Por Memória Globo

Acervo/Globo

João Mello e Alice-Maria editando o 'Jornal Nacional' na moviola. — Foto: Acervo/Editora Globo

O ‘Jornal Nacional’ nasceu na fase mais dura do regime militar. Desde a decretação do Ato Institucional n°5, em dezembro de 1968, a pressão sobre os meios de comunicação era intensa. E o ‘JN’ foi censurado logo na estreia. O assunto principal era o Acidente Vascular Cerebral (AVC) do presidente Costa e Silva. Proibidos de divulgar a doença do presidente, os editores do ‘JN’ foram obrigados a negociar com os militares. A notícia acabou saindo no telejornal, mas sem foto ou imagem.

“O estado de saúde do presidente Costa e Silva, neste momento, é o seguinte: está melhor e se alimentando bem. O presidente teve o primeiro sinal da crise circulatória quinta-feira, ainda em Brasília. Sentiu dor de cabeça e tonteira. Na sexta, chegou ao Rio passando mal e foi examinado pelo clínico Mário Miranda que convocou, imediatamente, os neurologistas Abraão Ackermann e Paulo Niemeyer que o assistem permanentemente e que, domingo à noite, assinaram laudo médico afirmando que o marechal Costa e Silva sofreu uma crise circulatória com manifestação neurológica”, informaram Hilton Gomes e Cid Moreira na edição de estreia do ‘JN’.

“Nós não éramos nem mais nem menos censurados do que O Globo, O Estado de S. Paulo, o Jornal do Brasil, a Folha de São Paulo. Nessa época, não havia internet, fax, havia telex, que era o instrumento de comunicação mais ágil que havia na época. O mesmo telex que mandavam pra redação do ‘Jornal Nacional’ mandavam pra redação do Globo, do Jornal do Brasil, do Estado de S. Paulo, da Revista O Cruzeiro, de todos os jornais. Imagino que até o Arauto do Piauí devia receber também, com um certo atraso, dizendo o que se podia e o que não se podia noticiar. Não havia diferença. Havia nas redações sempre um oficial do SNI [Serviço Nacional de Informações] de plantão. E a gente fazia todo o possível para ludibriar esses coronéis”, lembra Armando Nogueira, então diretor-geral de Jornalismo da Globo, em entrevista ao Memória Globo.

Na época, uma das estratégias de ocupar o tempo do telejornal quando uma matéria era censurada era ilustrá-lo com imagens inusitadas, como o nascimento de animais em zoológicos. Assim, o telespectador passou a entender que ali deixara de receber uma informação, que acabara de ser vetada pelo censor. “Nós precisávamos de imagem, então nós recorríamos aos jardins zoológicos do mundo inteiro. Toda vez que nascia uma espécie, toda vez que nascia um mico-leão, a gente botava no ‘Jornal Nacional’, valorizava muito o mico-leão. A gente contava sempre uma historinha de um elefante, de um jacaré, no ‘boa noite’, que era uma maneira quase que alegórica de insinuar para o público que nós estávamos debaixo de censura. Então, a gente usava todos os artifícios”, explica Armando Nogueira.

O sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick por grupos armados da esquerda brasileira foi outro tema muito discutido com os censores. O episódio ocorreu três dias após a estreia do ‘JN’, dia 4 de setembro, quando Elbrick foi levado por militantes do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) e da Aliança Libertadora Nacional (ALN). Durante três dias, o embaixador ficou preso em uma casa no bairro do Rio Comprido, Rio de Janeiro. Com a operação, os sequestradores conseguiram a libertação de 15 presos políticos e chamaram a atenção internacional para a luta contra a ditadura no Brasil. No entanto, a cobertura foi restrita e, mesmo obtendo em primeira mão a relação dos presos a serem libertados, a TV Globo só pôde divulgar os nomes depois da autorização do governo.

“Essa interferência era diária. Nós vivíamos, em toda a emissora, no cotidiano. Vinha desde o comprimento da saia da bailarina do Chacrinha – que era uma coisa moralista – até os interesses políticos que estavam no ‘Jornal Nacional’”, relembra José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que ocupou cargos de direção na Globo de 1967 a 1997, em entrevista ao Memória Globo.

O ‘JN’ ficava cada vez mais visado à medida que a audiência aumentava. Foram vários os assuntos proibidos ao longo da década de 1970, como o discurso do Papa Paulo VI sobre os dez anos da encíclica Populorum Progressio e a missa de sétimo dia do ex-presidente João Goulart. Também foram vetadas notícias sobre cassações de mandatos e suspensão de direitos políticos; a denúncia de acordos militares entre Brasil e EUA; a visita da Anistia Internacional e o afastamento do general Silvio Frota do Ministério do Exército.

Em 1977, Alice-Maria, então diretora de telejornais da Globo, e Luís Edgar de Andrade, subeditor chefe de redação do ‘JN’, foram intimados a depor no Dops (Delegacia de Ordem Política e Social), acusados de pertencerem ao Partido Comunista Brasileiro, o PCB. Os dois foram acompanhados até a delegacia pelo próprio Roberto Marinho, um apoio explícito do dono da emissora aos funcionários de confiança.

Notícias internacionais em tempos de Censura

A cobertura no exterior foi fortalecida em função das pressões políticas para limitar o tratamento dos assuntos internos do país. E foi dentro desse cenário que a Globo passou a investir em escritórios internacionais, como explica Armando Nogueira, em entrevista ao Memória Globo.

“Nós passamos a oferecer ao público uma informação internacional muito mais atualizada, muito mais quente, estabelecendo inclusive um contraste, do ponto de vista ideológico, do ponto de vista da liberdade de expressão, porque nós estávamos em plena ditadura. Enquanto o Brasil aparecia como um oásis de paz e tranquilidade, o mundo aparecia conturbado. Nós criávamos realmente uma grande inquietação para os homens do poder. E havia um fato curioso: nós fazíamos pesquisa, e a informação que mais interessava ao nosso público era a informação internacional, porque eles sabiam que aquela informação não era manipulada. (...) Na realidade, era um tremendo feeling do público que sabia que ele estava tendo uma informação que não estava sendo censurada; censurada era a informação nacional. Então, havia um desequilíbrio muito grande na qualidade da informação. E nós, por isso, nos antecipamos a todas as outras redes e conseguimos criar bureau em Nova York, Londres, Paris, exatamente para fortalecer o jornalismo internacional, que era o nosso único meio de sobreviver com uma informação autêntica e não com a informação manipulada.”

Diante das dificuldades políticas para tratar dos assuntos nacionais, a Globo fortaleceu o jornalismo internacional, investindo na formação de correspondentes. O primeiro foi Hélio Costa, que trabalhava em Washington para o programa radiofônico ‘Voz da América’ e que passou a enviar, como freelancer, matérias para a Globo até ser contratado em setembro de 1972. A repórter Cidinha Campos também era enviada, ocasionalmente, aos Estados Unidos e à Europa para realizar reportagens sobre assuntos variados. O repórter Janos Lengyel, então correspondente do jornal O Globo em Genebra, também produzia matérias para a TV Globo. A presença dos correspondentes nos locais onde se davam os fatos conferia mais veracidade à notícia que o mero uso do material das agências internacionais. Eles personalizavam as notícias, tinham a visão brasileira, sabiam o que era de interesse nacional.

