As imagens da galáxia mais distante da Terra obtidas pela Nasa

Imagem do telescópio James Webb de JADES-GS-z14-0

Crédito, NASA/ESA/CSA/STScI/Brant Robertson et al

Legenda da foto, Esta é a imagem da galáxia mais distante já observada
  • Author, Jonathan Amos
  • Role, Correspondente de ciência da BBC News
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O Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) bateu seu próprio recorde ao detectar a galáxia mais distante já descoberta.

O aglomerado de estrelas, chamado JADES-GS-z14-0, foi observado a meros 290 milhões de anos após o Big Bang.

Em outras palavras: se o Universo tem 13,8 bilhões de anos, isso significa que estamos observando a galáxia quando o cosmos tinha apenas 2% da sua idade atual.

Webb usou seu enorme espelho primário de 6,5 m de largura e instrumentos de observação em infravermelho supersensíveis para fazer a descoberta.

A recordista anterior do telescópio era uma galáxia observada a 325 milhões de anos após o Big Bang.

Os astrônomos dizem que o aspecto mais interessante da observação mais recente não é tanto a grande distância envolvida — por mais incrível que seja — mas, sim, o tamanho e o brilho de JADES-GS-z14-0.

Pela medição do Webb, a galáxia tem mais de 1.600 anos-luz de diâmetro. Muitas das galáxias mais luminosas geram a maior parte da sua luz por meio do gás que cai num buraco negro supermassivo. Mas a dimensão de JADES-GS-z14-0 indica que esta não é a explicação neste caso. Em vez disso, os pesquisadores acreditam que a luz está sendo produzida por estrelas jovens.

"Esta quantidade de luz estelar sugere que a galáxia tem várias centenas de milhões de vezes a massa do Sol! Isso levanta a questão: como pode a natureza criar uma galáxia tão brilhante, massiva e grande em menos de 300 milhões de anos?", afirmaram os astrônomos Stefano Carniani e Kevin Hainline, do telescópio James Webb.

Carniani é vinculado à Scuola Normale Superiore em Pisa, na Itália, e Hainline é da Universidade do Arizona em Tucson, nos EUA.

Infográfico mostra como o telescópio James Webb é capaz de ver o passado
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O Telescópio Espacial James Webb, que custou US$ 10 bilhões, foi lançado em 2021 como um empreendimento conjunto das agências espaciais dos EUA, da Europa e do Canadá.

Ele foi projetado especificamente para ver mais longe no cosmos — e mais atrás no tempo — do que qualquer ferramenta astronômica anterior.

Um dos seus principais objetivos era encontrar as primeiras estrelas que se acenderam nos primórdios do Universo.

Esses objetos gigantes, talvez com centenas de vezes a massa do nosso Sol, eram feitos apenas de hidrogênio e hélio.

Acredita-se que tenham tido vidas brilhantes, mas breves, formando em seus núcleos os elementos químicos mais pesados ​​conhecidos hoje na natureza.

Na galáxia JADES-GS-z14-0, o telescópio Webb pode ver uma quantidade significativa de oxigênio, o que indica aos pesquisadores que a galáxia já está bastante madura.

"A presença de oxigénio tão cedo na vida desta galáxia é uma surpresa, e sugere que várias gerações de estrelas muito massivas já tinham vivido suas vidas antes de observarmos a galáxia", acrescentaram Carniani e Hainline.

Infográfico mostrando cada parte do telescópio

O acrônimo em inglês "JADES" no nome do objeto significa "Pesquisa Extragaláctica Profunda Avançada do JWST". É um dos vários programas de observação que utilizam o telescópio para espiar as primeiras centenas de milhões de anos do cosmos.

Já "z14" se refere a "Redshift 14", que pode ser traduzido como "desvio para o vermelho" — termo que os astrônomos usam para descrever distâncias.

É essencialmente uma medida de como a luz proveniente de uma galáxia distante foi esticada para comprimentos de onda mais longos pela expansão do Universo.

Quanto maior a distância, maior será o alongamento. A luz das primeiras galáxias se estende de comprimentos de onda ultravioletas e visíveis até o infravermelho — a parte do espectro eletromagnético para a qual os espelhos e instrumentos do James Webb foram especificamente projetados.

"Poderíamos ter detectado esta galáxia mesmo que seu brilho fosse 10 vezes mais fraco, o que significa que poderíamos ver outros exemplos ainda mais cedo no Universo — provavelmente nos primeiros 200 milhões de anos", disse Brant Robertson, professor da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos EUA.

A descoberta e suas implicações foram descritas em vários artigos acadêmicos publicados na plataforma arXiv (onde ficam disponíveis estudos ainda sem revisão dos pares).