Uma das poucas diferenças está na hora do nascimento, naquele 8 de junho de 1998, no Hospital Sírio Libanês, Tijuca (RJ): Leonardo nasceu às 16 horas, Lucas, dois minutos depois. A partir dali, a história dos gêmeos univitelinos que servem no maior navio da Esquadra Brasileira se encontra e se repete em diversos momentos da vida.
“Os Iguais”, como eles se chamam, hoje têm 26 anos, são Cabos da Marinha do Brasil (MB), possuem a mesma especialização em motores e também compartilham a rotina de trabalho, desde 2021, no mesmo setor, o Centro de Controle de Máquinas, do Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”.
Para além da igualdade na aparência, os dois ainda dividem outras coincidências naturais ou combinadas. Eles fizeram a prova para o ingresso na Força aos 19 anos, em 2017 e entraram no ano seguinte. “A ligação da gente é tão forte que o Lucas passou no concurso um ano antes, mas me esperou para que pudéssemos viver esse momento juntos”, revela Leonardo Simões.
Ambos fizeram o curso de formação, ao mesmo tempo, na Escola de Aprendizes-Marinheiros (EAMES), no Espírito Santo. O período, considerado por eles como desafiador, foi sustentado pela proximidade emocional que os mantinha unidos.
Após a formação, cada um seguiu seus caminhos servindo em navios Fragatas da Marinha. Mas a vida ainda parecia ter planos semelhantes para eles. Os Simões se reencontraram na Base de Manutenção e Apoio a Embarcações, onde decidiram se especializar na área de mecânica. Desde então, têm trabalhado juntos no navio “Atlântico”, onde realizam manutenção de equipamentos essenciais como refrigeração e ar comprimido.
A cronologia dos irmãos seria totalmente simétrica, não fosse o momento difícil que tiveram que enfrentar durante as etapas eliminatórias do concurso, como a Inspeção de Saúde e Teste de Aptidão Física (TAF). Enquanto viviam a expectativa da classificação, tiveram que lidar com a perda do pai.
“A decisão de entrar para a Marinha foi justamente motivada pelo sonho da nossa mãe e estímulo do nosso pai, ele incentivou muito que nós dois nos dedicássemos a essa carreira”, relembra Lucas Simões. “Apesar da falta da presença do senhor Marco Aurélio de Andrade, o ensinamento e o exemplo permaneceram por meio da valorização da educação e respeito”, disse um dos Simões que são tão parecidos que confundiram até a repórter.
Por falar em confundir, como saber quem é quem se, além de serem idênticos, ambos têm histórias similares para contar? A falta de distância na linha do tempo entre Leonardo e Lucas desenhou outras repetições na área dos estudos com a mesma escola durante o ensino fundamental e médio e até a mesma faculdade atualmente, de Engenharia Mecânica.
Somente a mãe, dona Ignêz Simões, para nos ajudar nessa missão. “O Lucas tem uma cicatriz acima da sobrancelha. Quando eram crianças, eu fazia a distinção por meio de uma pulseirinha com os nomes, mas desde o primeiro mês de vida deles eu sei distingui-los”.
Ambos são casados, têm suas próprias casas e o Leonardo já é pai. As esposas já não caem mais nas armadilhas das brincadeiras de trocas, graças ao estilo diferente de se vestirem quando não estão usando uniformes das Forças Armadas. Enquanto o Leonardo se arruma para sair, o Lucas prefere o básico e um chinelo.
A irmã mais velha é a Letícia, de quem eles juram perceber um ciúme pela aproximação intensa dos dois. De vez em quando, a única irmã dos Simões ainda é vítima do troca-troca entre eles. Já o pai descansou sem saber ao certo quem era Lucas e quem era Leonardo. “Quando éramos crianças, na hora de chamar um só, ele chamava os dois. Na hora de brigar, os dois apanhavam juntos, mas também era mais fácil na hora de apoiar, a força era sempre dupla”, relembra Lucas.
As curiosidades da infância gemelar
“É gemelar! É gemelar!” A dona Ignêz se recorda desses gritos da técnica de enfermagem na maternidade e diz que naquela época ela e o marido não entendiam muito bem o que isso significava. Ela levou um susto, mas o pai demorou para acreditar.
A dona Ignêz conta ainda histórias engraçadas desse período de adaptação à vida com gêmeos univitelinos. De todos os casos engraçados, ela destacou que o pai se atrapalhava com frequência e dava duas mamadeiras para um dos gêmeos, deixando o outro sem. Na hora do banho, um dos gêmeos tomava dois e o outro nenhum.