“Quando eu cheguei para fazer o primeiro teste de uma reportagem em Nova York não havia estrutura, nós tivemos que contratar a equipe, fazer praticamente tudo sozinhos. A primeira providência que eu pedi à Globo, a primeira ajuda, foi a produtora: ‘Eu preciso de uma pessoa que me ajude a produzir as matérias, que me assessore quando a gente conseguir cenas importantes de um assunto que estamos tratando, preparar as minhas entrevistas, ligar para as pessoas que nós vamos entrevistar, desde passagem até hospedagem, material de suporte da própria entrevista, da reportagem’. Depois disso, (...) eu pedi que a TV Globo me mandasse um cinegrafista brasileiro para trabalhar comigo”, lembra Hélio Costa em entrevista ao Memória Globo.

Desde o início de 1971, as imagens do exterior eram fornecidas à TV Globo pelo SIN (Sistema Ibero-Americano de Notícias). Eram dez minutos do satélite, com transmissão de dois tipos de imagens: as da Eurovisão, com os fatos do dia na Europa e no Oriente Médio, e as selecionadas por países ibero-americanos (Espanha, Portugal, México, Colômbia, Venezuela, Argentina e Chile), que formavam um pool.

Todas as manhãs uma conferência telefônica, com os países integrantes do pool, gerava a pauta do dia. A matéria, para ser aceita no satélite, precisava do voto de, no mínimo, três países. Nessa época, de franquismo na Espanha, salazarismo em Portugal e regimes militares na América Latina, os critérios para a escolha das matérias eram, muitas vezes, alheios aos interesses jornalísticos.

“O sistema desse satélite ibero-americano era um sistema de votação. E cada representante do país oferecia ao intercâmbio as matérias que tinha no dia”, lembra Luís Edgar de Andrade, editor-chefe do ‘Jornal Nacional’ de 1979 a 1981, em entrevista ao Memória Globo.

Em 1973, a emissora assinou contrato com a agência de notícias United Press International (UPI), e o ‘JN’ passou a receber imagens do mundo inteiro, todos os dias, via satélite. Esse processo trouxe rapidez para a editoria porque, até então, o material da UPI vinha de avião e, muitas vezes, chegava com até três dias de atraso.

Diante do sucesso das transmissões, a Globo decidiu montar escritórios fora do Brasil. O primeiro foi inaugurado em Nova York, sob a chefia de Hélio Costa, pouco depois de sua contração, ainda em 1972. Começou em uma pequena sala e com uma única câmera, mas logo depois foram instalados estúdios de áudio e vídeo. “Um belo dia, o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho] chegou em Nova York e disse: ‘Mas cadê o estúdio?’, ‘Que estúdio? A gente não tem estúdio. Aqui tem eu, o cinegrafista e a produtora, mais ninguém’. ‘Então, vamos ter que fazer um estúdio para você. Está autorizado, pode começar a obra!’. E fizemos o estúdio”, contou Hélio Costa, em entrevista ao Memória Globo.

A equipe inicial de três pessoas – Hélio Costa, uma produtora e um cinegrafista – passou a contar com 30 funcionários no fim da década de 1970, como também lembra Hélio Costa em depoimento ao Memória Globo. Entre os repórteres, estavam Lucas Mendes, Sérgio Motta Mello, Paulo César Araújo, Roberto Feith e Luís Fernando Silva Pinto. Orlando Moreira, José Wilson da Mata, Henderson Royes, Edgar Cavaliero, Henrique Olivier, Marcelo Alexim e Marco Aurélio eram os repórteres cinematográficos.

O escritório de Londres foi aberto em 1974, com a repórter Sandra Passarinho e o repórter cinematográfico Orlando Moreira. Os dois foram envidados à Europa para cobrir a Revolução dos Cravos, em Portugal. “O escritório ia ser em Londres, a gente já sabia disso, mas os acontecimentos nos levaram de uma cidade pra outra. Nossa ida foi antecipada pelo golpe em Portugal. A gente ia naquele ano, ia mais adiante, mas aí estourou o golpe e, pimba!, lá fomos nós”, lembra a jornalista Sandra Passarinho em entrevista ao Memória Globo. Eles embarcaram para a Espanha em 25 de abril e, no dia seguinte, as reportagens estavam no ‘JN’.

Webdoc sobre a cobertura da Revolução dos Cravos em 1974, com entrevistas exclusivas do Memória Globo

Webdoc sobre a cobertura da Revolução dos Cravos em 1974, com entrevistas exclusivas do Memória Globo

No dia 27, os dois partiram para Lisboa e, nas semanas seguintes, fizeram gerações diárias de Portugal. A cobertura da Revolução dos Cravos fez um sucesso tão grande que a viagem de Sandra Passarinho e Orlando Moreira foi estendida. Eles seguiram na Europa, cobrindo fatos como as eleições na França, o referendo sobre o aborto na Itália e a morte do general Franco na Espanha. A intensificação da cobertura no continente europeu levou à criação do escritório em Londres.

“Nós íamos cobrir a queda da ditadura em Portugal por quinze dias. Mas fizemos tantas coisas. Foi tão impressionante vir de um país que sofreu uma ditadura e ver aquela ditadura caindo lá. A Revolução dos Cravos foi uma revolução em que não houve um tiro”, lembra Orlando Moreira em entrevista ao Memória Globo.

Em 1977, o jornalista Roberto Feith foi transferido de Nova York, onde era repórter, para assumir o posto de correspondente em Paris, acompanhado do repórter cinematográfico José Wilson da Mata. “Eu tinha 20 e poucos anos, Zé Wilson era mais moço ainda. A gente foi enviado para Paris para fazer um bureau: eu e ele, não tinha mais ninguém. A gente contratou uma pessoa, uma secretária, Marcy [Barsi], que, depois, trabalhou muitos anos também em Londres como editora”, destaca Roberto Feith em entrevista ao Memória Globo.

Em cinco décadas de cobertura internacional, a Globo atuou em dezenas de postos pelo mundo. Em 2013, a emissora tinha 29 correspondentes expatriados: 11 nos Estados Unidos, dois na Argentina, sete na Inglaterra, dois na França, dois em Portugal, um na Alemanha, um na Itália, um em Israel e dois no Japão. Em 2024, a TV Globo segue com escritórios em Nova York e Londres, e presença em Portugal, Suíça, Itália e França. A depender da necessidade, há deslocamento de equipes para outros países.

Abertura política e redação de Brasília

O general Ernesto Geisel, quarto presidente do Brasil desde o golpe militar, tomou posse em 15 de março de 1974, iniciando uma abertura política controlada, definida por ele mesmo como “lenta, gradual e segura”. Logo no começo, diminuiu a severa ação da censura sobre os meios de comunicação e garantiu a realização, em novembro daquele ano, de eleições livres para senadores e deputados.

A chegada de Geisel ao poder representou um novo tempo para o ‘Jornal Nacional’. Durante o governo anterior, do general Emilio Garrastazu Médici, o jornalismo político tinha pouca expressão no telejornal e nos outros programas da TV Globo. Em consequência, o escritório de Brasília praticamente não participava da programação de rede. A sucursal produzia quase que exclusivamente o noticiário local, cobrindo os acontecimentos e problemas da cidade.

