PRODUÇÃO
Além do estúdio e das cidades cenográficas montadas na antiga Central Globo de Produção (Projac), atual Estúdios Globo, a novela teve como locações Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro; a comunidade Santa Marta, no bairro de Botafogo, na zona sul – onde a equipe gravou por duas semanas –; e São Paulo.
Ocupado pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em 2008, o morro Santa Marta já servira de cenário para produções de outras emissoras e da própria TV Globo, como o seriado Cidade dos Homens (2002) e a novela Viver a Vida (2009).
Para alcançar uma textura diferente da realidade, as cenas do plano espiritual eram gravadas em 24 quadros por segundo, em vez dos tradicionais 30 quadros. A direção optou, ainda, por trabalhar com uma luz mais recortada, próxima da estética cinematográfica, conferindo um clima lúdico às cenas.
Técnicas de simulação de levitação (com os atores pendurados por cabos que ficam invisíveis sob o efeito do chromakey) foram associadas a movimentos executados dentro d’água para as gravações de cenas envolvendo voos de personagens. O recurso amenizava o efeito da gravidade, tornando os movimentos mais suaves. O público pôde assistir a algumas dessas cenas na novela, como a sequência em que Seth (Alexandre Rodrigues) ensina Daniel (Jayme Matarazzo) a voar. Os dois sobrevoam a cidade do Rio de Janeiro, passando por cima de prédios, sob viadutos e dentro de túneis.
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO
Entre a grande variedade de figurinos criados para a novela, 'Escrito nas Estrelas' trouxe como destaque a caracterização de Beatriz (Débora Falabella), uma moça fútil e mimada, vinculada às tendências da moda. As modelos Alice Dellal e Lizzy Jagger foram referências para a composição do visual da personagem: cinturas altas e marcadas; correntes e elementos metálicos, como fivelas, tachas e zíperes; e calças legging em tecido vinil ou cirrê. Um corte de cabelo moderno, picotado na altura do ombro e com um tom loiro ruivo incrementava o visual, ao qual era acrescido o olho preto esfumaçado.
Já a heroína Viviane (Nathalia Dill) era o oposto da vilã. Para retratar a aparência de uma moça pobre e desprovida de vaidade, a atriz teve o cabelo escurecido, com pontas picotadas para dar mais volume e simular um ar despenteado. A personagem quase não usava maquiagem e, nas cenas iniciais, apareceu com um figurino simples: camiseta e calça jeans larga, envelhecidas pelo uso. Após ser escolhida por Ricardo (Humberto Martins) para gerar o filho de Daniel (Jayme Matarazzo), Viviane sofre uma transformação visual, marcada por uma mudança nos cabelos, que ganham mechas mais claras nas laterais e passaram a ser escovados. Além de vestidos, ela passa a usar calças de alfaiataria, camisas e blazers de veludo, todas as roupas em cores clássicas, combinando com joias feitas de pedras coloridas. Os saltos também fazem parte de seu novo look.
A atriz Carol Castro também teve o visual modificado para viver a estudante de Psicologia Mariana: corte de cabelo com franja, luzes nas pontas e ondulado natural. O guarda-roupa da personagem era repleto de batas, coletes e sandálias rasteiras. Suas unhas pintadas de roxo viraram um dos principais itens da relação de pedidos da Central de Atendimento ao Telespectador (CAT). Já Carolina Kasting, intérprete de Judite, ganhou um corte de cabelo moderno, picotado curto e em tom loiro platinado.
A quantidade de perucas e apliques usados em cena chamou a atenção na caracterização dos personagens da novela. Se Beatriz podia aparecer em uma festa usando um aplique de rabo de cavalo comprido, Zenilda (Walderez de Barros), por sua vez, abusava dos mais variados tipos de peruca: preta com penteado em gomos; castanha com franjinha e corte Chanel; ruiva com penteado alto, sustentado com laquê; e uma castanha com mechas loiras, meio acinzentadas. Suzana Faíni usou uma discreta peruca grisalha para interpretar Antonia; Alexandre Rodrigues aderiu a um black power para compor o anjo Seth; Marina Ruy Barbosa teve de se habituar a um aplique de dread locks com fios castanho, loiro e ruivo por conta de sua personagem, Vanessa. E mesmo a protagonista, Viviane, chegou a usar perucas como disfarces: uma ruiva, uma loura e uma black power – tudo para poder subir o morro onde morou, em busca de notícias do pai, e para consultar a sorte com Madame Gilda (Jandira Martini).
CENOGRAFIA E ARTE
Escrito nas Estrelas teve duas cidades cenográficas. A maior, com área total de 3.400 m², simulava um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, localização da vila habitada pela família de Magali (Nica Bomfim) e do mercado de Mateus (Gilberto Torres). A outra, de 2.300 m², reproduzia um trecho da comunidade de Viviane (Nathalia Dill).
A Clínica de Reprodução Assistida Ricardo Aguillar foi um dos cenários que demandou mais pesquisa às equipes de cenografia e produção de arte da novela. As médicas Maria Cecília Erthal e Maria Cecília Carneiro deram assistência para a criação do cenário.
