
Mapeando: Brasil conquista medalha inédita no wrestling
Quando se fala de Campeonatos Mundiais de categorias de base em ano olímpico, não se fala de futuro, e sim de presente. É muito provável que os jovens atletas que conquistaram medalhas em eventos juvenis e júnior em 2024 consigam participar já da próxima edição das Olimpíadas, em 2028, na cidade de Los Angeles, Estados Unidos.

Mapeando: Brasil já prepara a categoria de base do judô para o próximo ciclo olímpico
E os resultados do Brasil em diversos Campeonatos Mundiais para atletas novos empolgam. Vieram medalhas em competições boxe, canoagem velocidade, ciclismo pista, judô, wrestling, levantamento de peso, tênis de mesa, tiro esportivo e vela, além de bons resultados nas competições de base do handebol, remo e futebol feminino sub 20.
O grande destaque neste quesito é o judô. Foram sete medalhas no Mundial sub-17 e outras três no Mundial sub-20. E o judô é uma modalidade em que, tradicionalmente, quem conquista bons resultados no adulto vem de pódios na base. Por exemplo, na equipe olímpica do Brasil, composta por 13 atletas em Paris, nove foram ao pódio em Mundiais sub-17 ou sub-20 no início de suas carreiras.

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A grande esperança está em Clarice Ribeiro, ouro no Mundial sub-17 e bronze no Mundial sub-20. A amazonense já fez a transição para o adulto e, no fim de 2024, foi campeã brasileira. Claro que as primeiras temporadas no adulto são complicadas e é absolutamente normal os resultados internacionais não aparecerem. Mas ela está no caminho para ser titular do Brasil em Los Angeles 2028. Outros nomes para ficarmos de olho no judô são Bianca Reis, Dandara Camilo, Beatriz Comanche, Kailany Cardoso (que passou por cirurgia há algumas semanas) e Rafaela Rodrigues.
Judoca amazonense Clarice — Foto: Divulgação/IJF
A vela brasileira saiu de Paris 2024 sem medalha pela primeira vez em 32 anos, viu Martine Grael e Kahena Kunze, bicampeãs olímpicas, anunciarem a separação, mas termina a temporada com esperança. Lucas Fonseca foi campeão mundial da juventude da classe Kite e Lucas Freitas e Victoria Back conquistaram o ouro no Mundial da classe 420. Ainda há um longo caminho pela frente, mas as conquistaram renovaram a esperança da modalidade.
A canoagem brasileira ainda é totalmente dependente de Isaquias Queiroz, dono de cinco medalhas olímpicas e que já anunciou que segue por mais um ciclo atrás de grandes resultados. Mas novos atletas se destacaram no Campeonato Mundial junior. Matheus Nunes ganhou três ouros no Mundial júnior e, semanas depois, participou das Olimpíadas de Paris, eliminado na primeira rodada. No olympic Hopes, tradicional competição para jovens na modalidade, Lorrane Souza, de 16 anos, conquistou quatro ouros e pode ser apontada como principal nome da canoagem feminino do país.

Mateus Nunes fala dos três ouros conquistados no Mundial Júnior de Canoagem de Velocidade
O boxe viveu uma edição olímpica um pouco abaixo do esperado, com "apenas" um bronze. Grande parte da equipe deve ficar para mais um ciclo, mas novos nomes já surgiram. No Mundial juvenil, foram duas medalhas: Gabriel Dias, prata, e Letícia Eleutério, bronze. A competição não contou com todos os países, já que o boxe mundial vive uma crise política enorme que ainda pode tirar a modalidade das Olimpíadas de Los Angeles. Mas são nomes para ficar de olho.
Matheus Pessanha medalhas de bronze no Mundial de levantamento de peso — Foto: Reprodução
No tênis de mesa, uma medalha inédita: Leonardo Izuka ficou com o bronze no Campeonato Mundial sub-19. Ele tem 18 anos e já tem competido entre os adultos em alguns torneios, como no Campeonato Pan-Americano, em que foi bronze no torneio individual. É difícil precisar o quão Leo vai evoluir nos próximos anos, mas essa medalha nem Hugo Calderano conseguiu quando era atleta sub-19.
O levantamento de peso do Brasil já é bem tradicional nas categorias de base, embora não tenha vingado os resultados no adulto. No Mundial júnior, Matheus Pessanha, de 19 anos, conquistou três medalhas, assim como Taiane Justino. São dois nomes que podem aparecer no time adulto em Los Angeles 2028.

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O Brasil ainda conseguiu medalhas em modalidades pouco tradicionais por aqui. Lucca "Batatinha" foi prata no Mundial de ciclismo pista júnior, Hussein Daruich foi vice-campeão na prova de fossa olímpica do tiro esportivo júnior e Leandro Jordan bronze no Mundial de wrestling. Hussein já é mais experiente, participou até dos Jogos Pan-Americanos de 2023, mas Lucca e Leandro ainda têm um longo caminho pela frente.
No remo, Jennifer Almeida ficou em quinto lugar no Mundial sub-19. No handebol, a seleção feminina ficou em nono lugar no Mundial júnior. No futebol feminino, a seleção sub-20 fez uma boa campanha, venceu a França, mas perdeu para Coreia do Norte nas quartas de final da Copa do Mundo.
Outras modalidades, porém, não conseguiram bons resultados. No vôlei, as seleções sub-17 foram eliminadas do Mundial nas quartas de final e, na praia, as duplas não foram ao pódio no Mundial sub-19. No atletismo, apenas um atleta ficou entre os oito melhores de sua prova no Mundial sub-20. No taekwondo, nenhum brasileiro chegou ao pódio no Mundial júnior. A seleção de basquete 3x3 não passou de fase no Mundial sub-19. Nos saltos ornamentais, nenhum brasileiro foi finalista no Mundial júnior disputado no Rio de Janeiro.
Bons resultados na base não necessariamente rendem medalhas no adulto, mas é um primeiro passo importante na carreira de jovens atletas. E, nos últimos meses, o Brasil se destacou bastante. Agora é esperar para ver, nos próximos anos, o desempenho destes vitoriosos jovens.
Guilherme Costa — Foto: Reprodução
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