Em março de 1973, Antônio Carlos Drummond (Toninho Drummond) assumiu a direção de Jornalismo de Brasília com a missão de incrementar o noticiário político e aumentar a participação da capital nos telejornais de rede. Em entrevista ao Memória Globo, Toninho Drummond explicou que a equipe era pequena exatamente porque só havia demanda local: “Naquela época, fundamentalmente, o núcleo de Brasília só tratava do noticiário local. Zero participação de Brasília nos noticiários em rede. Zero. Eu me lembro de comemorar com essa equipe um ‘Hoje’ de sábado. Nós nos reunimos na redação para assistir ao ‘Hoje’, para comemorar a terceira matéria de Brasília naquela semana em rede. Imagina o que era isso. Era só a cidade de Brasília. Fazíamos o buraco de rua, o trânsito”.

Toninho Drummond contou ao Memória Globo que, assim que assumiu, pediu uma audiência com o assessor de imprensa do presidente Médici, mas não foi recebido. As relações com o Planalto só melhoraram no governo Geisel. A partir de 1974, os repórteres da Globo passaram a cobrir o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e os ministérios. “Só com a posse do Geisel eu voltei ao Palácio. Já a essa altura o clima era outro, o ambiente era outro. Você sentia que estava se iniciando realmente um processo de abertura política, de oxigenação da vida política em Brasília”, completou.

A abertura de Geisel era, no entanto, cheia de avanços e recuos. Quando morreu Juscelino Kubitschek, em agosto de 1976, a Globo pôs no ar uma edição extra de três minutos. Os militares não gostaram e mandaram um recado: a notícia deveria ser dada com menos emoção no ‘Jornal Nacional’. Além disso, não seria permitido mencionar que o ex-presidente tivera seus direitos políticos cassados nem fazer alusão à sua carreira política e realizações administrativas. Apesar das restrições, a TV Globo cobriu o velório e o enterro de Juscelino. Surpreendeu os telespectadores com imagens e a voz do povo entoando a música ‘Peixe Vivo’ no aeroporto, enquanto o corpo de JK era colocado em um avião com destino a Brasília. Só as imagens do enterro ficaram de fora. O filme não chegou a tempo de ser exibido no telejornal por causa do tumulto na saída da equipe de reportagem do cemitério. A tecnologia que permitiria a transmissão de imagens do local -- Eletronic News Gathering (ENG) -- não estava disponível naquele momento, mas passaria a ser usada pela Globo ainda naquele ano.

Outro destaque na reestruturação da cobertura política aconteceu também em 1976, no processo de eleições diretas para prefeitos em todo o país, com exceção das capitais e de alguns municípios considerados áreas de segurança nacional. O planejamento começou em agosto, no Rio de Janeiro. Era a primeira vez que o jornalismo investia pesado em uma cobertura desse tipo. O ‘Jornal Nacional’ apresentou edições especiais, atualizando a votação e a apuração dos votos.

O processo de redemocratização e o fortalecimento da democracia nos anos 1990 aumentaram ainda mais a demanda da redação de Brasília, que passou a gerar cada vez mais conteúdo para o ‘Jornal Nacional’.

Ricardo Villela, diretor de Jornalismo de Brasília entre 2013 e 2018, destacou, em entrevista ao Memória Globo, o crescimento contínuo da praça para atender a cada vez maior demanda da rede, principalmente a do ‘JN’: “A equipe aumentou nesses anos, o que mostra o compromisso e o comprometimento que tem essa casa com o bom jornalismo, porque foram tempos também de crise econômica, e crise econômica grave. (...) A gente ganhou recursos para a GloboNews, para a rede e para o g1. Todas as equipes aumentaram. Não aumentaram enormemente, aumentaram dois, três profissionais aqui e ali, mas fundamentais, porque a demanda para um ‘Jornal Nacional’ de dois, três VTs por dia numa quarta-feira, [por exemplo] passa a ser de cinco, seis, às vezes oito repórteres no ar”.

Incêndio e 'Jornal Nacional’ em São Paulo

Em 4 de junho de 1976, por volta de 13h, um curto-circuito no sistema de ar-condicionado provocou um incêndio que entrou para a história da TV Globo, no Rio de Janeiro. O fogo começou no segundo andar no prédio da Rua Von Martius, no Jardim Botânico. Seis ilhas de videoteipe, equipamentos do setor de telecine e de emissão de comerciais foram destruídos.

Matéria de O Globo sobre o incêndio na TV Globo — Foto: O Globo, 05/06/1976, página 13

Pouco antes das 14h, o diretor de Jornalismo da Globo, Armando Nogueira, fez uma rápida reunião na calçada da Von Martius com os editores Nilson Viana, Luís Edgard de Andrade e Edson Ribeiro, e o chefe de reportagem Mauro Costa. Logo depois informou que a Alice-Maria, diretora de telejornais da Globo, e os editores Theresa Walcacer, Ronan Soares e Mauricio Albuquerque tinham seguido para São Paulo, de onde o ‘Jornal Nacional’ seria transmitido. “Nesse mesmo dia do incêndio, um batalhão de choque pegou um avião e foi para São Paulo montar o jornal lá”, lembra Luís Edgard de Andrade em entrevista ao Memória Globo.

Mauro Costa transferiu a reportagem para o saguão do novo prédio, na Rua Lopes Quintas, e informou que no voo das 18h seguiram também para São Paulo os locutores Cid Moreira e Berto Filho – este último, à época, apresentava o 'Jornal Hoje', e foi convocado para a viagem após o término do telejornal da tarde.

“Esse [incêndio] foi de tarde. Todo o segundo andar foi realmente embora, a gente conseguiu ter algumas coisas salvas. Esse [incêndio] obrigou a reconstruir na garagem da Lopes Quintas uma central pra poder continuar a transmitir. A gente já tinha um link Rio-São Paulo funcionando bem, então a mudança da geração do Rio pra São Paulo foi quase que imediata", contou o engenheiro Herbert Fiuza em entrevista ao Memória Globo.

As atividades no Rio foram retomadas quase três meses depois, com a chegada de novos equipamentos importados dos Estados Unidos.

Webdoc sobre o incêndio que atingiu a sede da TV Globo em 1976, com depoimentos exclusivos ao Memória Globo

Webdoc sobre o incêndio que atingiu a sede da TV Globo em 1976, com depoimentos exclusivos ao Memória Globo

Redação em São Paulo

Na segunda metade da década de 1970, o então diretor de jornalismo da TV Globo de São Paulo, Luiz Fernando Mercadante, ampliou a participação da sucursal paulista nos telejornais de rede, principalmente no ‘Jornal Nacional’. Uma de suas principais medidas foi reforçar a equipe de profissionais, com a contratação de novos repórteres, entre eles nomes importantes da imprensa escrita, como Paulo Patarra, Woile Guimarães, Dante Matiussi, Eurico Andrade, Narciso Calili, Raul Bastos, José Hamilton Ribeiro, Chico Santa Rita e Humberto Pereira. A adaptação desses jornalistas à linguagem da televisão foi rápida. Eles também contaram com o apoio de antigos profissionais da emissora, como as repórteres Sumika Yamazaki e Marília Gabriela, os editores Fabbio Perez e Neusa Rocha e o chefe de reportagem Laerte Mangini.

