Chegou a 60 o número de cidades atingidas pela chuva nos últimos dias no Rio Grande do Sul, conforme boletim divulgado no final da tarde desta quarta-feira (14) pela Defesa Civil. Os municípios de Agudo, Caçapava e Dona Francisca, situados na Região Central do estado, foram acrescentados à lista.
Segundo o boletim, quase 10 mil pessoas tiveram de sair de suas residências devido ao mau tempo, sendo 6.097 desalojadas, que foram para residências de amigos ou familiares, e 3.541 desabrigadas, que estão em locais públicos. As chuvas afetaram um total de 50.536 moradores, e 10.319 residências.
O nível dos principais rios do Rio Grande do Sul continua baixando aos poucos nesta quarta-feira (14), mas a Defesa Civil emitiu alerta para novos avisos de chuva intensa a partir de quinta (15), com risco de queda de galhos de árvores, alagamentos, descargas elétricas e queda de granizo no estado.
Os níveis dos rios dos Sinos, Gravataí, Jacuí e Uruguai, além do Guaíba, seguem acima dos níveis considerados de alerta. Já o nível do Caí está abaixo no nível normal em São Sebastião do Caí, e acima do nível normal, mas sem alcançar o estágio de alerta em Montenegro.
Nesta terça (13), o governador José Ivo Sartori assinou um decreto coletivo de emergência para 26 cidades: Alvorada, Alegrete, Agudo, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Cambará do Sul, Campestre da Serra, Candiota, Dona Francisca, Eldorado do Sul, Itaara, Jóia, Júlio de Castilhos, Manoel Viana, Mata, Miraguaí, Montenegro, Nova Esperança do Sul, Nova Palma, Rosário do Sul, Santa Maria, Santiago, São Jerônimo, São Sebastião do Caí, São Gabriel e Silveira Martins. O ato será encaminhado ao Ministério da Integração Nacional, que já garantiu que reconhecerá a situação dos municípios e fornecerá apoio financeiro.
Previsão do tempo
A previsão de chuva a partir desta quarta-feira (14) depois da trégua na terça (13) mantém o alerta para o Rio Grande do Sul, mas a tendência é de que o nível do Guaíba siga baixando, mesmo com o retorno da precipitação, que pode ocorrer em grandes volumes em algumas regiões.
É o que aponta o sistema Metroclima, da Prefeitura de Porto Alegre. Às 7h desta quarta, a medição do nível do Guaíba estava em 2,65 metros acima do normal no Cais Mauá, ou seja, 24cm abaixo do pico atingido na segunda-feira (12) e 12cm abaixo da noite de terça.
De acordo com o instituto, o que pode interferir na tendência de baixa do Guaíba são as condições atmosféricas, começando pelo vento, que tende a ser fraco a moderado. Pode ser registrado aumento da força na segunda metade de quinta-feira (15) até domingo, com algumas rajadas na sexta (16), porém o Metroclima aponta que não se espera uma condição de maior risco.
Os volumes previstos para Porto Alegre e Região Metropolitana, segundo o Metroclima, não são muito altos. No Centro do estado, os volumes devem ser maiores (50 a 100 milímetros em algumas cidades).
Os novos volumes de chuva chegariam pela vazão à área de Porto Alegre na semana que vem, com perspectiva do Guaíba mais baixo do que os níveis atuais. Dessa maneira, o Metroclima não projeta nterferência significativa no Guaíba até o fim desta semana.
Cheia persiste
(Foto: Manoel Soares/RBS TV)
Mesmo que o Guaíba siga baixando, a cheia que atinge diversas localidades deverá persistir, devido ao alto nível que as águas alcançaram após a chuva excessiva.
O nível do Guaíba deve se manter acima da cota de alerta de 2,10 metros, o que pode ocasionar alagamentos na região das ilhas - que já sofre com a enchente - até o fim desta semana.
O sistema da prefeitura da capital pede atenção para a próxima semana, mesmo que nesses próximos dias a cheia ceda, principalmente porque a previsão indica novo evento de chuva extrema no estado nos próximos 15 a 30 dias.
Por medida de segurança, 13 das 14 comportas de Porto Alegre seguem fechadas. Os portões de ferro evitam um possível avaço das águas do Guaíba para a cidade.