21/11/2012 10h49 - Atualizado em 21/11/2012 16h00

‘A gente precisava de mais tempo', disse advogado sobre troca na defesa

Com apresentação de novo advogado, juíza remarcou o júri de Bruno.
Agora, Bruno, Bola e Dayanne serão julgados em março de 2013.

Cristina Moreno de Castro, Pedro Triginelli e Glauco AraújoDo G1, em Contagem (MG)

Advogado Francisco Simim, de Dayanne e de Bruno (Foto: Pedro Triginelli/G1)Advogado Francisco Simim, de Dayanne e de Bruno
(Foto: Pedro Triginelli/G1)

O advogado Francisco Simim, que defende o goleiro Bruno no processo do desaparecimento e morte de Eliza Samudio, será substituído por Lucio Adolfo da Silva. A substituição foi aceita pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues nesta quarta-feira (21), terceiro dia do júri popular, em Contagem. Segundo Simim, a mudança, que implicou no adiamento do júri do goleiro, foi uma estratégia. “É estratégia sim, porque a gente precisava de mais tempo para estudar o processo”, disse o advogado.

De acordo com Simim, o desmembramento valeu para “ganhar prazo, porque tem um habeas corpus para ser julgado”, se referindo ao pedido de soltura impetrado pela defesa do goleiro no Supremo Tribunal Federal (STF), e ainda não julgado. Segundo o advogado, o novo defensor será o único representante de Bruno no plenário, a partir de hoje. Mas, nos bastidores, Simim disse que toda a equipe continua trabalhando pela defesa do goleiro.

Novo advogado de Bruno Lúcio Adolfo da Silva fala com imprensa do lado de fora do Fórum de Contagem (Foto: Maurício Vieira / G1)Novo advogado de Bruno Lúcio Adolfo da Silva fala com imprensa do lado de fora do Fórum de Contagem (Foto: Maurício Vieira / G1)

Lucio Adolfo, disse em entrevista, na porta do fórum de Contagem, que não conhece nada das 15 mil páginas que integram o processo, e que o prazo era necessário para a leitura dos autos. “Fui chamado para participar da defesa do Bruno hoje. Não conhecia o processo. Pedi à juíza um prazo para que eu pudesse analisar a matéria junto com o doutor Tiago Lenoir e o doutor Francisco Simim. E vamos fazer isso”.

O novo adv ogado contradisse Simim, ao afirmar que a substituição não é uma estratégia da defesa. "Absolutamente. Não é uma estratégia, é uma necessidade". E disse ainda que a juíza foi "muito compreensiva" ao lhe conceder o prazo de dois meses para a leitura do processo. "Vou me debruçar sobre o proceso. (...) O prazo é bom. Não é manobra. Não vou forçar um adiamento", completou.
 

Lucio Adolfo ainda se defendeu a respeito das várias trocas de advogados na defesa do goleiro, dizendo que "precisamos respeitar o que é legal. Essa é uma estratégia legal de trabalho. Se beneficiar o Bruno, qual o problema? Você acha que eu faria algo para prejudicá-lo? Acabei de falar com ele e ele está tranquilo, vai voltar para o presídio tranquilo". E completou. "Vocês acham, seriamente, que neste ambiente tenso, tumultuado, é possível fazer um julgamento justo?", questionou.

Desmembramento
O julgamento do goleiro Bruno Fernandes foi desmembrado e adiado para março de 2013, segundo decisão da juíza Marixa Fabiane, anunciada nesta quarta-feira (21), no Fórum de Contagem, em Minas Gerais. O goleiro foi retirado do plenário para ser levado novamente para a penitenciária Nelson Hungria.

O adiamento foi concedido pela juíza a pedido da defesa de Bruno. O advogado Francisco Simim, que defendia o goleiro, apresentou um documento transferindo seus poderes a outro advogado, Lúcio Adolfo. Chamado de substabelecimento sem reserva de poderes, o documento pediu a substituição de Simim por Adolfo, que alegou não conhecer o processo para pedir o adiamento.

O corpo de defesa afirmou logo no início da sessão, por volta de 9h40, que o novo defensor precisa de prazo para ler o texto da ação. "Eu preciso de mais tempo para estudar esse processo", disse Adolfo no plenário.

É a segunda tentativa de adiamento de Bruno, que na terça-feira (20) pediu a destituição de seus advogados Rui Pimenta e Francisco Simim. Na terça,  juíza Marixa Fabiane aceitou o pedido de destituição de Pimenta, após o jogador alegar que não se sentia seguro para continuar com ele, e negou o de Simim.

Segundo o promotor Henry Castro, o atual defensor do goleiro, Simim, apresentou nesta quarta-feira um documento chamado substabelecimento pedindo sua substituição por Silva, dando poderes ao novo advogado. O promotor afirmou que o pedido é uma "manobra" da defesa para adiar o julgamento.

A juíza afirmou que "não obstante haver claras evidências de manobra, por outro lado também é verdade que o documento que foi apresentado a mim foi de substabelecimento", justificando sua decisão. "Estou acolhendo o pedido da defesa para conceder ao advogado prazo para o conhecimento do processo", disse ela.

O promotor afirmou que os advogados de Bruno atentam "contra quem quer trabalhar". O Código Penal, lembrado por ele, prevê multa de dez a 100 salários mínimos por abandono de processo que não for por motivo imperioso.

O julgamento continua para dois outros réus no processo: Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro.

Destituição
O goleiro argumentou, na terça-feira (20), que pediu a destituição de Simim por ele representar sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues, ré na ação. A magistrada entendeu que o goleiro pretendia adiar seu julgamento e negou a solicitação, mas Bruno negou esse objetivo e alegou que não queria prejudicar a defesa de Dayanne.

O promotor do caso pediu para que Dayanne, que responde à ação em liberdade, tivesse mais tempo para ser defendida por outro advogado. Bruno, réu preso, tem preferência de julgamento. A juíza seguiu este entendimento e determinou que Dayanne seja julgada em outra data, possivelmente junto com Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que conseguiu o desmembramento do júri.

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