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Por Marco Condez

Getty Images

Fica o sentimento de frustração pela derrota por 1 a 0 para Seleção dos EUA no jogo final, pois a Seleção Brasileira teve oportunidades reais para conquistar a medalha de ouro olímpica. Mas o legado que fica é a certeza que o trabalho que está sendo desenvolvido tem a oportunidade de evoluir, para que o futebol feminino do Brasil não seja somente competitivo, mas também versátil taticamente, a ponto de enfrentar qualquer esquema adversário.

A campanha da Seleção Brasileira de Futebol Feminino na Olimpíada de Paris foi marcada por instabilidades em toda sua trajetória olímpica. Porém, o saldo final foi extremamente positivo, com crescimento vertiginoso na fase de jogos eliminatórios, o que mostrou a capacidade do time ser altamente competitivo.

A primeira fase foi extremamente oscilante, com apenas uma vitória em três jogos disputados, e performance coletiva abaixo do esperado, mesmo na primeira partida, na qual venceu a Nigéria. Esse cenário oscilante levou a equipe brasileira a terminar a primeira fase da competição na terceira posição do seu grupo, porém com o melhor saldo de gols, o que permitiu sua continuidade nas Olimpíadas de Paris.

A permanência trouxe maior união ao grupo e uma virada de chave, que foi decisiva para levar o time brasileiro até a fase final. O técnico Arthur Elias teve mérito nesta mudança de comportamento, uma vez que modificou a estrutura da equipe e a forma de marcação exercida.

Anteriormente a Seleção Brasileira se apresentava pouco compacta com a marcação por zona e exigia maior intensidade de nossas atletas. A alteração para marcação individual trouxe maior leveza à equipe, surpreendeu as adversárias e trouxe maior organização tática à equipe brasileira, tanto é que o Brasil conseguiu competir em igualdade de condições com as seleções que apresentaram melhor campanha nas Olimpíadas de Paris.

No jogo final contra a Seleção dos Estados Unidos, a Seleção Brasileira criou várias oportunidades, com chances reais de vencer a disputa. No primeiro tempo do jogo, dominou as fortíssimas adversárias, tendo as melhores chances para abrir o placar, inclusive com um gol anulado e um pênalti não marcado.

Mas os erros de finalização impediram que o volume de jogo fosse realmente concretizado quando o time estava dominando. Acrescidos a isso, o erro de leitura de jogo por parte do técnico ao efetuar as primeiras substituições, desorganizou a equipe em campo e permitiu a abertura do placar pelos EUA.

Assim, a equipe brasileira perdeu a organização tática e decaiu sistematicamente no aspecto competitivo, efetuando ataques atabalhoados, na busca pelo empate. Nem a entrada de nossa craque Marta conseguiu fazer a equipe crescer taticamente.

A permanência do técnico Arthur Elias é fundamental para que haja evolução e crescimento tático da Seleção Brasileira. A renovação do elenco se dará naturalmente com a aposentadoria da meio-campista Marta, porém é fundamental que a liderança técnica por ela exercida seja assumida por outra jogadora. E esse processo será bem-sucedido se houver planejamento bem estruturado.

É relevante a conquista da terceira medalha de prata nas Olimpíadas de Paris, principalmente para solidificar a imagem do Brasil no cenário mundial, que está tão desgastada pela má fase que o futebol masculino vive na atualidade.

O fato do Brasil ser o país sede da próxima Copa do Mundo Feminina e a efetivação de um calendário de jogos nacionais consistente e constante são evidências importantes para efetivar o processo de crescimento e consolidação do futebol feminino no país.

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