Para garantir a segurança da operação, no início todas as matérias dos estados apresentadas no ‘JN’ eram geradas a partir da sede da emissora, no Rio de Janeiro. A única exceção era São Paulo, que entrava diariamente ao vivo no telejornal não só pela importância da praça, mas pela confiabilidade técnica da operação.

Em casos muito especiais, se não desse tempo para gravar e o assunto fosse importante, Brasília também podia entrar ao vivo no ‘Jornal Nacional’. O primeiro repórter a participar no ‘JN’ direto de Brasília foi Geraldo Costa Manso, em agosto de 1974. Do Itamaraty, ele anunciou que o Brasil estava reatando relações diplomáticas com a China.

O jornalismo da sucursal se impôs pela credibilidade e conquistou a confiança da direção da emissora.

Rotina do ‘JN’ e CPN

Nos primeiros anos da década de 1970, a Globo já contava, em todo o Brasil, com cerca de 150 profissionais na produção do noticiário do ‘Jornal Nacional’, entre editores, locutores, repórteres e repórteres cinematográficos. O telejornal começava a ser elaborado às 6h, com a montagem da pauta. Logo em seguida, as equipes iam para a rua realizar reportagens, tarefa difícil na época em função da complexidade do equipamento (câmeras, luzes, microfones etc.), que ainda não era totalmente portátil.

De volta à redação, enquanto os repórteres preparavam os textos, as imagens iam sendo reveladas e logo encaminhadas para os editores de texto e de imagem, que começavam o trabalho principal no início da tarde. Paralelamente, outra parte da equipe recebia e editava o noticiário internacional, com informações das agências e as imagens via satélite. Também à tarde começavam a chegar, via micro-ondas do sistema Embratel, as matérias das sucursais e das afiliadas, que eram vistas ou modificadas pelos editores nacionais de acordo com o tempo disponível no telejornal do dia. As mais longas eram “enxugadas” para que o telejornal não perdesse o ritmo e o maior número possível de praças pudesse participar.

Tudo deveria estar pronto até as 19h. A essa altura, os apresentadores já estavam no estúdio se familiarizando com os textos, podendo inclusive sugerir uma ou outra alteração capaz de melhorar a sonoridade das frases.

Às 19h45, o ‘Jornal Nacional’ entrava no ar. O trabalho, no entanto, não terminava aí. Glória Maria conta, em entrevista ao Memória Globo, que mesmo depois de o telejornal já estar sendo exibido, os repórteres não iam embora da redação: “Na hora do jornal, sentava todo mundo em volta da televisão para ver a matéria. Quando a matéria era legal, todo mundo batia palmas, era uma coisa bárbara. E só se saía da televisão às nove da noite, porque [a gente] fazia uma reuniãozinha para comentar o jornal. As pessoas viviam dentro da redação do ‘Jornal Nacional’”.

A produção do ‘Jornal Nacional’ foi sendo alterada ao longo das décadas. Mudanças nas tecnologias de comunicação agilizaram a apuração da notícia e reestruturações no modo de trabalho foram necessárias. Uma delas foi a criação do Centro de Produção de Notícias, o CPN, em 1976. O CPN reunia dois departamentos que até então funcionavam separadamente: a Coordenação Nacional, então chefiada por Ronan Soares, e a Coordenação Internacional, chefiada por Henrique Coutinho à época. A função do CPN era monitorar a realização das reportagens nas diversas praças e nos escritórios no exterior. “Ficamos uns três meses em São Paulo [por conta do incêndio no Rio de Janeiro, em junho de 1976.]. (...) Na volta, eu venho com uma coisa que eu tinha muito forte dentro de mim, que era a ideia de integração nacional de Brasil. Eu achava a Globo muito Rio e São Paulo. (...) A gente fazia o seguinte: ligava de manhã para todos os estados. Sabia o que vinha. Mandava pelo telex. E eu era responsável por informar para o editor do ‘Jornal Nacional’ o que tinha, quais eram as matérias do dia. E ao mesmo tempo influir na produção. E aí começa o CPN, de uma maneira muito primária ainda, que foi crescendo, crescendo”, lembra Ronan Soares em entrevista ao Memória Globo.

No início dos anos 1980, Ronan Soares saiu do CPN, que passou a ser dirigido por Eurico Andrade e, em seguida, por Alberico de Sousa Cruz. Pouco tempo depois, o lugar foi ocupado por Wianey Pinheiro, que fez uma reordenação geral no CPN visando a transformá-lo na grande chefia de reportagem da Central Globo de Jornalismo, ou seja, em um abastecedor dos vários telejornais e programas das afiliadas e emissoras da Globo. Sua função básica era centralizar e organizar a produção da notícia e dar mais assistência aos repórteres regionais e aos correspondentes internacionais. O CPN se transformou na alma do jornalismo da Globo. Contava com um produtor para cada programa e telejornal, responsável pela ronda diária em todos os estados do país, do Rio Grande do Sul ao Amazonas, e em todos os locais onde havia escritórios da emissora no exterior. Depois de apuradas as informações, o produtor as repassava para os editores, que planejavam então o que iria ao ar.

O CPN foi importante para fazer com que pequenas localidades brasileiras se fizessem mais representadas nos grandes programas do telejornalismo nacional. O Centro estimulava e cobrava das emissoras da Globo e das afiliadas em todo o país o envio de material para o ‘Jornal Nacional’ e para os outros telejornais de rede.

Foram instituídas reuniões diárias com todos os editores do ‘Jornal Nacional’ e com os representantes das praças – São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. Essas reuniões – apelidadas de reuniões da “caixa de conferência” ou “caixa de sapato” – começavam logo após a exibição do ‘Jornal Nacional’ e eram realizadas via satélite. Em cada praça, em cima da mesa de reuniões, havia um aparelho em formato de caixa, com microfones e um alto-falante, através do qual os jornalistas se comunicavam, fazendo uma avaliação da edição que acabara de ir ao ar e planejando a do dia seguinte. Eram analisados os assuntos que poderiam render matéria e elaborado o Jornal da Pauta, uma publicação enviada para todas as emissoras da TV Globo e afiliadas.

“[O CPN] passa realmente a ser a antessala de qualquer produto do jornalismo nesse período em que a gente [assumiu]. (...) Ali realmente trepidou o jornalismo e, mais do que isso, trepidou de uma forma capaz de mexer com algumas outras estruturas que não só o noticiário. Fez a cabeça da Globo começar a pensar diferente, por esses mecanismos, como o Jornal da Pauta e a reunião da conferência”, conta Wianey Pinheiro, em entrevista ao Memória Globo.

No dia seguinte pela manhã, havia uma nova reunião na qual o Jornal da Pauta era discutido, e as afiliadas e os escritórios internacionais poderiam sugerir novos assuntos. A partir daí, era montado o primeiro espelho, ainda provisório, do telejornal. Às 17h30 era produzido o segundo e, finalmente, às 18h30 já estava pronto o terceiro e definitivo espelho do ‘JN’. Com o CPN e as reuniões de conferência, as discussões éticas e de conteúdo se ampliaram e passaram a fazer parte do cotidiano dos profissionais da Globo. Por isso, são considerados marcos do processo de amadurecimento do jornalismo da emissora.

