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Por Marcel Merguizo — São Paulo


O que dura mais, uma tempestade ou um ciclone? Quando o assunto é surfe, a resposta está nas palavras de um bicampeão mundial: a tempestade brasileira. Sem entrar nos detalhes técnicos dos fenômenos atmosféricos, Filipe Toledo, melhor surfista da WSL em 2022 e 2023 --e que se afastou do Circuito Mundial em 2024 para cuidar da saúde mental-- sabe do que está falando. Ou melhor, a quem está respondendo. E sem criar um climão.

Filipe Toledo volta a surfar ao lado de Isaquias Queiroz e Rayssa Leal

Filipe Toledo volta a surfar ao lado de Isaquias Queiroz e Rayssa Leal

Apesar de o título ter ficado com o havaiano John Jonh Florence em 2024, surgiu nas praias americanas um apelido provocativo aos brasileiros graças ao bom desempenho de surfistas da Califórnia. O chamado Ciclone de São Clemente faz referência ao trio formado por Griffin Colapinto, que ganhou duas etapas e chegou a liderar a temporada neste ano, e aos estreantes Cole Houshmand, campeão da tradicional etapa de Bells Beach, e Crosby Colapinto, irmão de Griffin. Os três cresceram na mesma San Clemente e terminaram o ano entre os 15 melhores do ranking. Jake Marshall, que ficou na 11ª posição, também é californiano, mas da cidade de Encinitas. Uma resposta à Brazilian Storm?

- O ciclone passa rápido, a tempestade fica, eles sabem, eles sabem. Não tem muito o que a gente falar, né. A gente tá aí já há muitos anos no cenário do surfe mundial. Acho que o ano passado foi o ano que a gente teve menos brasileiros bem. Pô, chatão! Agora a gente volta com tudo de novo, então é isso. A gente veio para dominar de novo e tentar levar tudo - afirmou Filipe Toledo em entrevista ao ge.

Filipe Toledo comenta volta ao surfe após ano para cuidar da saúde mental

Filipe Toledo comenta volta ao surfe após ano para cuidar da saúde mental

O melhor brasileiro no ranking de 2024 foi Italo Ferreira, que terminou com o vice-campeonato mundial. Yago Dora foi sexto, e Gabriel Medina, sétimo. Outro cinco brasileiros competiram, mas ficaram entre a 23ª e 34ª colocações. Na temporada de 2025 serão 11 brasileiros na elite masculina, além de Tatiana Weston-Webb, na feminina. Um recorde.

- Eu acho que a competição é sobre isso. Sempre vão existir os moleques, outras gerações, outros países chegando. Eu acho que é uma competição saudável. E ajuda a gente a se esforçar cada vez mais, dar o nosso melhor. A gente não gosta de perder. É um fato. Então, que comecem os jogos. Ano que vem vai começar todo mundo do zero e vai ter bastante brasileiro. Então, acho que vai ser um ano importante para nós - completou Gabriel Medina, tricampeão mundial na WSL (2014, 2018 e 2021).

Amigos desde a adolescência, Filipinho e Medina estiveram juntos em um evento em São Paulo nesta terça-feira à noite, no lançamento de um clube com piscina de ondas para o surfe a ser inaugurado em 2025 na zona sul da capital paulista.

Gabriel Medina e Filipe Toledo durante evento em São Paulo — Foto: Lu Prezia/ Beyond The Club

NOVIDADES PARA 2025

Além do recorde histórico de brasileiros no circuito mundial, a próxima temporada traz novidades em relação às etapas e também ao local onde será decidido o título. O Finals será realizado em Cloudbreak, em Fiji, de 27 de agosto a 4 de setembro. Gabriel Medina venceu lá em 2014, ano que foi campeão mundial pela primeira vez, em 2016.

- Fiji é uma onda que eu gosto. É uma das minhas ondas favoritas. E acabar o circuito lá é algo que me deixa motivado. Então, vou fazer de tudo para estar no Finals. Já faz uns anos também que eu ganhei meu último título. E agora eu estou com esse novo objetivo. Estou 100%. Agora vou voltar aos treinos. Estava de férias. Mas foco é o mesmo. Esse ano foi de aprendizado, de Olimpíadas. Foi um ano super bom. Mas agora vou estar mais forte - disse Medina.

Filipe Toledo e Jadson André em Natal — Foto: Tyrone/@tyronemft

O mesmo otimismo está nas palavras de Filipe Toledo, que semana passada voltou a vestir a lycra, mesmo que em uma bateria especial com convidados, em Natal, no Rio Grande do Norte, depois de quase um ano fora das competições.

- Já me sinto 100%, me sinto bem, me sinto renovado, reenergizado e preparado. 2025 vai ser um ano bem legal, um ano de grandes expectativas. Estou ansioso pela volta e para sentir aquele friozinho na barriga de novo. O objetivo é sempre ser campeão. Se a gente não tem essa meta, acho que não faz muito sentido só estar no circuito mundial por estar. Então, se a gente vai, a gente vai com os dois pés na porta - comentou Filipinho.

Filipe Toledo em Natal — Foto: Divulgação

Outra novidade é a entrada da piscina de ondas de Abu Dhabi no cronograma da WSL. Além disso, a liga mundial optou pelos retornos dos eventos em Snapper Rocks, na Austrália, Lower Trestles, nos Estados Unidos, e Jeffreys Bay, na África do Sul. Mais uma alteração importante foi no corte que acontecia na metade da temporada e agora passa a ocorrer após o sétimo evento, em Margaret River, na Austrália. Em agosto, na etapa do Taiti, em Teahupoo, são definidos os cinco surfistas do masculino e cinco do feminino classificados para o Finals. A etapa do Brasil, que acontece em Saquarema, no estado do Rio de Janeiro, passou a ser a nona fase da competição.

- Vai ser um ano muito legal, com etapas novas, etapas que já fizeram parte do circuito mundial e agora voltaram. Então, traz um brilho a mais para o circuito. É diferente também por ter mais brasileiros. A concorrência existe de todos os lados, né, o surfe, apesar da gente sempre se dar muito bem, de os brasileiros sempre estarem juntos, existe a concorrência, é um esporte muito individualista, e a gente tá sempre querendo um ganhar do outro. Mas é isso que move a gente também, essa concorrência, a gente querer sempre mostrar o nosso melhor, então vai ser bem legal - finalizou Filipe Toledo.

Gabriel Medina com a medalha de bronze do surfe em Paris 2024 — Foto: Ben Thouard / POOL / AFP

Confira o calendário completo de 2025:

• Pipeline, Havaí - 27 de janeiro a 8 de fevereiro
• Surf Abu Dhabi, Abu Dhabi - 14 a 16 de Fevereiro
• Peniche, Portugal - 15 a 25 de Março
• Punta Roca, El Salvador - 2 a 12 de Abril
• Bells Beach, Austrália - 18 a 28 de Abril
• Snapper Rocks, Austrália - 3 a 13 de Maio
• Margaret River, Austrália - 17 a 27 de Maio
• Lower Trestles, EUA - 9 a 17 de Junho
• Saquarema, Brasil - 21 a 29 de Junho
• Jeffreys Bay, África do Sul - 11 a 20 de Julho
• Teahupo’o, Taiti - 7 a 16 de Agosto
• WSL Finals: Cloudbreak, Fiji - 27 de Agosto a 4 de Setembro

Gabriel Medina conquista a medalha de bronze no surfe

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