Um dos destaques da produção era uma Kombi picape bege de cabine dupla, de 1979, com três portas e carroceria de madeira, pertencente ao personagem Jair (André Gonçalves). O carro ganhou adesivos com frases como “Quem não ama não conhece a dor”, “Amo minha esposa” e “A coisa é mansa, mas atropela”.
Para ambientar o plano espiritual presente na trama, a direção optou por usar painéis pintados, recorrendo ao mesmo conceito utilizado na cenografia da minissérie 'Hoje é Dia de Maria' (2005).
ABERTURA
'Escrito nas Estrelas' (2010): Abertura
Ao som da música 'Quando a Chuva Passar', na voz da cantora Paula Fernandes, uma mulher aparece flutuando em um céu estrelado. A abertura contou com as mesmas técnicas utilizadas nas cenas de voo dos personagens da trama, que mesclaram efeitos mecânicos com movimentos executados dentro d’água.
PRÊMIOS
A novela foi agraciada com vários prêmios referentes ao ano de 2010: Prêmio Arte Qualidade Brasil de Melhor Ator Coadjuvante, para Alexandre Nero; Prêmio Tudo de Bom, do Jornal O Dia, de Musa do Ano para Giovanna Ewbank; e Prêmio TV Press de Melhor Novela. Nathalia Dill foi premiada três vezes como Melhor Atriz: Prêmio Extra de Televisão, Prêmio Jovem Brasileiro e Prêmio TV Press.
CURIOSIDADES
'Escrito nas Estrelas' foi a segunda novela assinada por Elizabeth Jhin como única autora titular. Após uma trajetória de 15 anos como colaboradora de grandes autores, ela foi coautora de 'Começar de Novo', em 2004, ao lado de Antonio Calmon, e escreveu sua primeira novela em 2007: 'Eterna Magia', sob a supervisão de Silvio de Abreu. Elizabeth Jhin foi aluna da primeira oficina de roteiros da TV Globo.
Com 'Escrito nas Estrelas', o diretor Rogério Gomes assinou pela primeira vez a direção de núcleo de uma novela.
Em 'Escrito nas Estrelas', Nathalia Dill interpretou sua segunda protagonista consecutiva em novelas do horário das 18h. A primeira foi em 'Paraíso' (2009), onde viveu Santinha. Antes, a atriz havia feito a vilã Débora, na temporada de 2007 de 'Malhação'.
O personagem Daniel marcou a estreia de Jayme Matarazzo em novelas. O ator, filho do diretor Jayme Monjardim e neto da cantora Maysa, estreou na TV em 2009, interpretando o próprio pai na minissérie 'Maysa – Quando Fala o Coração'. No mesmo ano de 'Escrito nas Estrelas', o ator também estreou em cinema, no filme 'A Suprema Felicidade', de Arnaldo Jabor.
Marina Ruy Barbosa e Bruno Pereira, intérpretes de Vanessa e Mauro, tiveram aulas de balé para compor seus personagens. Cristina Amadeo, que viveu a professora de música Danusa, aprendeu noções de violino. Maria Clara Mattos recebeu dicas de uma esteticista para interpretar a personal beauty Leninha.
'Escrito nas Estrelas' foi ao ar em um ano em que o tema da vida após a morte estava em alta, tanto nos telões quanto na TV. No cinema, fizeram sucesso o filme Chico Xavier, dirigido por Daniel Filho e inspirado no livro 'As Vidas de Chico Xavier', de Marcel Souto Maior; e 'Nosso Lar', de Wagner de Assis, que estreou no mês de término da novela. A TV Globo ainda levou ao ar, no mesmo ano, o seriado 'A Cura', escrito por João Emanuel Carneiro, que abordava misticismo e espiritualidade.
Carol Castro e Marcelo Faria voltaram a fazer par romântico na ficção após dois anos em cartaz com a peça 'Dona Flor e Seus Dois Maridos', na qual interpretavam Flor e Vadinho.
Uma semana antes da estreia da trama, uma chuva torrencial no Rio de Janeiro causou mais de 200 mortes, em consequência de deslizamentos e enchentes. Por coincidência, os primeiros capítulos da trama mostravam uma enchente fictícia no morro carioca onde morava a protagonista. As cenas já haviam sido gravadas dois meses antes. Em solidariedade às vítimas da tragédia, a festa de lançamento da novela foi cancelada.
Gilmar foi o terceiro papel de Alexandre Nero em novelas. Ele já havia interpretado o verdureiro Vanderlei em 'A Favorita' (2008) e o peão Terêncio em 'Paraíso' (2009). Como já acontecera nos trabalhos anteriores, o ator foi muito elogiado por sua atuação, que mesclava momentos de pura maldade, candura dissimulada e humor.
Matheus Costa, intérprete de Tadeu – menino que vê espíritos e tem premonições na trama –, viveu no cinema o protagonista do filme 'Chico Xavier' quando criança. O filme, lançado em 2010, foi exibido na TV Globo no final do mesmo ano, em formato de minissérie.
Beatriz foi a primeira vilã e a primeira personagem com viés cômico de Débora Falabella, conhecida pelo público da TV pelos papéis de heroína romântica.