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Por Alexandre Alliatti

Jornalista e escritor – vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura (2023)


Grêmio negocia com técnico Gustavo Quinteros

Grêmio negocia com técnico Gustavo Quinteros

O Grêmio perdeu Pedro Caixinha para o Santos. Até aí, nada de anormal – acontece em todas as famílias. O problema é o cenário em que a decisão do treinador se encaixa: após uma longa negociação em que o português, na prática, preferiu treinar outra equipe, o que fez a diretoria desperdiçar um tempo precioso – um tempo que um clube em remodelação não pode perder.

Em idos de novembro, quando todos os paralelepípedos de Porto Alegre anteviam que Renato Portaluppi não renovaria contrato, já se falava no nome de Pedro Caixinha. Parecia um movimento natural do Grêmio: se antecipar ao problema para solucioná-lo rapidamente.

Pois acabou o Brasileirão, Renato foi embora, e o clube decidiu trocar parte da diretoria de futebol. Anunciados os novos dirigentes, concluiu-se que Caixinha era mesmo o nome ideal, e logo houve um acerto com ele (ou algo muito próximo disso). Só que aí começaram a surgir novos pedidos que o Grêmio, aos poucos, foi concluindo serem estapafúrdios – e que pareciam uma forma de o treinador melar a negociação. Ele acabou anunciado pelo Santos nesta segunda-feira.

Ficar sem Pedro Caixinha não deve atrapalhar o sono natalino da torcida gremista. Até que se prove o contrário, não estamos falando do novo Guardiola, embora seja bom treinador. E se ele realmente estava aumentando as exigências para ganhar tempo, o clube fez bem em encerrar as negociações.

Gustavo Quinteros, do Vélez, é o alvo do Grêmio — Foto: Reprodução/ Instagram

O grande problema é que esse ano não acaba. O Grêmio já deveria estar planejando 2025, mas segue preso a 2024. Agora será necessário negociar com um novo treinador, algo que a diretoria promete fazer sem demora. O ge informa que Gustavo Quinteros, técnico campeão argentino com o Vélez Sarsfield, é o nome desejado. Mas a preferência de Quinteros seria renovar com o atual clube. Parece mais uma negociação que demandará um tempo que o Grêmio não tem.

Enquanto isso, ficam pendentes as mudanças necessárias em um elenco que mostrou futebol muito pobre em 2024. O clube ainda não contratou ninguém, passadas duas semanas do fim do Brasileirão, e tem jogadores cujos destinos dependerão da opinião do novo treinador.

A história mostra que a saída de Renato, por todo o poder que ele costuma concentrar no clube do qual é o maior ídolo, não é uma situação fácil de se lidar. Os substitutos das três passagens anteriores tiveram passagens curtas: Julinho Camargo (2011) ficou pouco mais de um mês, Enderson Moreira durou um semestre (2014) e Tiago Nunes (2021) resistiu por três meses.

Técnico Pedro Caixinha fechou com o Santos — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

É mais um motivo para o Grêmio agir com absoluta convicção, e aí está o dilema: como fazer isso quando se tem pressa? Como fazer isso quando tudo que a torcida quer é esquecer um ano tão azedo, com o título gaúcho como única alegria em uma temporada de risco de rebaixamento, frustrações na Copa do Brasil e na Libertadores, derrotas em todos os Gre-Nais? Como fazer isso quando tudo que a torcida quer é um ano novo?

O pior que 2024 ainda poderia aprontar com os gremistas é a ameaça de que 2025 não será muito diferente.

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