Aos 45 min do 2º tempo - 16 minutos? Acréscimos espantam transmissão
Torneio curto, jogos a cada três dias em cidades diferentes, apenas 18 atletas disponíveis. O futebol nas Olimpíadas exige de cada seleção, além de talento com a bola nos pés, um preparo físico medalha de ouro. Para aumentar o desafio da "maratona" do futebol olímpico, os Jogos de Paris-2024 estão cobrando um fôlego extra de jogadoras e jogadores. As 50 partidas disputadas até as quartas de final, no masculino e feminino, somaram 770 minutos de acréscimos, com uma média de 15,4 minutos além dos 90 previstos (ou 7,7 minutos em cada tempo de jogo).
Com os acréscimos dados pela arbitragem nas Olimpíadas 2024 seria possível realizar 8,5 partidas - o equivalente a 17% da competição até o momento. Vinte e um jogos, ou 42% do que já foi disputado até aqui nos torneios masculino e feminino, tiveram pelo menos um dos tempos com dez minutos ou mais de acréscimos, sendo que cinco deles (um entre os homens e quatro das mulheres) chegaram a ter 15 minutos ou mais acrescentados pela arbitragem.
Curiosamente, a média é praticamente a mesma para homens e mulheres: 15,6 minutos no torneio masculino (com 28 partidas disputas até as quartas de final) e 15,1 no feminino (em 22 jogos). A média aferida pelo ge, a partir dos dados disponibilizados pela Fifa, considera apenas o tempo normal das partidas, sem contar as prorrogações. Nos quatro confrontos das quartas de final que precisaram de tempo extra, a média foi de 4,5 minutos de acréscimos aos 30 previstos na prorrogação.
Brasil tem "um jogo a mais" em acréscimos
A seleção feminina, que vai enfrentar a Espanha terça-feira, na semifinal, tem sofrido com a temível plaquinha levantada à beira do campo indicando os minutos a mais. As quatro partidas do Brasil no torneio feminino somaram 91 minutos de acréscimos, com uma média de 22,1 por jogo (44% acima da média geral). É como se a equipe do técnico Arthur Elias tivesse feito uma partida extra só com o que jogou após os 45 minutos de cada tempo.
É do Brasil o "recorde" de acréscimos nos Jogos de Paris-2024, entre homens e mulheres: 30 minutos, ou um terço de uma partida, foram jogados após os 45 regulamentares na derrota por 2 a 0 para a Espanha na terceira rodada (dez de acréscimos no primeiro tempo e 20 no segundo). Os 19 minutos de acréscimos no segundo tempo contra a França, na vitória brasileira por 1 a 0 pelas quartas de final, viraram até memes nas redes sociais.
No masculino, o jogo mais "longo" foi Argentina 1 x 2 Marrocos, logo na primeira rodada, com 24 minutos acrescidos somando os dois tempos. Foram 20 minutos a mais só no segundo tempo, marcado por uma confusão que tornou inválido o apito final, obrigando os jogadores a retornar a campo duas horas depois para a disputa dos minutos restantes.
A recuperação de tempo de jogo além do padrão foi adotada pela Fifa na Copa do Mundo Masculina de 2022, no Catar, e se tornou então assunto de debate. Um dos argumentos foi o aumento de substituições, cinco por equipe. No Mundial Feminino de 2023 houve alguns acréscimos longos, mas não chegou a virar uma marca da competição. Também não parecia ter se tornado uma tendência no futebol internacional na última temporada, mas voltou a chamar a atenção nos Jogos de Paris.
Antes da partida contra a França, o técnico da seleção brasileira feminina, Arthur Elias, citou os minutos a mais do jogo contra a Espanha como uma das razões para poupar as jogadores do treino na véspera das quartas de final.
- Viemos de uma partida que teve 20 minutos de acréscimos e em que jogamos quase 70 minutos com uma a menos (após a expulsão da meia-atacante Marta). Depois, ainda teve uma viagem de quatro horas de Bordeaux a Nantes. E faz muito calor aqui. Então achamos mais conveniente que elas fizessem alguns trabalhos de recuperação no hotel, além da participação em reuniões - disse o treinador.
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