa, o ‘Encontro com Fátima Bernardes’. No lugar dela, assumiu Patrícia Poeta, que até então era apresentadora do ‘Fantástico’. No último bloco do ‘Jornal Nacional’ do dia 5, Fátima se despediu do público e, junto a William Bonner, deu as boas-vindas à colega. Foi exibido neste dia uma matéria especial com episódios que marcaram a trajetória das carreiras das duas jornalistas.
Despedida de Fátima Bernardes. ‘Jornal Nacional’, 05/12/2011
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No dia 8 de março de 2014, a Globo preparou uma programação especial para celebrar o Dia Internacional da Mulher. Entre os destaques no Jornalismo estava a bancada do 'Jornal Nacional’, que, pela primeira vez nos mais de 45 anos do telejornal, foi ocupada por duas mulheres, Patrícia Poeta e Sandra Annenberg.
Primeiro bloco do ‘Jornal Nacional’ no Dia Internacional da Mulher, ancorado, pela primeira vez na história do telejornal, por duas apresentadoras: Sandra Annenberg e Patrícia Poeta, 08/03/2014
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Em outubro de 2014, nova mudança na apresentação do ‘Jornal Nacional’. Patrícia Poeta deixou a bancada – para ser uma das apresentadoras do ‘É De Casa’ –, e a função foi assumida por Renata Vasconcellos, que vinha do ‘Fantástico’, com longa passagem pelo ‘Bom Dia Brasil’.
Patrícia Poeta se despede, e Renata Vasconcellos assume a apresentação do ‘Jornal Nacional’, 31/10/2014
Apresentadores fixos e eventuais
Desde a estreia, o ‘Jornal Nacional’ tem dois apresentadores fixos de segunda a sexta. Aos sábados, há espaço para outros profissionais. Nos anos 1970, compuseram a bancada aos sábados Heron Domingues, Marcos Hummel e Sérgio Roberto. Na década seguinte, estavam no posto Berto Filho, Carlos Campbell, Eliakim Araújo, Marcos Hummel e Valéria Monteiro.
A partir dos anos 1990, um número maior de jornalistas passou a fazer parte de um esquema de rodízio. Passaram pelo posto: Alexandre Garcia, Ana Paula Araújo, Ana Paula Padrão, Carla Vilhena, Carlos Nascimento, Carlos Tramontina, Chico Pinheiro, Giuliana Morrone, Heraldo Pereira, Maju Coutinho, Márcio Gomes, Renato Machado, Sandra Annenberg, entre outros.
Em 2019, para celebrar os 50 anos do 'JN’, jornalistas de todo o país se revezaram na apresentação do telejornal aos sábados. Durante a pandemia, foi necessário que o rodízio fosse feito apenas com profissionais do Rio de Janeiro, pela chance de contágio em deslocamentos.
JN 50 Anos’: apresentadores de cada estado assumiram a bancada do ‘Jornal Nacional’ aos sábados. ‘Jornal Nacional’, 28/08/2019
Comentaristas e séries de reportagens
A partir de 1989, um time de comentaristas especializados foi integrado à equipe do ‘Jornal Nacional’ para garantir que o brasileiro tivesse mais acesso a análises de temas da atualidade. As opiniões de Paulo Henrique Amorim, Joelmir Beting, Lillian Witte Fibe e Alexandre Garcia tornavam as informações de política e economia mais claras e acessíveis para o telespectador.
A presença de comentaristas no ‘Jornal Nacional’ não era uma novidade. Desde 1981, Paulo Francis entrava de Nova York com opiniões que iam da política internacional até arte e cultura. Comentou, por exemplo, a morte de Glauber Rocha, em agosto de 1981; a repercussão do assassinato de Anwar Sadat, em outubro do mesmo ano; o filme ‘Memórias do Cárcere’, de Nelson Pereira dos Santos, então apresentado no Festival de Cinema de Nova York, em outubro de 1984; e a exposição de arte produzida na Terra Santa que revelava dogmas do cristianismo, judaísmo e islamismo, exibida no museu Metropolitan, em Nova York, em setembro de 1986.
