Ex-jogador do Grêmio, o volante Darlan tomou uma decisão ousada em 2024. Apostou em uma ida para a China, já sem o mesmo investimento de outros momentos, para deslanchar na carreira. Disposto a abraçar a cultura local, desembarcou em Wuhan, centro do mundo há quatro anos, e acabou por só conhecer o filho Lucca cinco meses após o nascimento.
Ex-Grêmio aposta em ida para a China e faz sacrifício: "Conheci meu filho com 5 meses"
Darlan deixou o Grêmio definitivamente no meio de 2023, quando foi vendido para o Levski Sofia. Pouco mais de seis meses depois, foi negociado pelo clube búlgaro com o Wuhan Three Towns. A decisão de ir para a China foi uma aposta para engatar uma temporada com jogos e por consequência um desenvolvimento da carreira.
– Me sinto confortável no clube, bastante carinho do torcedor, pude jogar, que é uma coisa que o jogador procura e não consegue. Claro que tem momentos, tem escolhas. Foi uma chegada rápida que me adaptei com o treinador, com a filosofia do campeonato. Me consolidei na equipe e isso vejo que foi muito bom para dar aquele algo a mais que eu precisava, ganhar aquela gordura como jogador – explicou.
A distância se tornou um percalço a resolver. A esposa, grávida, ficou no Brasil por uma escolha do casal, que priorizou o acompanhamento médico. Luca nasceu em Porto Alegre neste ano. E Darlan só conheceu o filho depois de cinco meses.
Um sacrifício, admite, embora tudo tenha sido conversado e definido em consenso. Darlan procurou ajuda de uma psicóloga para trabalhar o período longe da família e sem acompanhar de perto os primeiros meses do filho.
– Foi bem complicado, eu fiquei com muita saudade, foram momentos que eu tive que estar bem forte mentalmente. A questão do meu segundo filho, eu fui conhecê-lo agora, conheci depois de cinco meses, então foi difícil, mas eu tive ajudas externas, busquei uma psicóloga para me ajudar nesse assunto, da saudade, da distância e fortalecer isso para mim poder suportar, porque não é fácil.
– Não foi uma coisa minha só e até porque a minha esposa é bem parceira, a gente sempre conversa e escolhe o que é melhor para nós todos. Mas foi difícil, depois só de cinco meses eu poder pegar ele no colo. Mas acredito que ele vai entender depois que tiver mais homenzinho – explicou.
Sem a família em Wuhan, Darlan passou a viver dentro da estrutura do clube, que tem um hotel no complexo esportivo para treinos ao lado do estádio. O jogador coloca esse ponto como determinante para a adaptação rápida. Esteve imerso na cultura e conviveu muito com companheiros chineses.
– Eu respirei mesmo esse ano a questão da minha preparação, de jogar, de mostrar o meu futebol. Foi positivo porque eu colhi bons frutos assim, durante o ano eu joguei todos os jogos, fiz bons números e isso é positivo para a gente que busca jogar, estar sempre na vitrine. Eu acho que foi uma escolha muito boa para mim – explicou Darlan.
Além disso, Darlan viajou aberto a absorver a cultura oriental. Aproveitou para conhecer países próximos, como Japão e Tailândia, e compartilhar parte das rotinas e dos costumes em Wuhan. Isso se traduziu em campo. Foram 31 jogos disputados, o segundo maior número da carreira, com quatro gols e duas assistências.
– Hoje eu me sinto um cara do mundo mesmo, de ter essas experiências em países diferentes. São experiências para a vida, fora o futebol. Isso é muito importante, porque o futebol a gente não vai ter para sempre, chega um momento que a gente tem que pendurar as chuteiras, então isso com certeza vai me dar uma bagagem muito boa para o que eu quero para a vida – completou.
A vida em Wuhan agradou tanto a Darlan que o meio-campista de 26 anos não pensa em voltar ao Brasil no momento. Tem mais um ano de contrato com o clube e a intenção, se não renovar o vínculo, é seguir no futebol chinês.
– Hoje realmente eu estou feliz, estou tendo grande experiência, vivendo coisas fora o futebol que a gente não vê, que não é só futebol. Tu tem vida, lazer, sempre com responsabilidade, mas é uma coisa natural na Europa, na Ásia. Foge um pouco do Brasil, tem umas formas de cobrança às vezes que são exageradas. A minha ideia realmente é ficar lá fora, desfrutar o máximo. O Brasil é o meu país, não tem como eu negar isso, futuramente, se tiver situações, digo mais para frente, porque realmente nesse momento não me interessa retornar ao Brasil – finalizou Darlan.
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