“No período que eu assumo o CPN, o Centro de Produção de Notícias, eu implanto duas coisas importantes: o Jornal da Pauta, que eles brincavam e chamavam Jornal do Pinheiro, que era onde a gente consolidava, por escrito, e circulava na rede inteira, no país inteiro, a organização. Isso era feito no final da noite e, no dia seguinte, de manhã, todo mundo sabia o que estava acontecendo de produção. (...) Foi a primeira coisa mais democrática em termos de crítica do próprio trabalho da Central Globo de Jornalismo. Eu fazia, toda noite, algumas observações sempre sucintas, telegráficas, desde coisas formais a coisas assim: ‘tal matéria foi cortada porque teve erro tal; tal matéria faltou ouvir esse ângulo’. Tinha ali uma coisa que começava a trepidar em termos de discussão interna. Isto veio a tomar mais densidade quando se criou a famosa reunião da caixa de conferência. Tinha um mesão lá no CPN. Terminavam os telejornais, mas particularmente o ‘Jornal Nacional’, iam para aquele mesão absolutamente todos os editores, inclusive os apresentadores, e nós fazíamos um grande debate com todo o país, via um sistema de conferência, onde você criticava o jornal que acabou de ir para o ar e, depois, projetava o jornal do dia seguinte. Então, esses dois processos: o Jornal da Pauta e a reunião da caixa de conferência foram muito importantes. Porque uma atitude é eu sugerir ou dar um telefonema: ‘Olha, é assim, assado’. Outra coisa é todo mundo contribuindo, com crítica boa ou ruim, ou com observação, ou com conhecimento, enfim, uma dialética. Você tinha efetivamente naquelas reuniões o que é matéria-prima elementar do jornalismo: você apresenta a questão e debate sobre ela. É a famosa coisa da dialética: você apresenta a tese, alguém apresenta a antítese, e você vai achar uma síntese, o melhor possível. O Jornal da Pauta ia para a mesa do Dr. Roberto, ia para absolutamente todas as áreas que importavam na empresa. Então, eu tenho certeza de que esses dois instrumentos foram fundamentais para um ganho em termo de discussão interna, que refletia no trabalho que a gente apresentava no ar”, explica Wianey Pinheiro, em entrevista ao Memória Globo.

“Quando vim trabalhar aqui, [como produtor do ‘Jornal Hoje’], o esquema de produção era dividido por telejornal, quer dizer, tinha o produtor do ‘Nacional’, o produtor do ‘Hoje’, o produtor do ‘Jornal da Globo’, o produtor do ‘Bom Dia Brasil’. E cada produtor fazia toda a ronda diária, para trazer todo o noticiário que tinha daquele turno – daquela manhã, daquela tarde, daquela noite – para o respectivo jornal. Eu chegava muito cedo. Eu via o ‘Bom Dia Brasil’ e, a partir do fim do programa, eu saía ligando para todos os estados, literalmente todos, do Rio Grande do Sul ao Amazonas, para ver se tinha alguma novidade, algum fato da noite, algum fato da madrugada, alguma coisa da agenda da manhã que ia acontecer. Quando a equipe do jornal chegava, você fazia o relato para todos os demais editores. Então, na verdade, a produção era a alma do jornal, porque toda a produção dependia – aliás, todo jornal dependia – dessa produção. Ou seja, se o produtor não tivesse checado uma informação ou alguma reportagem, poderia haver uma falha no esquema do jornal. Então, ele estava centralizado no CPN. Todos os jornais estavam escorados literalmente no CPN. Então, o CPN, nesse momento da CGJ, nessa época, era realmente o coração do jornalismo”, resume Carlos Henrique Schroder, que trabalhou como produtor da manhã do ‘Jornal Hoje’, atendendo ao CPN, quando saiu da RBS e veio para o Rio de Janeiro, em 1984.

A partir de 1990, quando Alberico de Sousa Cruz assumiu o cargo de diretor de Jornalismo, houve uma mudança no processo de produção das notícias, como explica Carlos Henrique Schroder, que, na ocasião, assumiu a função de diretor de produção da CGJ. “A primeira providência que ele [Alberico] pediu era fazer um remanejamento nesse conceito de CPN. Então, a gente deixa de ter o CPN naquele velho modelo e entrega ao editor-chefe, de fato, o comando do jornal. Então, o editor-chefe passa a ter uma equipe, e a equipe é responsável pelo jornal, e não mais a produção. (...) Você tem uma entidade integrada, que seria o antigo Centro de Produção, [mais tarde chamado de] Mesa de Produção, e você tem as pessoas de cada jornal alocadas ali, mas, de fato, elas estão trabalhando para o jornal, e não mais para um centro de produção. Estão ligadas a cada jornal.”

No final dos anos 1990, o Núcleo de Produção foi novamente reestruturado, retomando características do antigo CPN, como conta Márcia Menezes, que ficou na chefia de produção de 1999 a 2004. “A chefia de produção é uma área muito importante para todos os telejornais, ainda mais naquela época que a gente estava começando a enxergar uma produção mais compartilhada, pensando na distribuição para todos os telejornais. Era um ponto importante [de conexão] com os repórteres”.

Em 2004, quando Mônica Barbosa assumiu o cargo de chefe de produção no lugar de Márcia Menezes, que se tornava editora-chefe adjunta do ‘Jornal Nacional’, a Mesa Rede falava “com o núcleo de cada afiliada, de qualquer lugar do Brasil” para compor um cardápio variado de notícias para os telejornais da Globo. E ela explica em entrevista ao Memória Globo: “Todas as nossas afiliadas têm que ter uma equipe de rede, não só uma equipe para o noticiário local, que fale com a gente aqui [chefia de produção de rede]. (...) Se acontece alguma coisa, você sabe exatamente para quem ligar. Você tem o telefone de memória, com o código do estado. Eu tinha todo mundo no meu telefone. De qualquer lugar. São cento e tantas afiliadas, cada uma delas com aquelas pessoas-chave. Para qualquer jornal de rede que precisa de material, a qualquer hora, eles estão prontos para cobrir."

Cristiana Souza Cruz, que assumiu o cargo entre 2007 e 2013, quando Mônica Barbosa se tornou coordenadora do escritório de Nova York da Globo, complementa que foi nesse período em que entendeu “o tamanho dessa estrutura da rede, porque é tão grande e tão forte. (...) Além de pedir, receber e aceitar ofertas, a gente também orientava”.

Em 2013, então, Fátima Baptista assumiu a gestão da Mesa Rede dos telejornais da Globo, área que centraliza o recebimento de informações entre os jornalistas das mais de 100 afiliadas da emissora, o g1 e a GloboNews, desde o início da manhã. No livro ‘Jornal Nacional – 50 Anos de Telejornalismo’, Fátima define que a Produção é “o início, o fim e o meio” do ‘Jornal Nacional’. Ela relata que a equipe redige um relatório detalhado chamado “previsão do JN” todos os dias, a partir de 7h da manhã. São dez páginas com tudo o que ocorreu de importante, no Brasil e no mundo, até aquele momento. As páginas são insumo da chamada “reunião de caixa” que, por videoconferência, reúne editores do ‘JN’ no Rio, São Paulo, Brasília, Pernambuco, Minas Gerais e os escritórios em Nova York e Londres. A reunião é conduzida pelo editor-chefe William Bonner e serve como ponto de partida para a montagem do espelho do ‘JN’ e também para a produção das reportagens.