Ainda na infância, Lucas quebrou a perna e foi levado ao hospital para engessar, mas uma semana depois o Leonardo machucou o braço e também foi ao mesmo hospital para colocar o gesso. A coincidência quase fez dona Ignêz parar na delegacia já que a equipe médica acreditou se tratar da mesma criança com mais de um machucado e suspeitou de maus-tratos.
“Os meninos também colaboraram muito com a confusão dos parentes e desconhecidos. Eles aprontaram demais, trocavam de lugar e de roupa com frequência, enrolavam os professores e, uma vez, chegaram até a fazer a prova um do outro”, conta a mãe, rindo muito.
Quando dois iguais trabalham juntos
A maturidade chegou com o juízo e quando perguntados sobre um assumir o lugar do outro no ambiente de trabalho, ambos negaram. Chefe dos gêmeos, o Capitão-Tenente Heitor Figuno de Sá Freire Teixeira, atua como encarregado deles há mais de dois anos e confirma a postura profissional: “São excelentes militares, dedicados e zelosos com suas incumbências”.
A bordo do “Atlântico”, Leonardo e Lucas chegam todos os dias antes das 7h30 da manhã e se ajudam no dia a dia: “Trabalhar com meu irmão é uma vantagem. Nos entendemos bem e sempre nos ajudamos e quando um está mais desanimado, o outro dá aquele ‘up’”, afirmou Leonardo.
Entre uma ajuda e outra, é claro que os irmãos se salvam em relação ao uniforme ou quando precisam de apoio durante o serviço. E quando surge um pedido, é como se eles fossem a mesma pessoa. “Entre todas as brincadeiras os colegas chamam assim: Simões! Simões! Irmãos Simões! E o primeiro que atende ou quem estiver mais perto, vai lá e responde”.
São tantas experiências juntos que eles destacam as viagens a trabalho. Segundo a conta dos “iguais” já foram aproximadamente 10 missões e muitos portos, como os de Belém (PA) e Fortaleza (CE). Um dos poucos portos que ambos não visitaram ao mesmo tempo, foi o de Cabedelo (PB). Enquanto Lucas integrava a missão “Aderex”, Leonardo não embarcou porque se tornou pai.
As histórias parecidas e as afinidades não escondem as individualidades. Lucas se considera extrovertido e brincalhão, enquanto Leonardo se vê como o mais reservado e sério. Nos momentos de lazer e folga, eles se juntam na casa da mãe para conversar ou jogar bola.
E é aqui que chegamos na maior diferença entre eles. Foi já no finalzinho da conversa que descobrimos o segredo dos univitelinos: “A única coisa que tira a gente do sério é o futebol, eu sou tricolor feliz e ele é flamenguista triste”, brincou Leonardo que é Fluminense, apontando e rindo para Lucas que torce para o Flamengo.
Do futuro dos times para a temporada não sabemos, mas os Simões sabem muito bem como será o deles. “Apesar das coincidências no nosso caminho, não somos presos um ao outro, porém estaremos sempre unidos. Em 2028 seremos promovidos a Sargentos e vamos nos separar profissionalmente, mas estaremos sempre prontos para enfrentar juntos os mares e a vida que vem pela frente”, concluiu Lucas.
Dona Ignêz repetiu sobre o orgulho que têm deles por muitas vezes durante a conversa. Sabemos que o senhor Marco Aurélio também sente alegria pelos seus “iguais”, onde quer que ele esteja.
Como ingressar na Marinha?
A Marinha do Brasil possui 20 formas de ingresso. As vagas, distribuídas pelos níveis fundamental, médio, médio técnico e superior, são voltadas para candidatos de 15 a 63 anos.
As oportunidades abrangem concursos de carreira e processos seletivos para militares temporários. Esses podem servir por até 8 anos. Clique aqui e conheça todas as 20 formas de ingresso
Confira mais informações no site e rede social:
www.ingressonamarinha.mar.mil.br
@ingressonamarinha_mb
Comentários
História PADRÃO. PARABÉNS aos gêmeos, sigam nessa proa, "BRAVO ZULU" 🫡🫡🫡🫡🫡🫡
Aos meus Campanhas, CB-MO Leonardo e CB-MO Lucas. Desejo a vocês dois, muitas felicidades e muito sucesso na Briosa e também nessa profissão tão maravilhosa da qual faço parte. Servi no NAel Minas Gerais, Fragata Defensora, Barão de Tefé, Ilha da Trindade, Base Antártica Comandante Ferraz, Policlínica Naval Nossa Senhora da Glória, Comando do 7º Distrito Naval e Capitania Fluvial do Araguaia-Tocantins. Um forte abraço do Campanha SO-MO REF Carvalho
Carvalhinho irmão ... SO Jair
Servi na CFAT 2006/10 te conheci aí nesse lugar Abençoado e quente kkk ... Sou da época do Manoel Ribeiro ... Euzébio ... Waguinho. Tempo bom ... Todos os anos vou à Palmas. Ano q vem espero te reencontrar ... Abraço Campanha ... Qdo vier ao Rio me procura.
