A história é ambientada na fictícia Albuquerque, no interior de São Paulo, no início da década de 1960 – época marcada por mudanças de comportamento em boa parte do mundo. Lá, os jovens curtem os acordes do rock e do twist nas pistas de dança, seguem o modismo dos jeans e das jaquetas de couro e se exibem em lambretas e motocicletas pelas ruas da cidade. Nesse contexto, a normalista Maria Tereza (Françoise Forton) sonha morar na capital e ser eleita miss Brasil, mas entra em conflito com o namorado, João (Ricardo Blat). Jovem idealista que pretende seguir carreira jornalística, ele morre de ciúmes da amada.
Autoria: Mário Prata | Direção: Régis Cardoso | Período de exibição: 25/08/1976 – 28/02/1977 | Horário: 19h | Nº de capítulos: 160
Abertura da novela Estúpido Cupido (1976).
TRAMAS PARALELAS
Mederiquis (Ney Latorraca) é um típico personagem da época, representante da chamada juventude transviada. Playboy e fã de Elvis Presley, é líder do conjunto de rock Personélitis Bóis e está há sete anos no curso científico – correspondente ao atual ensino médio – para não perder a mesada paterna. Ele se envolve com a carioca Betina (Heloísa Millet), uma jovem de costumes mais avançados do que os das meninas locais. Além de Mederiquis e Betina, o grupo jovem da novela é formado também por Carneirinho (Tião d’Ávila), braço direito de Mederiquis, sempre na garupa de sua lambreta, pronto a seguir suas ordens; Glorinha (Djenane Machado), a menina mais engraçada da cidade, que escreve um diário mantido em segredo; e Caniço (João Carlos Barroso), desajeitado e distraído, é sempre proibido de cantar no Personélitis Bóis por causa de sua desafinação.
PERSONAGENS
Um núcleo importante da trama é o colégio de freiras, dirigido por Madre Encarnación (Ida Gomes), que conduz a instituição com rigidez, principalmente no que diz respeito à disciplina escolar. Irmã Consuelo (Suely Franco) é a professora de Ciências do colégio. Sua maior preocupação é o comprimento das saias das alunas. Já Irmã Angélica (Elizabeth Savala) é a professora de Português e principal incentivadora das atividades artísticas entre as alunas. Propõe a criação de um grupo de teatro amador, mas é aconselhada pela direção a limitar-se às suas aulas.
BASTIDORES
A produção da novela reconstituiu com fidelidade o concurso Miss Brasil de 1961. As cenas foram gravadas no ginásio do Maracanãzinho (RJ), com os apresentadores do concurso real, Hilton Gomes e Marly Bueno, e um público de 10 mil pessoas. Ninguém do elenco sabia qual seria a decisão dos jurados, nem mesmo a atriz Françoise Forton, que se emocionou de verdade quando soube que sua personagem (Maria Tereza) vencera a disputa.
TRILHA SONORA
O LP da trilha sonora de 'Estúpido Cupido', gravado pela Som Livre, vendeu mais de um milhão de cópias, superando a marca anterior, de 'Escalada' (1975). Consolidava-se assim a boa vendagem de discos de trilhas de telenovelas, num projeto que fora iniciado em 1971.
Celly Campello voltou às paradas com 'Estúpido Cupido', música de abertura da novela, escolhida por ser um dos símbolos da juventude no início dos anos 1960. No embalo da novela, a cantora relançou ainda outros hits, como 'Banho de Lua', que também fez parte da trilha.
CENAS MARCANTES
Cena em que Mederiquis (Ney Latorraca) e sua turma, os jovens João (Ricardo Blat), Caniço (João Carlos Barroso) e Carneirinho (Tião d’Ávila), caçoam de um homem na rua e depois pegam suas lambretas.
Cena em que Maria Tereza (Françoise Forton), João (Ricardo Blat), Mederiquis, (Ney Latorraca), Caniço (João Carlos Barroso), Ciça (Sônia de Paula), Carneirinho (Tião d’Ávila) e outros jovens da fictícia cidade de Albuquerque dançam twist.
Cena em que Maria Tereza (Françoise Forton) conversa com sua mãe, Olga (Maria Della Costa), e sonha em ser eleita miss Brasil.
Primeiro bloco do último episódio da novela “Estúpido Cupido”.
Segundo bloco do último episódio da novela “Estúpido Cupido”.
Terceiro bloco do último episódio da novela “Estúpido Cupido”.
Quarto bloco do último episódio da novela “Estúpido Cupido”.
Fontes
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Elizabeth Savalla (19/03/2009), Ida Gomes (23/04/2001), Mauro Mendonça (22/10/2007), Ney Latorraca (18/06/2007), Nuno Leal Maia (17/06/2002); Boletim de programação da Rede Globo, números: 188, 202, 332; CAMBARÁ, Isa. “Mário Prata: um jovem escreve sobre a geração” In: Folha de S. Paulo, 27/08/1976; CARDOSO, Régis. No princípio era o som: a minha grande novela. São Paulo, Madras, 1999, p.89, pp.94-97; “‘Cupido’ é o final das novelas em preto e branco” In: Amiga, 09/03/1977; “Estreia dia 24 ‘Estúpido cupido’” In: O Popular, 24/11/1976; FERNANDES, Ismael. Memória da telenovela brasileira. São Paulo, Brasiliense, 1994, p.201; HALFOUN, Eli. “Descobrir um novo (e bom) autor foi mérito maior de ‘Cupido’” In: Última Hora, 17/02/1977; MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; “Novela: a fórmula certa para garantir o sucesso musical” In: Amiga, 22/12/1976; “Os incríveis anos 60” In: Última Hora, 25/08/1976; SENNA, Paulo. “O ‘Estúpido cupido’” In: O Globo, 27/01/2002. |