Conforme descrito na página Estreia, o 'Globo Rural' surgiu na grade da emissora em um momento em que quase ninguém acreditava que ia vingar, a ponto de ser citado com o apelido 'Mandioca News'. Rapidamente, entretanto, viu-se que tal previsão estava errada. Como conta José Hamilton Ribeiro ao Memória Globo: "Quando surgiu esse programa às 8 horas da manhã de domingo, imediatamente nos corredores da Globo disseram: 'Olha, esse programa aí, o Mandioca News, não dura três meses. Como é que na rede da Globo, na grade da Globo, vai caber um programa de alface, falando de beterraba, de capação de gado? Isso aí não dura três meses.' E, no entanto, com três meses, o programa 'Globo Rural', que tinha começado com 15 minutos, passou para 30, e com pouco tempo estava com uma hora. Então, quando ele faz o primeiro aniversário, foi um grande motivo de comemoração, sabe? Foi uma vitória, né?"
O sucesso do programa levou o apresentador Carlos Nascimento a ser constantemente reconhecido como “o homem do Globo Rural” na rua, em viagens de avião e nos lugares e situações mais improváveis. Em 1981, durante a cobertura de uma visita do presidente João Figueiredo ao Peru, o jornalista foi abordado pelo então ministro chefe da Casa Militar, general Danilo Venturini. Não era comum que os militares dispensassem muita atenção à imprensa nesse tipo de situação. Os outros repórteres presentes, ignorados friamente pelo militar, ficaram pasmos. O próprio apresentador ficou surpreso quando soube que o general, que tinha um sítio no Brasil, queria lhe falar de sua admiração pelo Globo Rural.
A partir de outubro de 1985, a Editora Globo levou às bancas a revista 'Globo Rural', uma tradução para a mídia impressa da linguagem do programa de televisão. O projeto era coordenado pelo jornalista João Noro, que também dividia a chefia de redação com Humberto Pereira. O editor-chefe era José Hamilton Ribeiro. Como o programa, a revista apresentava matérias sobre o homem do campo, informações sobre o mercado, indicadores econômicos e espaço para a opinião do leitor. Entre os colaboradores da revista estavam os jornalistas Luiz Carlos Cardoso, Sérgio de Souza e Sérgio Figueiró da Silva, além do poeta e escritor Carlos Drummond de Andrade. O engenheiro agrônomo João da Costa e o médico veterinário Luiz Pustiglione, que trabalhavam como consultores do 'Globo Rural', prestavam o mesmo serviço à publicação.
Ao longo das décadas, foram muitas matérias com forte repercussão, mas também não faltou situação inusitada ou complicada. Só José Hamilton Ribeiro relatou em seu depoimento ao Memória Globo histórias sobre coices de boi -- levou em duas ocasiões, fazendo reportagens no Rio Grande do Sul e em Minas -- ou até mesmo sobre sofrer uma queda de balão. Por sorte, sem feridos.
No final de 1999, para celebrar os 20 anos do programa que chegariam em 06/01/2000, o repórter Alberto Gaspar fez uma reportagem sobre os bastidores do 'Globo Rural', repleto de curiosidades. Mostrou, por exemplo, que William Bonner, Lilian Witte-Fibe e Joelmir Beting já haviam participado do programa como apresentadores ou comentaristas; que as muitas cartas recebidas pelo programa eram sempre respondidas, e algumas acabavam virando matéria; que repórteres enfrentaram percalços, como picadas graves de insetos, para fazer reportagens; que é complexo exibir determinadas cenas de natureza com uma captação de som satisfatória; e como, graças à experiência que a equipe foi adquirindo, foi possível conseguir imagens raras mesmo para cientistas e especialistas em animais.
Globo Rural: Bastidores. 26/12/1999