“Produzimos mais e mais depressa. Porém, mantemos a essência do CPN: encontrar, desvendar, entender, reportar os acontecimentos. Somos a antena que capta tudo que é notícia, no Brasil e no mundo. Somos a telinha na antessala do ‘JN’, o emaranhado de fios que conectam praças, afiliadas, escritórios, correspondentes e a nossa redação. Somos o início, o fim e, sobretudo, o meio”, completa no livro ‘Jornal Nacional – 50 Anos de Telejornalismo’.

Em 2020, a gerência da produção de rede passou para Rogerio Nery, quando Fátima Baptista se tornou chefe de redação de Programas da GloboNews.

Os bastidores da notícia

Em abril de 1990, houve uma grande mudança na Central Globo de Jornalismo. Armando Nogueira e Alice-Maria, há 24 anos na emissora e responsáveis pelo ‘Jornal Nacional’ desde a estreia, deixaram os cargos de direção. O diretor de telejornais de rede, Alberico de Sousa Cruz, assumiu o comando do Jornalismo da Globo. Ronald de Carvalho, editor de política, tornou-se diretor editorial de Jornalismo.

“[Fazer telejornalismo] é uma coisa muito difícil. Não só do ponto de vista da forma, porque a forma você domina. Mas do ponto de vista do conteúdo. O que é o conteúdo? O conteúdo é muita informação. Informação muito selecionada, para um veículo que vive de seleção de informação. Esse veículo ele não vive de informação massificada. Ele vive de informação selecionada”, resume Armando Nogueira em entrevista ao Memória Globo.

Alberico explica, também em entrevista ao Memória Globo, a importância em dar ênfase à política em um período de consolidação da democracia no país: “A minha preocupação era refletir o Brasil. E o Brasil estava entrando numa fase rica da política, estava deixando uma ditadura, consolidando o processo democrático. E era natural que o fato político tivesse uma ênfase na televisão também, se não a televisão não estaria refletindo o Brasil que a gente estava vivendo. Não poderia ser excessivo. Se você tenta colocar a política acima do que realmente está acontecendo, vira um programa como vários, não têm audiência. Mas se você não refletir o país, o momento que nós estávamos vivendo, nós íamos cometer um erro histórico”.

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Em seus dez primeiros anos no ar, de 1969 a 1979, o 'JN' foi liderado, em sequência, por Humberto Vieira, Alice-Maria e Nilson Viana. Daí, até a chegada de Bonner à chefia do telejornal, em 1999, vieram Luís Edgar de Andrade (1979 a 1981), Eduardo Simbalista (1981 a 1984), Fabbio Perez (1984 a 1990), Carlos Absalão (1990 a 1991), Carlos Absalão e Edson Ribeiro (set. a nov. de 1991), Edson Ribeiro (1991 a 1993), Xico Vargas (1993 a 1995), Amauri Soares (1995 a 1996) e Mário Marona (1996 a 1999).

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Em 1990, Carlos Absalão passou a ser o novo editor-chefe do ‘JN’ no lugar de Fabbio Perez. Em setembro de 1991, Absalão passou a dividir o cargo com Edson Ribeiro, que assumiu o posto em definitivo em novembro do mesmo ano, indo até 1993. Nesse período, o telejornal ganhou uma orientação um pouco mais investigativa e começou também a se aproximar mais do público, aumentando o número de matérias ligadas à comunidade, ao direito do cidadão e a comportamento de modo geral. A orientação era manter o factual, mas aumentar as reportagens exclusivas.

Carlos Absalão contou, em entrevista ao Memória Globo, que, na tentativa de consolidar esse conceito, o ‘JN’ acabou levando ao ar mais matérias sobre violência. Isso aconteceu principalmente em 1991, quando o ‘Jornal Nacional’ teve de enfrentar a concorrência da novela infantil ‘Carrossel’, exibida no mesmo horário pelo SBT. A condição de líder do ‘Jornal Nacional’ não foi ameaçada, mas o telejornal perdeu alguns pontos de audiência. Em 1993, Edson Ribeiro foi substituído por Xico Vargas na chefia do ‘JN’.

A partir de 1995, com a entrada de Evandro Carlos de Andrade no comando da Central Globo de Jornalismo, houve mudanças no ‘Jornal Nacional’, que passou a ser fechado primeiro por Amauri Soares (1995 e 1996) e, depois, por Mário Marona (1996 a 1999). As mudanças incluíram a escolha de jornalistas como apresentadores – William Bonner e Lillian Witte Fibe –, o investimento em séries de reportagem, a reformulação no cenário, a criação de novos quadros e a inclusão de comentaristas de assuntos diversos no espelho do telejornal.

Interesse público x interesse do público

Evandro Carlos de Andrade acreditava que o noticiário do ‘Jornal Nacional’ deveria atender tanto ao “interesse público” quanto ao “interesse do público”. E era a busca pelo equilíbrio entre esses dois interesses que ele recomendava aos editores: “Você sabe que essa diferença é relevante: interesse público e interesse do público. É claro que o interesse público nem se discute, mas o interesse do público também precisa ser satisfeito, porque, em jornalismo, 90% do que está no jornal ou no telejornal, mais ainda no jornal, só servem para papo, para conversa de jantar. Fora isso não modifica nada a sua vida, nada, sua vida se modifica por uns tantos atos de governo que cobram mais ou menos imposto, proíbem isso ou aquilo. (...) Pense num jantar movido à leitura de legislação ou coisa parecida, seria insuportável, não é mesmo?”, explica Evandro em entrevista ao Memória Globo.

Amauri Soares, que assumiu o posto de editor-chefe do ‘JN’ em 1995, ficou, no entanto, pouco tempo no cargo. No final de 1996, tornou-se diretor de Jornalismo em São Paulo. “O Amauri deu uma efervescência no noticiário local, buscando uma integração totalmente exitosa. Ele puxou isso um pouco para o ‘Jornal Nacional’, em termos de questões sociais, comunidade”, destaca Luis Erlanger, então diretor editorial da Central Globo de Jornalismo, em entrevista ao Memória Globo.

Luis Erlanger e Evandro contrataram, então, Mário Marona, com quem tinham trabalhado por muitos anos em O Globo. Assim que se tornou editor-chefe do 'JN’, Marona realizou mudanças, mantendo o espírito noticioso do ‘Jornal Nacional’ em todas as áreas, mas aumentando o número de matérias leves e de comportamento, mais do interesse do público.

“Eu tinha n’O Globo uma certa aptidão para fazer coisas populares. Na minha opinião, populares e de bom gosto. Eu detesto violência, destesto sangue, eu não gosto de cena chocante no [tele]jornal, assim como não gosto de foto chocante no jornal impresso. Então, eu acabei me especializando n’O Globo em fazer bons títulos populares, matérias bem populares sem escorregar pro terreno do sensacionalismo, pro jornal mais popularesco. (..) Eles [João Roberto e Evandro] me disseram que queriam adotar uma fase bem popular no ‘Jornal Nacional’, sem perder a qualidade técnica, sem perder a qualidade do chamado Padrão Globo, que eu soubesse administrar essa diferença entre interesse público e interesse do público. São coisas diferentes e você tem que conciliar”, lembra Marona em entrevista ao Memória Globo.

