Uma operação do Ministério Público do Trabalho resgatou 163 operários de situação análoga à escravidão em Camaçari, na Bahia. Eles trabalhavam na construção da fábrica da montadora chinesa BYD, na região metropolitana de Salvador. Segundo o órgão, o alojamento e outras áreas do canteiro de obras foram interditados. Os funcionários resgatados permanecem nos alojamentos, mas não poderão continuar trabalhando. Além disso, o contrato de trabalho deles com a empreiteira responsável pelas obras será rescindido. Os trabalhadores eram abrigados em cinco alojamentos diferentes. Em quatro deles, os investigadores encontraram irregularidades. Alguns funcionários dormiam em camas sem colchões e não possuíam armários para guardar pertences pessoais, que ficavam misturados com alimentos. Em um dos casos, 31 funcionários dividiam um mesmo banheiro. A fila para tomar banho de manhã era tão grande que alguns desses operários relataram que ficavam mais de uma hora na fila. Tanto homens quanto mulheres precisavam dividir os mesmos banheiros. O Ministério Público do Trabalho informou que alguns dos banheiros não tinham assentos sanitários adequados e apresentavam condições precárias de higiene. Em alguns casos, trabalhadores lavavam as roupas no banheiro por falta de estrutura adequada. Nas cozinhas, foram encontrados materiais de construção civil armazenados junto de alimentos, alimentos armazenados perto de banheiros e um refeitório tão pequeno que alguns operários comiam nas camas em que dormiam. 2 de 2 Operação resgata 163 trabalhadores em situação semelhante à escravidão em obra da montadora BYD — Foto: Reprodução Operação resgata 163 trabalhadores em situação semelhante à escravidão em obra da montadora BYD — Foto: Reprodução No canteiro de obra, havia apenas 8 banheiros químicos para 600 trabalhadores. Segundo o MPT, eles estavam "em estado deplorável, sem papel higiênico, água ou manutenção adequada, além de não respeitarem as distâncias mínimas estabelecidas por norma". Não havia proteção adequada aos raios solares durante o horário de trabalho, prejudicando a saúde dos trabalhadores. Também há relatos de acidentes de trabalho causados por cansaço extremo e falta de atendimento médico. Em um dos casos, um funcionário teria trabalhado por 25 dias sem descanso. Os procuradores investigam se as empresas pagavam apenas parte dos salários, dificultavam a rescisão contratual e mantinham os passaportes dos trabalhadores retidos. O MPT agendou uma audiência virtual com a montadora e a empreiteira, para que elas apresentem quais providências serão adotadas para garantir as condições mínimas de alojamento. A CBN entrou em contato com a BYD e aguarda posicionamento da empresa. Mais recente Próxima Motorista de caminhão suspeito de causar grave acidente na BR-116 se entrega à polícia