Comentário de Paulo Francis sobre exposição no museu Metropolitan, em Nova York. Jornal Nacional, 16/09/1986
Joelmir Beting também começou mais cedo. Em 1985, fazia comentários no ‘Jornal Nacional’ e no ‘Jornal da Globo’. Alexandre Garcia estreou como comentarista de política no ‘JN’ em 1988.
Em sua estreia no ‘Jornal Nacional’, o jornalista Joelmir Beting comenta a saída do ministro Francisco Dornelles. ‘Jornal Nacional’, 26/08/1985
Mas a participação deles aumentou mesmo, tornou-se mais regular, em meados de 1989, quando as gravações passaram a ser feitas em externas. Saíram os fundos neutros do estúdio, acabaram as poses sóbrias. Os comentaristas ganharam as ruas e gravavam os textos em diferentes locais. O ‘JN’ passou a ter jornalistas mais descontraídos e cada vez mais próximos ao telespectador. Para alertar sobre falsas promoções em tempos de inflação alta, Lillian Witte Fibe foi para uma rua comercial com uma calculadora em mãos e mostrou aos telespectadores um exemplo de cálculo a ser feito para não cair em armadilhas.
A jornalista Lillian Witte Fibe faz uma análise sobre os perigos das promoções em épocas de inflação crescente, 'Jornal Nacional', 09/08/1989.
“Chamava de comentários ambientalizados. Então, por exemplo, se eu fosse falar sobre taxa de juros e o Copom [Comitê de Política Monetária], a gente ia numa agência, comentava, contava, explicava. Era para o ‘Jornal Nacional’, mas em ambiente de externa e não em ambiente de estúdio", explica Lillian Witte Fibe em entrevista ao Memória Globo.
Joelmir Beting, em geral, comentava economia, mas também podia falar sobre outros assuntos. O jornalista, às vezes, fazia pequenas participações em vários blocos do ‘Jornal Nacional’, como explicou em entrevista ao Memória Globo: “Eu cheguei a fazer durante um ano inteiro quatro ou cinco entradas por dia para tratar de três assuntos da economia, um da política, um de internacional. Não raro era um ‘caco’ de dez segundos, cinco segundos, mas dava aquele corte, aquele jogo, aquele ritmo, aquele timing interessante. (...) Acertava com o editor o assunto, tinha uma hora, uma hora e meia para preparar a entrada. E, como a marcação era sempre muito severa, não podia improvisar. O tempo não era contado em minutos, mas em segundos, então tinha que fazer a marcação no próprio teleprompter. (...) É muito complicado falar 30 segundos, é bem mais difícil do que falar um minuto. Você vai compactando, vai sintetizando e, ao mesmo tempo, tenta colocar o máximo de conceito ou de informação suplementar. Você tem que trabalhar às vezes uma hora para fazer 30 segundos. (...) É uma escola de texto fantástica. (...) A televisão te ensina a escrever por essa necessidade de ganhar tempo, de ser claro, direto, objetivo, sem acelerar, porque se você falar rápido as pessoas não entendem”.
Em 1995, o jornalista Evandro Carlos de Andrade assumiu a direção de Jornalismo da Globo, vindo da imprensa escrita – ele tinha ficado quase 24 anos no comando do jornal O Globo. Sua gestão na emissora ficou marcada pela intensificação da linha investigativa, pela ênfase nos assuntos ligados à cidadania e pelo fortalecimento do jornalismo comunitário. Nesse período, foram criados novos quadros no ‘JN’, com a participação de comentaristas especializados. Essa nova fase incluiu as entradas de Galvão Bueno, comentando esporte, e do meteorologista Carlos Magno, que passou a comandar o quadro da previsão do tempo em 1996, até que jornalistas o assumissem.
Arnaldo Jabor começou a participar do telejornal também em 1996, analisando os mais variados assuntos: da gravação do clipe do cantor Michael Jackson no Morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1996; ao acordo firmado entre o Brasil e os Estados Unidos para a utilização da base de lançamento de foguetes em Alcântara, no Maranhão, em abril de 2001. Jabor comentou até futebol, na Copa da França, em junho de 1998.