A mudança, no entanto, em alguns momentos, gerou críticas à Globo. A principal acusação era a de que a emissora estava deixando para segundo plano notícias relevantes para privilegiar curiosidades do mundo animal e a vida de celebridades.

Erlanger rebate, como mostra o livro ‘Jornal Nacional – A Notícia Faz História’: “A orientação nunca foi a de popularizar o ‘JN’ e isso nunca aconteceu de fato. Uma coisa é ter matérias leves. Outra coisa é fazer um jornal popularesco, o que nunca aconteceu. Houve apenas uns poucos episódios, que podemos contar nos dedos. Esses poucos episódios, no entanto, foram tão intensamente explorados pela imprensa que ficou a impressão de que eles aconteceram frequentemente, o que é uma inverdade.”

Uma das edições do ‘JN’ mais polêmicas foi a do dia 28 de julho de 1998, quando nasceu Sasha, filha da apresentadora Xuxa. O assunto ocupou mais de dez minutos do telejornal, enquanto o leilão da Telebrás e da Telesp, que aconteceria no dia seguinte, ficou com menos de quatro minutos. Mário Marona defende a edição e afirma, também ao Memória Globo, que não noticiou o nascimento da filha de Xuxa em detrimento das privatizações: “O ‘Jornal Nacional’ não é muito diferente do jornal impresso. O primeiro bloco tem a manchete do jornal, os assuntos mais importantes do dia. (...) O que eu fiz: o primeiro bloco era a privatização e o último bloco, que seria o segundo caderno do ‘JN’, ficava com as matérias leves, que eles chamavam 'Boa Noite’ do ‘JN'. A última matéria era a da Xuxa. Grande sim. (...) Eu faria de novo, por quê? Primeiro eu não fiz mal a ninguém com essa matéria. Era uma matéria verdadeira, não tinha mentira nenhuma ali. Era uma matéria sobre celebridade, de gente importante, o assunto era discutido por todo mundo, eu não fazia para intelectual, eu fazia jornal pra minha mãe, para minha tia, para minha empregada. (...) É discutível mesmo se foi espaço demais, mas não teve mentira nenhuma”.

Luis Erlanger tem opinião semelhante, como destacou em entrevista ao Memória Globo: “Nada de relevante do dia deixou de ser noticiado. Era, na ocasião, um assunto, tanto assim que foi notícia de destaque em todos os outros veículos”.

Outra polêmica, no mesmo período, foram três reportagens do ‘Jornal Nacional’ sobre o romance de uma macaca do zoológico de Brasília. Na primeira, exibida em 30 de março de 1998, a repórter Zileide Silva mostrou que o comportamento de uma babuína no Jardim Zoológico da capital federal estava atraindo a atenção do público. A macaca, chamada Capitu, atravessava um lago de sete metros para encontrar o macaco Eliseu, abandonando sua família – o “marido” Otelo e o filhote Tadeu.

Mário Marona comenta, em entrevista ao Memória Globo: “A matéria não tinha a menor importância, mas era superengraçada. Era perfeita para um ‘boa noite’ do ‘Jornal Nacional’, e eu dei a matéria. (...) Você passa o jornal inteiro sobrecarregando as pessoas de informações negativas, e não tem outro jeito, o jornalismo é assim mesmo. Mas é uma obrigação sua, se você tem um assunto leve, interessante, que alivia a tensão das pessoas que já estão se preparando pra novela, (...) eu dou. Eu nunca tive vergonha de fazer matéria popular. Pelo contrário, essas matérias eram preciosidades do jornal, era o que aliviava o peso que o jornal tinha. Eu não me lembro como ela [a matéria] chegou, mas quando eu vi a matéria com a Zileide, pesou também, porque é uma quebra de expectativa enorme. O telespectador conhece a Zileide como uma repórter séria. De repente, aparece a Zileide fazendo uma matéria sobre uma macaca adúltera. Isto era legal, eu sabia que isso ia chamar atenção. E eu aproveitei. Também faria de novo”.

O triângulo amoroso formado por Capitu, Eliseu e Otelo voltou a ser tema do ‘Jornal Nacional’ em 22 de maio. A repórter Delis Ortiz informou que outra macaca, Jaqueline, acabara de chegar ao zoológico para ser a nova companheira de Eliseu, e destacava que, dessa forma, o romance extraconjugal de Capitu estava próximo do fim. Uma semana depois, no dia 29, a repórter Cristina Serra registrou a aproximação entre Jaqueline e Eliseu, enquanto Capitu voltava a se dedicar, exclusivamente, a Otelo e Tadeu.

Erlanger lembra no livro ‘Jornal Nacional: A Notícia Faz a História’: “Evidentemente, tudo num telejornal é a dosagem. Todos os tipos de reportagem são bem-vindos, mas, no momento em que se pende mais para um lado ou para o outro, a essência do telejornal pode ficar descaracterizada. Não há nada de errado em noticiar o nascimento de Sasha ou exibir matérias leves. Mas quando a dosagem passa a ser um ruído, em vez de balancear melhor o telejornal, esse tipo de matéria vira problema. Para isso existe a direção. Foram apenas alguns episódios, poucos, e concentrados num certo período. Detectado, porém, o possível desequilíbrio, o próprio Evandro orientou a equipe no sentido de acabar com ele. Marona foi um excelente editor-chefe e soube ele mesmo, dentro das características dele, reequilibrar o ‘JN’. Nunca se pretendeu mudar a sua essência. O ‘JN’ de Marona deu todas as notícias sérias que tinha de dar. Sempre deu. As matérias premiadas, como ‘Favela Naval’, ‘Contrabando na Marinha’, ‘Precatórios’ e ‘Máfia dos Fiscais’, apenas para citar algumas, foram todas da gestão Marona”.

Um episódio marcante de interesse público apresentado no ‘Jornal Nacional’ nessa época foi a entrevista exclusiva com Fernando Collor, realizada pela repórter Sônia Bridi, em março de 1997, quase cinco anos depois do impeachment. A entrevista foi gravada em Miami, onde o ex-presidente estava morando. Collor concordou em falar ao telejornal desde que a conversa não fosse editada ou cortada. E assim foi. A entrevista durou mais de 10 minutos e acabou ocupando todo o último bloco do telejornal.

O Collor que os telespectadores viram no vídeo parecia totalmente descontrolado. Irritado com as perguntas, gritou, deu socos na mesa e chegou a chamar a repórter de “filhotinha”.

Mudanças na direção

Em setembro de 1999, Evandro convidou Bonner a assumir também o cargo de editor-chefe, com a transferência de Mário Marona para o comando do Jornalismo de Brasília. Dessa forma, Bonner se tornou âncora, ou seja: a pessoa responsável pela apresentação e também pelo controle da equipe. “Um telejornal é um programa de televisão e é um jornal ao mesmo tempo. Ponto. Se ele é um programa de televisão, ele tem que ser interessante; se ele é um jornal, ele tem que ter notícia. Do que concluímos o seguinte: um telejornal tem que começar com uma notícia que seja interessante para o maior número possível de pessoas: se for local, na sua cidade; se for de rede, no teu país. Ponto”, explica Bonner em entrevista ao Memória Globo.

