O governador José Ivo Sartori assinou terça-feira (13) um decreto de emergência coletivo para 26 municípios atingidos pelas enchentes do Rio Grande do Sul. Após ser publicado no Diário Oficial do Estado, o ato será enviado ao Ministério da Integração Nacional. Nesta segunda (12), o ministro Gilberto Occhi já garantiu que reconhecerá a emergência e liberará recursos às cidades afetadas.
Aguiar/Agência Free Lancer/Estadão Conteúdo)
O decreto abrange as cidades de Alvorada, Alegrete, Agudo , Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul , Cambará do Sul, Campestre da Serra, Candiota , Dona Francisca, Eldorado do Sul, Itaara, Joia, Júlio de Castilhos, Manoel Viana, Mata, Miraguaí, Montenegro, Nova Esperança do Sul , Nova Palma, Rosário do Sul, Santa Maria , Santiago, São Jerônimo , São Sebastião do Caí , São Gabriel e Silveira Martins.
Segundo o governador, o decreto vai agilizar a liberação de recursos. "Facilita, agiliza o processo e permite a busca dos recursos como o Bolsa-Família, FGTS, Pronaf, Proagro, e facilita porque você não precisa fazer a licitação. Então ajuda a todos se incorporarem em um processo com maior facilidade", afirmou.
Ele afirmou que outros municípios atingidos pela chuva podem ser incluídos no decreto. No entanto, todas as cidades ainda precisam comprovar os danos causados pelo mau tempo para receberem recursos. Por isso, técnicos da Defesa Civil Nacional estão no estado para avaliarem a situação.
Piratini (Foto: Josmar Leite/RBS TV)
"Este decreto coletivo não quer dizer que todos sejam consagrados. Tem que comprovar os índices, que são muito altos", ponderou.
De acordo com último balanço da Defesa Civil, divulgado nesta terça-feira (13), os estragos causadas pelas chuvas já afetaram quase 50 mil pessoas de 57 cidades. Cerca de 9,9 mil pessoas tiveram de sair de casa por causa das inundações. São 5.775 desalojados, que foram para residências de amigos ou familiares, e 4.164 desabrigados, que estão em locais públicos.
Até o momento, nove municípios tiveram decreto de emergência cadastrado no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres da Defesa Civil: Campestre da Serra, Sobradinho, Itaara, Silveira Martins, Ibarama, Nova Esperança do Sul, Miraguaí, São Jerônimo e São Gabriel.
A vantagem de um decreto de emergência coletivo é que ele reduz a burocracia e as etapas para conseguir dinheiro do governo federal. Normalmente, o município decreta a situação de emergência, o estado homologa e só então a União reconhece. Um documento único, para vários municípios, vai direto para Brasília.
Segundo a Defesa Civil do RS, 12 equipes estão no interior do Estado ajudando as prefeituras a fazer o levantamento dos estragos. Técnicos do Ministério da Integração Nacional também estão no estado desde a semana passada, e mais um está chegando hoje.
A missão deles é ajudar os municípios a elaborar dos planos fundamentais: o Plano Detalhado de Resposta (PDR), mais voltado para situações de emergência a curto prazo, como a liberação de rodovias, e o Plano de Reconstrução, que traça medidas de médio e longo prazos. É com base nesses planos que o Ministério da Integração Nacional define quanto vai para cada município.
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Previsão do tempo
Milhares de gaúchos torcem pela melhora do tempo para que a cheia de rios baixe e eles possam retornar para suas casas de vez. Nesta terça (13), aos poucos, o nível do Guaíba começou a baixar.
O sol, que podia dar uma esperança, entretanto, não deve durar muito tempo. E a água que inundou as casas, arrastou móveis e pertences, não dá sinais de que deva secar.
A previsão indica que nesta quarta-feira (14) o tempo muda novamente no estado. A instabilidade retorna, trazendo mais pancadas, que podem ser fortes em algumas áreas.
Na quinta (15), uma frente fria se forma e reforça a instabilidade. Há chance de temporais, inclusive com queda de granizo, principalmente no Centro-Norte e Leste, inclusive em Porto Alegre e cidades vizinhas.
Somente no final de semana a situação deve mudar. A umidade segue elevada na Região Metropolitana, mas com menos risco de chuva. Aos poucos, a nebulosidade se dissipa e o sol volta a aparecer.
em Porto Alegre (Foto: Luciano Lanes / PMPA)
Ginásio Tesourinha recebe desabrigados
Muitos moradores das ilhas de Porto Alegre foram obrigados a sair de casa. Alguns buscaram abrigo na casa de parentes e vizinhos.
No domingo (11), na Ilha dos Marinheiros, teve gente que buscou o teto da a Escola Estadual de Ensino Fundamental Alvarenga Peixoto. Mas a cheia do Guaíba inundou o pátio do local e obrigou que as pessoas abandonassem o que ainda restava de seus pertences. Elas foram levadas ao Ginásio Tesourinha, na capital. Lá é possível fazer doações.
Lá estão abrigadas 225 pessoas. Na Ilha do Pavão, 50 pessoas permanecem no salão de uma igreja. Na Ilha das Flores, são 80 abrigados em um salão comunitário.
Cheia do Guaíba: comportas fechadas, bloqueios e serviços parados
Logo que o nível do Guaíba atingiu 2,92m acima do normal, a Prefeitura de Porto Alegre decidiu fechar, no final da tarde de segunda (12) a 14ª comporta do muro do Cais Mauá. As outras 13 comportas já haviam sido fechadas no domingo (11). Com o nível baixando, a comporta central foi reaberta nesta terça (13).
Além disso, com o alto volume das águas, a Capitania dos Portos suspendeu totalmente a navegação no Guaíba. Segundo a Marinha, com a medida, nenhum navio pode sair ou chegar à capital. A decisão foi tomada após as boias de sinalização de embarcações se movimentarem devido à cheia.
Conforme a Capitania, a retomada da navegação só será autorizada quando a SPH reposicionar as boias adequadamente. Além dos navios, o serviço de Catamarã, que faz transporte de passageiros, também está paralisado em Porto Alegre e Guaíba. Não há previsão para o serviço voltar a operar.