sobre depoimento de Macarrão
(Foto: Pedro Triginelli/G1)
O depoimento em juízo de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi marcado por "meias verdades", é o que afirmou Sônia Moura, mãe de Eliza Samudio, na tarde desta quinta-feira (22), antes de entrar para o quarto dia do júri popular sobre o desaparecimento e morte da ex-amante do goleiro. O julgamento começou nesta segunda-feira (19), no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O júri popular, que teve início com cinco réus, segue com apenas dois acusados: Macarrão e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada de Bruno Fernandes. Macarrão é acusado de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver. Ela é acusada de sequestro e cárcere privado de Eliza e de Bruninho, filho que a vítima teve com o goleiro. Fernanda é interrogada nesta quinta-feira pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues.
"Acredito que ele saiba onde estão os restos mortais da minha filha", disse Sônia Samudio. Para ela, Macarrão não falou "por medo". Na madrugada de quarta para quinta, enquanto o réu ainda dava o seu testemunho, Sônia saiu do plenário dizendo que ele estava "só enrolando". Nesta quinta-feira (22), ela explicou que saiu do plenário durante o depoimento de Macarrão aconselhada pela advogado. "Ele [Macarrão] estava constrangido com a minha presença. Então acredito que ele falou mais depois que eu saí", falou a mãe de Eliza.
Também nesta quinta-feira (22), o advogado José Arteiro Cavalcante Lima, que é assistente de acusação e representa Sônia, disse que Macarrão fez "exatamente" o que foi combinado num suposto acordo para ter pena reduzida. Nesta quarta-feira (21), Arteiro disse que tinha feito um acordo com Macarrão, na presença de seu advogado Leonardo Diniz, para que ele confessasse a participação de todos no desaparecimento e morte de Eliza Samudio.
"Ele falou tudo o que eu esperava. Falou a verdade. Tudo não, mas a que eu precisava: que ele era jagunço do Bruno". Para Lima, faltou Macarrão falar de sua própria participação no crime. "Não posso exigir que ele conte tudo o que ele fez, ele tem que se defender. Mas eu sei o que ele fez", garantiu.
Interrogatório de Macarrão
Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi interrogado durante a terceira sessão do júri popular do caso Eliza Samudio, que durou até a madrugada desta quinta-feira (22) no Fórum de Contagem, em Minas Gerais. Ele disse ter levado de carro a ex-amante do jogador até um local indicado pelo goleiro, em Belo Horizonte, onde a jovem entrou em um Palio. "Ele ia levar ela para morrer", afirmou sobre a ordem recebida.
falou durante 5 horas (Foto: Vagner Antônio/TJMG)
Macarrão disse à juíza que não sabia o que iria acontecer com Eliza, mas que "pressentia" que a jovem seria morta. Ele afirmou ainda que alertou Bruno sobre o que podia acontecer, mas que o goleiro pediu para ele largar "de ser bundão". "Falou que era para deixar com ele", disse o réu antes de começar a chorar no plenário.
Antes de falar ao júri, Macarrão ouviu a leitura da denúncia contra ele e disse para juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues que a acusação "em partes é verdade" e que ele não falou, em depoimentos anteriores, tudo que sabia sobre Eliza. "Quero deixar bem claro para a senhora que eu não sou esse monstro que as pessoas colocaram", disse Macarrão. "E hoje eu vou falar tudo que a senhora queira ouvir da minha boca e colaborar com a verdade dos fatos".
Macarrão disse que Bruno conheceu Eliza Samudio durante "orgia no apartamento" e que, tempos depois, o goleiro contou que achava que a jovem estava grávida. O réu afirmou que não levou Bruno a sério, mas que o goleiro iria encontrar Eliza para conversar. Meses mais tarde, Bruno retomou o assunto e confirmou que "a garota estava grávida mesmo".
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O réu disse que Bruno estava estranho ao telefone, no dia 10 de junho de 2010, e que o jogador pediu que ele levasse Eliza Samudio até um ponto da Pampulha, onde teria uma pessoa esperando por ela. "Ele falou que ia...", começou a contar. "Antes de dizer o que ele ia fazer, eu quero dizer que eu disse pra ele deixar aquela menina em paz".
Mais tarde, questionado se estava mais aliviado por contar o que aconteceu, Macarrão respondeu: "Eu guardei tudo isso. Eu não aguentava mais, eu não sou esse monstro que todo mundo colocou [...] Se tem alguém aqui que acabou com a vida, foi ele [Bruno] que acabou com a minha vida".
"Graças a Deus eu tirei esse fardo carregado há dois anos das minhas costas. Eu não quis prejudicar ninguém nesse processo", disse Macarrão ao final do interrogatório. "Eu ponho a cabeça no travesseiro tranquilo de que eu fiz tudo para evitar isso [...] Eu não participei".