Muito legal, espero os irmãos façam, uma brilhante carreira na gloriosa Marinha do Brasil.
Avante guris.
ADSUMUS MB CFN Sucesso para os irmãos!
Parabéns!Sucesso Sempre!
ADSUMUS MB-CFN!
Sucesso Sempre para Vcs 2!
ADSUMUS MB-CFN
Abcs
Adm/Adv Rocha Fortes GM C FN !
Sucesso Sempre para Vcs!
Estudem e se formem nas profissões que mais lhes agradem e contribuam com a Marinha do Brasil com o conhecimento que o estudo lhes propiciará!
Rocha Fortes
Ex GM CFN
Administrador CRA 1059 PR
Advogado. OAB PR 71331
Ex academico de Engenharia Civil e de Produção
ADSUMUS
ADSUMUS MB-CFN
Estudem e se formem nas profissões que mais lhes agradem e contribuam com a Marinha do Brasil com o conhecimento que o estudo lhes propiciará!
Rocha Fortes
Ex GM CFN
Administrador CRA 1059 PR
Advogado. OAB PR 71331
Ex academico de Engenharia Civil e de Produção
ADSUMUS
ADSUMUS
Fonte: Agência Marinha de Notícias
Acesse: https://www.agencia.marinha.mil.br/
Pode parecer bonita a história mas há tantas questões Administrativas, Médico-legais , familiares SÉRIAS que não deveria ser permitida a lotação dos dois no mesmo Navio !
Isso é bonito para artigo de revista , novela ... Não para uma situação em que envolve dois militares ,
Num navio de Guerra , sujeitos às Situações Hostis e intempéries adversas.
Teve um filme épico , de sucesso mundial , só pra mostrar que irmãos na Guerra , não é boa ideia .
O Banco BRADESCO perdeu importantes diretores num mesmo acidente aéreo e a partir daí o Mundo empresarial proibiu grupos de viajarem no mesmo vôo ...
Mas a MB põe dois irmãos numa mesma belonave como se fosse bonito !
Achei muito. Enteresante a vida dois gêmeos
Servindo no mesmo navio.
Eu me formei na base. Naval de Belém Pará ano 1979.
Servir 2 anos no quarto distrito.
E 2 anos no primeiro distrito já enganchado como máquinas .
Foi quando. Que tive uma enfermidade doença .
Tive. Que me afastar das minhas funções.
Muito bons.
Muito legal também tenho um irmão gêmeo e entramos juntos na marinha em 2007 no CIAMPA depois fomos convocados pra EAM/TURMA ALFA eu indo pra Vilha velha e ele pra Recife, posteriormente chegamos a servir juntos novamente por dois anos, hoje ele não esta mais na marinha, decidiu ir pra outros horizontes eu ainda continuo. Mas lembro com muito carinho e saudade da época que trabalhamos juntos, até do nosso recrutamento. Até hoje tem pessoas que chamam pelo nome dele nos confundindo chega até ser engraçado.
Orgulho em dobro. Parabéns à família!
Também servir na EAMES ano de 1966/1967, turma/Acho, formei fui para O Rio de Janeiro, embarquei no extinto Ali Nael Minas Gerais, viajei muito, em 1973 dei baixo, sequir outro rumo, o tempo que passei na Marinha, época de muito. Aprendizado. Obs: Turma ECHO.
Eu sou suspeita pra falar deles. Meus filhos lindos!! Cuidei deles pequenos com 2 aninhos e eu só tinha 17 anos, e eu me tornei a irmã mais velha. Desejo o mundo pra vcs!!! Sucesso meus filhos!!! Orgulhosa demais!!!!!
Sucesso, rapaziada.
Nesses mais de 11 anos compondo o corpo docente da EAMES, nós nos sentimos honrados em saber que aqueles moços se tornaram Homens do mar e exemplos em nossa MB.
Que isso possa atrair mais jovens com desejo de seguir nesta nobre missão em nossa Amazônia Azul.
alto padrão parabéns pela história
alto padrão parabéns
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