No período de entressafra do futebol brasileiro, o mercado da bola fica extremamente aquecido, com muitas movimentações de jogadores importantes e comissões técnicas. Diferentemente do que é usual na gestão de Leila Pereira, neste ano o Palmeiras parece que irá atuar fortemente no mercado, na tentativa de reformular o elenco para que a próxima temporada seja mais promissora, em termos de conquistas.
A primeira contratação confirmada é a do atacante uruguaio Facundo Torres, que atuava na MLS, para suprir a futura ausência de Estêvão, que ficará na equipe palmeirense somente até julho de 2025. Paulinho do Atlético-MG é outro atacante de peso que interessa ao Verdão, mas trata-se de negociação delicada.
Observando temporadas anteriores, o Palmeiras de 2024 não apresentou a mesma qualidade e eficiência no setor de meio campo. Isso impossibilitou a equipe de ser o real perseguidor do Botafogo durante o Campeonato Brasileiro e de lutar pelo tricampeonato consecutivo na competição nacional.
A grosso modo, as formações propostas por Abel Ferreira apresentaram apenas dois titulares frequentes e incontestáveis: o goleiro Weverton e o atacante Estêvão. Os constantes desfalques impactaram diretamente nas escolhas do técnico e esses percalços impediram que o Palmeiras jogasse em sua plenitude, fazendo da temporada de 2024 a menos vitoriosa da era Abel Ferreira.
O Verdão se mostrou dependente das atuações individuais do atacante Estêvão e do meio-campista Raphael Veiga. No setor defensivo, os zagueiros Gustavo Gómez e Murilo não demonstraram o entrosamento habitual, pois Murilo passou boa parte da temporada lesionado e a dupla formada por Gómez e Vitor Reis não esteve totalmente afinada.
Além disso, o lateral esquerdo Piquerez sofreu grave lesão, ficando ausente em boa parte da temporada. Seu substituto imediato, o jovem Vanderlan, oscilou, deixando a equipe ofensivamente vulnerável.
Na função de volante, Zé Rafael e Aníbal Moreno também oscilaram, revezando-se para formar dupla com Richard Rios, que, após a disputa da Copa América, caiu sensivelmente de rendimento.
No setor de ataque, o time não possuía titular absoluto, com Rony e José López (Flaco) se revezando na função de centroavante. Assim, podemos dizer que a temporada do Palmeiras foi extremamente acidentada, seja por lesões ou questões técnicas. A equipe não conseguiu mostrar soluções fora do usual, demonstrando falta de repertório tático diante de adversários organizados.
Pontos importantes deixaram de ser somados na tabela de classificação do Brasileirão e foram perdidos dentro do Allianz Parque, evidenciando dificuldade para concretizar o volume de jogo em vantagem no placar. Relembrando as derrotas frente ao Vitória, sério candidato ao rebaixamento no primeiro turno; diante do Botafogo, no confronto direto que tornou mais distante as chances de ultrapassa-lo; e contra o Fluminense, na última rodada do Brasileirão, com o time palmeirense sendo pouco competitivo.
Mesmo nas vitórias, o time não apresentava linearidade de rendimento. Contra Grêmio e Cruzeiro, no segundo turno, as partidas que pareciam inicialmente tranquilas só foram decididas no final do segundo tempo, com o placares magros de 1 a 0, devido a falhas na eficácia ofensiva e a defesas importantes dos goleiros adversários. O gol de Estêvão contra o Cruzeiro, cobrado de forma magistral foi que tornou o time paulista realmente vivo no final da competição.
Diante dessa campanha repleta de altos e baixos, que tem como saldo positivo apenas o título do Campeonato Paulista, o elenco tende a ser reformulado. Dudu deixa a equipe, com indicações de que será contratado pelo Cruzeiro, assim como o atacante Lázaro que foi pouco aproveitado e retornará ao futebol espanhol.
O status de ídolo de Dudu foi desmistificado devido à pouca contribuição ao Palmeiras após longo período de recuperação de lesão. Sua tentativa de se transferir para o clube mineiro foi inicialmente frustrada, e essa situação, somada à falta de ritmo de jogo, culminou em desgaste com a diretoria e em sua pouca utilização no segundo semestre, apesar de estar à disposição da comissão técnica.
No entanto, não se pode esquecer que Dudu foi peça fundamental na formação da história recente do Palmeiras, que se tornou uma potência no cenário nacional, figurando sempre entre os favoritos a títulos. O atacante protagonizou o início de uma era extremamente competitiva, tanto esportiva quanto administrativamente, que dá frutos até hoje.
A contratação de Dudu representou vitória frente a equipes rivais no cenário paulista, que também pretendiam contar com seu potencial técnico. Essa rusga recente não pode, de maneira alguma, apagar o feito de uma década de parceria vencedora entre o jogador e o Palmeiras, com 12 títulos conquistados e dados individuais impressionantes.
Outras peças fundamentais do atual elenco tem futuro incerto no clube, como o volante Zé Rafael e o atacante Rony. A reposição terá que ser certeira, pois ambos são fundamentais para manter a alta qualidade do elenco. Zé Rafael desempenha função defensiva importante, auxiliando na marcação e na criatividade do meio-campo, quando o time tem a posse de bola. Já Rony foi reinventado por Abel Ferreira, assumindo também a função de homem de referência no setor ofensivo.
O Palmeiras precisará estar taticamente equilibrado para a próxima temporada, principalmente para disputar o Mundial de Clubes da FIFA, em novo formato, com a participação de 32 clubes de todo o mundo. O Verdão será um dos representantes da América do Sul na competição, que ocorrerá em meados de 2025, e terá mais uma chance de conquistar o tão sonhado título do Mundial.
Veja também