E sobre a audiência e o conteúdo do ‘JN’, Bonner completa: “À parte a discussão sobre a audiência do telejornal, o ‘Jornal Nacional’, e qualquer produto de telejornalismo que se pretenda importante, tem algumas obrigações. Essas obrigações são: jamais trair a expectativa do público de que vai ver ali o que de mais importante se deu naquele dia. Esse é o nosso compromisso básico desde 1969. Você poderá dizer: ‘Mas é pobre de imagem, é árido, é chato, é complexo demais, é distante da nossa realidade...’. Mas é importante? Se for importante, se isso tiver no rol dos assuntos que serão tratados pelos principais jornais, os jornais mais sérios do Brasil e do mundo, eu tenho que dar de alguma maneira no ‘JN’. E o problema é meu se aquilo é árido, eu tenho que dar um jeito de aquilo ser interessante e compreensível. Interessante, se possível; mas compreensível, é obrigação. Aí, você diz: ‘Mas e a audiência?’ Pois é, é o preço a pagar. Porque a minha teoria – até hoje não foi derrubada por ninguém – é a de que a nossa audiência tende a ser maior quanto maior for a importância que o público atribuir ao nosso trabalho, e será menor quanto menor a importância. Quanto mais descartável for o ‘JN’ – ou qualquer outro jornal –, quanto mais ele apelar para os temas de – eu vou repetir uma palavra – de apelo popular, de interesse imediato e rasteiro do público, quanto mais ele fizer isso, mais ele terá, digamos, a chance de conseguir, num primeiro momento, naquele momentinho ali, uma audiência maior; mas a tendência é ele perder a importância, porque ele está traindo a função, traindo o compromisso assumido inicialmente. (...) Se nós renovarmos diariamente o nosso compromisso com o público, com o jornalismo, com a seriedade de propósito e com responsabilidade social, se nós fizermos isso, a audiência vem”.

Em 25 de junho de 2001, aos 69 anos, morreu Evandro Carlos de Andrade. Carlos Henrique Schroder assumiu, então, a direção da Central Globo de Jornalismo. William Bonner permaneceu como editor-chefe do ‘JN’, sob a supervisão de Ali Kamel, nomeado diretor executivo da CGJ. A partir de julho de 2009, a TV Globo implantou a Direção-Geral de Jornalismo e Esporte (DGJE). Com a mudança, Ali Kamel assumiu a gestão da Central Globo de Jornalismo, reportando-se a Carlos Henrique Schroder, que passou a comandar a DGJE.

No último dia de trabalho de 2013, William Bonner recebeu de Ali Kamel a missão de coordenar um projeto que visava repensar a linguagem e o formato do telejornalismo da Globo, inclusive do ‘Jornal Nacional’. O projeto recebeu colaboração de profissionais de todo o Brasil e também dos escritórios do exterior. Após meses de estudos, chegou-se à conclusão de que mudanças eram necessárias – tanto estéticas, quanto de linguagem. A principal delas era a decisão de tornar a linguagem dos telejornais mais coloquial, para aproximar apresentadores e repórteres dos telespectadores. A linguagem falada trouxe também a ideia de dar mobilidade aos apresentadores, que poderiam andar pelo estúdio. Para isso, foi necessária a adoção de steadicams – câmeras de mão, mais leves; e a elaboração de um cenário que comportasse tudo isso. No aniversário de 50 anos da Globo, em 2015, o novo espaço foi inaugurado, associado à nova linguagem.

“A parte que eu apresentei foi a que defendia modificações muito importantes na apresentação e na linguagem do ‘Jornal Nacional’. A saber: o fim das câmeras fixas sobre trilhos e a colocação de uma câmera em steadicam para que houvesse uma movimentação o tempo todo, porque o conceito era movimento. Eu tinha que botar no ‘Jornal Nacional’ um conceito de movimento, eu me convenci disso com tudo que eu li, com tudo que eu vi ao longo daquele ano. (...) Você não conquista a atenção das pessoas se você ficar estático, então tem que ter movimento. O movimento tinha que se dar não apenas com o trânsito de apresentadores pelo cenário, porque isso todos os demais já faziam, mas era preciso que, mesmo quando parados, o cenário tivesse algum movimento e isso eu só consigo se a câmera estiver se movendo. Ponto um: tira-se o trilho do estúdio e, com isso, você liberta duas câmeras e bota uma steadicam, que será um olho externo no jornal. Eu não preciso olhar para a steadicam, mas ela vai acompanhar o que está acontecendo. Aí entra o segundo conceito: o primeiro é o de movimento, o segundo é de transparência. [Além disso], a missão era apresentar uma forma de buscar a oralidade nos textos, para que os textos de teleprompter e os dos repórteres se aproximassem da linguagem oral”, explica Bonner em entrevista ao Memória Globo.

Em mais de duas décadas no cargo, Bonner vê também uma mudança na função do ‘JN’ na sociedade brasileira, catalisada pelas transformações nas tecnologias de comunicação e informação, como destacou no livro ‘JN 50 anos de Telejornalismo’, publicado em 2019. “Durante ao menos quatro décadas, o ‘JN’ carregou a responsabilidade de ser, para milhões de brasileiros, a fonte primeira de informações sobre aquilo que de mais importante se deu naquele dia. Mas, com a universalização da internet, das redes sociais e dos smartphones, quando o ‘JN’ entra no ar, a maioria dos cidadãos já deverá ter sido confrontada com as notícias de maior apelo – muitas vezes, ao longo do dia, na telinha de seu celular, no computador, na própria tela da Globo, na GloboNews, no rádio. O que não elimina a responsabilidade do ‘JN’, obviamente, mas a transforma. Em vez de fonte em primeira mão, ele segue no papel de organizar os tantos e tantos fragmentos de notícias em uma história com começo, meio e fim, apresentada dentro do contexto em que se deu. Faz os fragmentos terem sentido, ao fim de um dia.”

Em setembro de 2012, foi anunciado que o jornalista Carlos Henrique Schroder passaria a ocupar o cargo de diretor-geral da Globo no início do ano seguinte. Com as novas mudanças, Ali assumiu a direção-geral de Jornalismo e Esportes. Em outubro de 2016, foi criada uma nova estrutura para a área de Esportes, sob a liderança de Roberto Marinho Neto. Com essa mudança, Ali Kamel tornou-se diretor-geral de Jornalismo da Globo. Em janeiro de 2024, com a aposentadoria de Ali Kamel, Villela assumiu o cargo.

Pandemia

Em janeiro de 2020, o mundo se viu diante de uma ameaça global: a pandemia da Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2. O ‘Jornal Nacional’ acompanhou a crise sanitária e seus impactos no Brasil e no mundo, dando valor às estatísticas e aos dados científicos. O telejornal cobriu ponto a ponto o desenrolar dos acontecimentos e levou ao ar, sempre que necessário, editoriais.

“Nós passamos por isso de uma forma heroica, porque foi o momento em que o jornalismo precisava esclarecer a população sobre questões da crise sanitária, mostrar onde a situação era mais grave – aquela coisa horrorosa de Manaus, as covas coletivas –, os avanços da ciência e das vacinas. Em meio a isso tudo, a gente tinha ainda que desmentir a desinformação que era criada em redes sociais”, lembra Bonner.

Confira detalhes da cobertura da Globo e, especificamente, do ‘Jornal Nacional’ sobre a pandemia de Covid-19.

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