Por Priscila Torquato, g1 — Petrópolis


Após 2 anos da tragédia em Petrópolis, obras no Morro da Oficina seguem em andamento

Após 2 anos da tragédia em Petrópolis, obras no Morro da Oficina seguem em andamento

2022 foi um ano que marcou Petrópolis, na Região Serrana do Rio. A cidade viveu a pior tragédia climática da sua história. A chuva de 15 de fevereiro, com 235 mortos e dois desaparecidos; e outra em 20 de março, com sete mortos; evidenciaram a fragilidade dos morros e a falta de infraestrutura da cidade para enfrentar inundações e deslizamentos de terra.

Equipes de resgate carregam o corpo de uma vítima no local do deslizamento no Morro da Oficina, em Petrópolis, nesta sexta-feira (18) — Foto: Ricardo Moraes/Reuters

As duas vítimas que não foram localizadas são Heitor Carlos dos Santos, de 61 anos, que estava em um dos ônibus que foram levados pela inundação na rua Washington Luiz, e Lucas Rufino, de 20 anos, que foi soterrado no Morro da Oficina.

Arte mostra como ônibus foram arrastados em Petrópolis para dentro do rio — Foto: Arte g1

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Dados do Plano de Contingência do município mostram que o desastre gerou 13.125 ocorrências registradas e atendidas no período de fevereiro a outubro de 2022.

Bombeiros realizando remoção do corpo de vítima da tragédia de fevereiro de 2022 no bairro Alto da Serra, em Petrópolis — Foto: CBM-AP/Divulgação

Obras no pós-chuva

Hoje, a cidade ainda segue em recuperação. O governo municipal identificou a necessidade de realizar 192 obras de grande e médio portes no pós-chuva. Até o momento, 115 foram concluídas pela gestão municipal, 51 estão em andamento e 26 em fase de licitação.

51 obras seguem em andamento e 26 em fase de licitação dois anos depois da tragédia de 15 de fevereiro em Petrópolis — Foto: Prefeitura de Petrópolis/Divulgação

Foram mais de R$ 100 milhões de investimentos em obras de contenção por toda a cidade.

No bairro Alto da Serra, considerado o epicentro da tragédia, com o maior número de mortes, as intervenções no “Morro da Oficina” seguem em andamento.

Obras para conter encostas com risco de deslizamento em Petrópolis — Foto: Prefeitura de Petrópolis/Divulgação

As obras foram divididas em três áreas:

  • Área 1 (entre o Hipershopping e a Rua Hercília Moret) -
  • Área 2 (entre as ruas Professora Hercília Moret e Frei Leão)
  • Área 3 (do início da Rua Frei Leão até a Rua Oswero Vilaça).

De acordo com a Prefeitura, a área 1, onde foi construída uma barreira dinâmica no alto da encosta, tem 78% dos trabalhos em andamento. Ainda na região, Vila Felipe, Sargento Boening e Chácara Flora estão recebendo obras de contenção de rua, drenagem e recomposição de via.

Obras seguem em andamento dois anos após tragédia em Petrópolis provocada pelas chuvas — Foto: Prefeitura de Petrópolis/Divulgação

Mas nem todas as regiões foram contempladas ainda. Na Rua José da Costa Carvalho Filho, na Castelânea, segundo os moradores nenhuma intervenção do Governo do Estado ou do município foi feita nesses dois anos.

Andrea morava na rua há 26 anos. O acesso para a casa que vivia não existe mais e ela aguarda a reconstrução da área para voltar.

“O que eu sinto é que [a tragédia] afetou a todos, independente da classe social . Muitos de nós fomos atingidos. Mas o que me preocupa muito, é que até hoje, dois anos depois, é a prontidão do Estado. Tá muito morosa. A agilidade do governo, nesse momento, seria primordial. Haja visto que ainda estou fora da minha casa, não posso voltar, não tem previsão de desinterditar. E a gente fica assim, se sentindo carente de apoio”, conta Andrea Giraldi.

Obras feitas pelo Estado

Outra parte das obras na cidade foi realizada pelo Governo do Estado.

Foram nove intervenções, incluíndo a recuperação viária da Rua Washington Luíz, a obra emergencial no túnel extravasor, no Quissamã, além de obras de drenagem, contenção de encostas e recuperação de ruas.

Segundo o Estado, foram R$ 315 milhões aplicados em infraestrutura no pós-chuva. Na Rua Vinte e Quatro de Maio e Rua Nova, na área central de Petrópolis, o estado assumiu as intervenções. Uma delas, a contenção de rochas que ameaçam deslizar. A obra acabou, mas os moradores não se sentem seguros com relação ao que foi feito no local.

“Deram aquela esperança pra gente de que quando as obras fossem concluídas, nós poderíamos voltar para nossas casas. A obra durou quase um ano, e até aí não ouvimos falar mais nada, ninguém nos procurou. Ou a gente procura e ninguém nos atende. E tá mal feita a obra. A gente tem medo. Se liberar, ninguém vai querer voltar”, destaca Claudinei de Souza Conceição.

Famílias no Aluguel Social

O número de moradores que receberam o aluguel social depois da tragédia de fevereiro e março de 2022 chegou a cerca de quatro mil famílias. Mas, atualmente, mais de três mil estão recebendo. A Prefeitura explica que esse número oscila a cada mês por conta de suspensões, de averiguações rotineiras da secretaria e de pedidos tardios por assistência etc.

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