Foi em 1996 que o ‘JN’ colocou no ar suas primeiras séries de reportagem: ‘O Futuro do Emprego’, de Joelmir Beting, exibida entre 22 e 26 de janeiro; ‘A Hora da Competição’, exibida de 11 a 15 de março, e ‘Caminhos do Brasil’, no ar de 17 a 22 de junho, ambas de Miriam Leitão.
“No ‘Jornal Nacional’ desse período, nós passamos a experimentar dois formatos. (...) Nós passamos a ter muita entrada ao vivo no ‘Jornal Nacional’, repórteres ao vivo. E a segunda foi o formato das séries de reportagem, que o ‘Jornal Nacional’ não fazia. Era uma maneira de oferecer ao telespectador uma reportagem mais aprofundada, mesmo que em capítulos, reportagem de vinte minutos, vinte e cinco minutos, diluída em cinco reportagens de cinco minutos. Este foi um avanço importante. Eu sempre fui um entusiasta desse formato, sempre estudei muito esse formato. Acho que a gente fez experiências absolutamente interessantes e vitoriosas”, lembra Amauri Soares, editor-chefe do ‘JN’ de 1995 a 1996.
Entre 2003 e 2006, o noticiário político do ‘Jornal Nacional’ contou com a participação de Franklin Martins. O jornalista comentava os fatos importantes na política nacional e analisava as principais medidas do governo e suas repercussões.
Apresentadores do Tempo
Na primeira década em que o ‘Jornal Nacional’ esteve no ar, havia o desafio de fazer com que os assuntos atraíssem a atenção de todos os telespectadores, de Manaus a Porto Alegre. Um exemplo das dificuldades de lidar com as diversidades regionais era a meteorologia. Nos primeiros anos, o boletim do ‘Jornal Nacional’ anunciava “tempo bom” para afirmar que faria sol e “mau tempo” para dizer que choveria. Até que alguns telespectadores reclamaram e deram um exemplo: no Nordeste castigado pela seca, sol não representava tempo bom, mas o contrário. A partir de então, passou-se a usar as expressões “dia ensolarado” e “dia chuvoso”.
Apenas em 1991, a previsão do tempo se tornou um quadro fixo, com cenário próprio, exibido durante o telejornal e não mais ao seu término. O projeto do Mapa Tempo foi de José Emílio Ambrósio.
Andrei Jiro, então gerente de Ilustração e Arte em São Paulo, lembra, no livro ‘JN - 50 Anos de Telejornalismo’, que foi em 1991 que sua equipe assumiu uma arte diária no ‘JN’, a do Mapa Tempo. “O primeiro deles [Mapa Tempo] tinha três tipos de informações: imagem de satélite, que, na verdade, era em preto e branco, mas inserida sobre o relevo da terra colorido; a previsão por ícones (sol, chuva, nuvens) e por bandas coloridas, que demarcavam as áreas afetadas; além das temperaturas das capitais. (...) Para a expectativa da época, era suficiente.”
A estreia do quadro foi no dia 8 de julho de 1991, com a jornalista Sandra Annenberg, a primeira mulher a participar diariamente do ‘JN’ ocupando o posto de apresentadora de um quadro fixo. Naquela edição, Cid Moreira anunciou: “Terça-feira de tempo bom em quase todo o país. A previsão da meteorologia com fotos do satélite Meteosat, recebidas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, indica também temperaturas altas na maioria dos estados”. Sandra Annenberg aparecia em pé ao lado de um grande mapa do Brasil, mas passava parte dos trinta segundos da apresentação de costas para o telespectador, característica que mudou ao longo do tempo.
Entrevista exclusiva da jornalista Sandra Annenberg ao Memória Globo em 27/01/2004, sobre a sua estreia no quadro ‘Previsão do Tempo’ no ‘Jornal Nacional’, em 1991
"Era feito no chroma-key. Então, eu anotava onde estavam os estados a que eu ia apontar, a temperatura aqui, ali. E a gente foi fazendo vários testes. Como o mapa era a grande estrela, eu tinha que levar o público até o mapa", lembra a jornalista Sandra Annenberg em entrevista ao Memória Globo.
