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Por Marco Condez

Antonio Lacerda/EFE

O Botafogo foi Campeão da Taça Conmebol Libertadores 2024, pela primeira vez na história do clube carioca. A chegada do técnico Artur Jorge fez toda a diferença, pois buscou montar a equipe de forma ofensiva desde o início. No final da campanha, soube conduzir o grupo para superar as adversidades, conquistando o título de forma justa, sendo competitivo e equilibrado.

Uma das características mais fortes do atual Botafogo é o hibridismo tático, que consegue confundir os adversários. A equipe não só joga de forma vertical, com estilo veloz que aproveita os atributos dos atacantes de lado, como também consegue ser protagonista nas partidas, utilizando a qualidade do meio campo para envolver o adversário.

Desta forma, é difícil saber exatamente qual é o antídoto que deve ser usado para neutralizar o time do Botafogo. O meio-campista Thiago Almada é o cérebro da equipe, mas existem outros atletas, como Savarino e Marlon Freitas, que, juntos formam a engrenagem quase perfeita do setor de criação.

Obviamente, a janela de transferências foi benéfica para o Botafogo, mas grande parte da base deste elenco já estava na campanha anterior do Campeonato Brasileiro. O que mudou foi o trabalho técnico e a forma de jogar, que tornaram possível essa conquista.

Os atacantes Luiz Henrique e Igor Jesus, não estavam na campanha do ano passado, transformaram-se em peças fundamentais para o setor ofensivo do Botafogo de 2024, a tal ponto de Igor Jesus desbancar a titularidade de Tiquinho Soares, destaque do time no primeiro turno do Brasileirão em 2023.

A coragem de Artur Jorge deve ser valorizada, pois assumiu a equipe com a temporada em andamento e teve de fazer ajustes durante os jogos oficiais, já que não havia tempo disponível para testes prolongados em treinamentos. É raro esse encaixe perfeito, mas houve uma sinergia de todo o grupo como o plano de jogo do treinador. Na Libertadores, o time também manteve o estilo mesmo jogando em condições adversas.

Outro diferencial de Artur Jorge é não ter o hábito de poupar jogadores para confrontos mais difíceis. Acredito que este fato foi decisivo para que o Botafogo continuasse jogando em alto nível tanto na Libertadores quanto no Brasileirão.

A campanha do Botafogo na Taça Conmebol Libertadores iniciou ainda sob os impactos da queda vertiginosa de rendimento que teve no final da temporada passada. Como terminou o Brasileirão em quinto lugar, se classificou apenas para a pré Libertadores e teve que disputar jogos a mais que os demais clubes para assegurar sua participação na fase de grupos.

Apesar de ser considerado favorito na fase de grupos, a equipe carioca não apresentou campanha primorosa e ficou em segundo lugar de seu grupo, o que acabou lhe proporcionando adversários mais fortes nas fases seguintes. Diferentemente do Atlético-MG, seu adversário final, que fez campanha linear em toda a competição sul-americana.

O Glorioso eliminou dois grandes times brasileiros nos primeiros confrontos da fase de mata-mata: nas oitavas, o Palmeiras, e nas quartas, o São Paulo. É certo que teve dificuldades para se classificar, mas foi se fortalecendo a cada vitória, tornando o sonho do título cada vez mais possível de se concretizar.

Nos jogos da semifinal, contra o Peñarol, que encaminhou a classificação para a decisão, o Botafogo não iniciou bem a primeira partida e quase caiu na armadilha da estratégia uruguaia, que buscou diminuir a diferença técnica e tática com jogo físico, abusando nas divididas. Contudo, a melhora tática do clube carioca no segundo tempo foi o diferencial para mostrar sua superioridade e construir um placar elástico de 5 a 0, que o time uruguaio não foi capaz de reverter no segundo jogo.

Na final brasileira da Libertadores, esperava-se uma imposição tática e técnica maior por parte do Botafogo, dado o momento vivido pelas duas equipes. Porém, ao ter um jogador expulso no início da partida, o clube carioca foi obrigado a alterar seu estilo de jogo, baixou suas linhas e apostou nos contra-ataques para minimizar os efeitos da superioridade numérica do Galo.

A atuação do Botafogo na final me fez recordar os melhores momentos da equipe na temporada passada, na qual era extremamente objetiva, segura e letal. Somente um grupo altamente confiante e com os movimentos táticos organizados é capaz de vencer com total autoridade mesmo com um jogador a menos.

Para suportar a pressão do Atlético-MG, o Botafogo precisou de obstinação tática e qualidade nas finalizações. Foi cirúrgico e organizado, a tal ponto de reduzir radicalmente o volume de jogo do adversário, com marcação quase perfeita. A vitória do Glorioso carioca com o placar de 3 a 1 reflete fielmente o que foi a partida e mostra que há diferentes formas de se construir uma vitória.

O apoio da torcida também foi fundamental para tornar 2024 um ano vencedor para o clube carioca. Este título inédito consagra a melhor fase do Botafogo nos últimos anos, resultado de muita organização em todos os setores.

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