A cantora Fafá de Belém, que se apresentou para o Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, retornou para a capital paraense, onde recebe o carinho dos seus fãs. "Acompanho o trabalho dela há muito tempo, desde que ela cantou 'Estrela radiante'. Sou fã dela" , disse o proferssor Orlando Paiva.
Nesta sexta-feira (2), Fafá participou do Jornal Liberal 1ª Edição, da TV Liberal (veja o vídeo acima). No G1, a cantora respondeu as perguntas dos telespectadores e falou sobre a relação com o público e a alegria de, mais uma vez, se apresentar para um pontífice da igreja católica. Acompanhe:
se apresentar na Cerimônia da Acolhida, na Praia
de Copacabana (Foto: Reprodução Globo News)
A telespectadora Nazaré Semblano quer saber: "Qual foi a emoção de cantar para o papa Francisco?"
Fafá de Belém: Foi completamente diferente das outras. Cada uma tem uma característica muito particular, e chegou num momento muito particular da minha vida. Em 1997 eu passei um mês e meio sem dormir, apenas cochilando, a partir do convidte até a apresentação para João Paulo II. Depois que me apresentei, passei 3 dias "fora do ar", sem saber direito o que tinha acontecido comigo, e me perguntando "por que eu?". Essa é uma pergunta que me faço constantemente.
Bento XVI foi uma surpresa imensa, porque eu estva na Itália e recebi o convite do Vaticano perguntando se eu gostaria de me apresentar em nome do Brasil na Espanha, e novaente me perguntei "por quê"? Não tenho uma carreira forte na Espanha, como tenho em portugal. Antes da apresentação, tinha uma leitura dele ser uma pessoa antipática, distante, mas ele era apenas muito tímido, um papa profundo, e a multidão não era o ambiente dele. Mas foi muito carinhoso do jeito dele.
O papa Francisco eu estava torcendo pra ser convidada - o Vaticano não faz sondagem, convida objetivamente, e depois não "desconvida" mais. E no dia 13 de maio recebi a carta de Dom Orani, perturbei muito ele, meu querido amigo, e ele dizia "fique calma e fique quieta, tudo a seu tempo será lhe dito". E quando me foi dito que a apresentação seria o Círio de Nazaré, foi um misto de emoções e de respopnsabilidade muito grande. Eu entendi que quem escolhe é ela, Nossa Senhora.
(Foto: Reprodução Globo News)
O produtor musical Rogério Silva pergunta: "Fafá, você sentiu que o papa Francisco trouxe uma nova proposta para o papado?"
Ele traz uma nova proposta de posicionamento de todas as igrejas, não só a católica. Como um lider da maior comunidade religiosa do mundo, que é a cristã, segue o caminho de João Paulo II no ecumenismo, quebra protocolos. Ele tem uma doce firmeza e uma sincera espontaneidade, que quebra o politicamente correto, que era um mantra de hipocrisia na nossa cabeça. Somos expansivos, naturais, o latino é caloroso, e as reações calorosas são as que ficam. Isso estava ficando distante da igreja, cuja proposta é abraçar fieis. Ele traz um novo olhar para a fé, abre braços e mãos para que todos estejamos juntos numa caminhada de fé, de esperança. Quando ele diz a cada membro da igreja que procure os mais longíncuos, ele direciona o que será este papado e qual o olhar que ele trará de dentro e de fora da igreja - ir buscar quem está distante, é ter paciência, ouvir o jovem, refletir junto, e caminhar com sinceridade, amor e fé.
Frederico Farias, de São Brás, pergunta se não havia possibilidade da Fafá cantar para o papa o tradicional "Lírio mimoso", música do Círio de Nazaré.
Quem define as músicas é o vaticano, mas o Lírio Mimoso estava dentro da berlinda.
Idamir Barbosa quer saber: "Quem fez a roupa da sua apresentação? Estava linda!"
Quem fez a roupa foi o André Lima, estilista paraense de muito sucesso no Brasil. Eu não fiz um pedido para ele, apenas disse "André, eu vou cantar para o papa. A cor do Vaticano é o amarelo olo, e temos que achar esse tecido". Ele fez aquela roupa fabulosa que, dentro daquele cenário, compôs muito bem. Também queria cumprimentar o Carlinhos de Jesus, que com a sua sensibilidade e seu talento conseguiu, pela primeira vez - e eu já vi em escolas de samba, e em muitos outros lugares - mas ele conseguiu levar um pedaço do Círio para os olhos do mundo.
Como é a sua relação com o público paraense?
Eu fico muito feliz de ter estabilizado e construído uma carreira, então isso me permite, de vez em quando, mergulhar um pouco, ter vários modelos de espetáulo, atendendo a vários públicos e apostar em coisas inusitadas - como este EP de Ave Marias, que não são Ave Marias católicas. Com esse público fiel, consturído em 38 anos, eu posso lançar discos de Chico Buarque a Waldick Soriano. É com eles, o público, que eu caminho nestes 38 anos.