O mapa, desde então, passou a ser elaborado e desenvolvido pela equipe do departamento de Arte do Jornalismo em São Paulo. Sandra gravava o quadro diante do fundo verde e, depois de pronto, era enviado ao Rio de Janeiro, onde seria incorporado como VT no telejornal. A apuração da previsão ficava por conta dos meteorologistas Carlos Magno e Ana Lucia Frony – eles recebiam boletins e informações, assimilavam e interpretavam o dado para que se tornasse notícia. Magno e Ana Lucia continuaram dando suporte para Rosângela Santos, a jornalista que sucedeu a Sandra Annenberg na apresentação do quadro.
Em 1996, quando Bonner e Lillian Witte Fibe assumiram a bancada e houve a reformulação no modo de fazer do ‘Jornal Nacional’, Carlos Magno foi convidado para apresentar o Mapa Tempo, função em que ficou até início dos anos 2000. “O trabalho conjunto com os jornalistas da Globo foi fundamental para passar a credibilidade necessária junto ao grande público. Considero isso um legado para o país”, destaca o meteorologista Carlos Magno no livro ‘JN - 50 Anos de Telejornalismo’.
Depois do meteorologista, jornalistas vieram, entre eles, Fabiana Scaranzi, Patrícia Poeta, Mariana Godoy, Evaristo Costa, Rosana Jatobá, Flávia Freire, Michelle Loreto, Izabella Camargo, Flávia Alvarenga, Maju Coutinho, Anne Lottermann, Tiago Scheuer e Eliana Marques.
No dia 2 de abril de 2012, o ‘Jornal Nacional’ estreou um novo ‘Mapa Tempo’, com três cenários, para mostrar todos os detalhes da previsão, incluindo fenômenos que acontecem no mundo e influenciam o clima no Brasil. O quadro, à época apresentado por Flávia Freire, passou a mostrar imagens reais de enchentes, secas e outros fenômenos climáticos através de um totem, que também tornou possível apresentar, simultaneamente, mapas com todas as variações que acontecem no dia, como temperatura, pressão atmosférica, direção e intensidade dos ventos, umidade do ar e chuva. Outro novo recurso do ‘Mapa Tempo’ foi uma maquete eletrônica capaz de trazer em 3D todos os detalhes de um acontecimento meteorológico.
Estreia do novo mapa de previsão do tempo no ‘JN’, 02/04/2012
Em 12 de outubro de 2013, Maria Júlia Coutinho apresentou a previsão do tempo pela primeira vez, no plantão de sábado. Maju se tornou apresentadora fixa do quadro em abril de 2015, quando a previsão passou a ser transmitida ao vivo, ganhando mais dinamismo.
“Em termos de apresentação, ficou mais fácil porque antes a gente tinha todo aquele esquema com controle remoto, com cenário virtual. Nessa mudança, o cenário não era virtual, eu via o que estava aparecendo no meu telão, eu ficava em pé, de um jeito que eu já estava acostumada, o que mudava era o bate-papo. (...) Houve uma conexão entre Bonner, Renata, nós três nos conectamos muito bem", destaca a jornalista Maju Coutinho em entrevista ao Memória Globo.
Estreia de Maria Júlia Coutinho como apresentadora titular da previsão do tempo no ‘Jornal Nacional’, 27/04/2015
Maju Coutinho, no livro ‘JN: 50 Anos de Telejornalismo’, conta ainda que o quadro ganhou mais tempo e o novo cenário fez parecer que toda a equipe estava no Rio de Janeiro, quando Maju estava em São Paulo: “Ganhou mais tempo ainda: dois minutos e trinta segundos, chegando a três minutos no caso de eventuais catástrofes. Willian Bonner e Renata Vasconcellos passaram a caminhar até um telão enorme para anunciar a previsão. O novo cenário dava a impressão de estarmos no mesmo espaço, mas eu continuava em São Paulo, e o Bonner e a Renata, no Rio de Janeiro.”
Com mais tempo e com o auxílio de meteorologistas, ilustradores, editores, fontes de diferentes instituições meteorológicas e científicas e da tecnologia, o ‘JN’ vai, cada vez mais, além da previsão do tempo. Mostra também as diferenças climáticas do país; destaca as peculiaridades de cada região; informa o nível de importantes reservatórios de abastecimento e de geração de energia elétrica; alerta sobre a cheia dos rios; explica o processo de formação de frentes frias, sistemas de baixa e alta pressão, nevoeiros, geadas.
As mudanças climáticas também se tornaram assunto da previsão do tempo do 'JN’. O telejornal traz dados sobre o aquecimento do planeta, desmatamento e uso de fontes alternativas de energia, o que rendeu ao ‘JN’ uma menção elogiosa na Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (UNFCC).
O gerente de Ilustração e Arte em São Paulo, Andrei Jiro, que acompanhou todas as mudanças – dos anos 1990 a 2019 –, lembra, no livro ‘JN - 50 Anos de Telejornalismo’, que a apresentação do tempo incorpora o que há de mais moderno em tecnologia nessa área: “Criamos novos formatos de apresentação, atentos às inovações tecnológicas, que permitiram maior diversidade de dados. O que começou com três variáveis em um fundo chroma-key, evoluiu para um set virtual com várias posições de apresentação e interação, além de elementos como alta e baixa pressão, ventos. Depois, implantamos uma solução que combinava o melhor da realidade com recursos virtuais”.
Em setembro de 2019, Maju Coutinho se despediu da previsão do tempo do ‘JN’ para substituir Sandra Annenberg no ‘JH’. Seu posto foi assumido por Anne Lottermann, que estreou em dezembro. Até que Anne começasse no cargo, a função coube a Jacqueline Brazil e Eliana Marques. Dois anos depois, Anne Lottermann deixou a Globo, e Eliana Marques ocupou a previsão do tempo como titular.
Estreia de Eliana Marques como titular na previsão do tempo do ‘Jornal Nacional’, 13/12/2021
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No dia 2 de julho de 2015, a página do ‘Jornal Nacional’ no Facebook postou uma foto da jornalista Maria Júlia Coutinho diante do painel da meteorologia, durante a previsão do tempo. A publicação, no entanto, teve uma repercussão inesperada. Até o dia seguinte – justamente o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial –, pessoas publicaram comentários ofensivos, de cunho racista, direcionados à repórter. A ação gerou revolta de milhares de internautas, que se manifestaram em defesa da jornalista e contra o preconceito.
Na tarde do dia 3, William Bonner e Renata Vasconcellos publicaram um vídeo na página do ‘JN’, em apoio à jornalista. Eles mostraram um cartaz com os dizeres #SomosTodosMaju – hashtag que chegou aos tópicos mais comentados de outra rede social, o então Twitter.
Equipe do ‘JN’ faz vídeo em apoio à Maju, 03/07/2015
À noite, o ‘Jornal Nacional’ discutiu o assunto, informando que o Ministério Público do Rio de Janeiro pediu a investigação das ofensas publicadas por internautas, reforçando que “a Globo espera que essas ações cheguem a bom termo e que os criminosos sejam punidos”.
Ao vivo, Maju também passou uma mensagem: “Lido com essa questão do preconceito desde que me entendo por gente. Claro que fico muito indignada, fico triste com isso, mas não esmoreço, não perco o ânimo, porque isso é o mais importante”. A jornalista disse esperar pela punição dos culpados para evitar que este tipo de crime volte a ocorrer, mas considera que a melhor forma de responder às injúrias seja por meio de seu trabalho, sempre realizado com competência e dedicação.
Maju fala sobre as ofensas racistas recebidas na página do Facebook do telejornal e recebe o apoio de William Bonner e Renata Vasconcellos. ‘Jornal Nacional’, 03/07/2015