A Polícia Federal (PF) informou que os cerca de R$ 35 milhões destinados a financiamentos agrícolas e desviados do Banco do Brasil foram usados pelos suspeitos para compra de imóveis e veículos, colocados em nome de terceiros. Agora, a PF tenta identificar como era realizada a divisão dos valores entre a quadrilha.
Quatro dos cinco suspeitos de participar do esquema foram presos novamente nesta terça-feira (15), em caráter preventivo, após já terem cumprido prisão temporária. O único que não voltou a ser preso foi o engenheiro ambiental, suspeito de emitir laudos falsos para aprovação dos empréstimos.
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“O tempo que eles ficaram soltos foi muito curto. Eles estavam tentando se readaptar e ver o que poderiam fazer. Então, foi necessária a prisão preventiva, até para evitar que voltassem a praticar os crimes ou tentassem ocultar o patrimônio”, afirmou o delegado Flávio Vieitez Reis.
O ex-gerente do BB, suspeito de ser o chefe do esquema, um gerente que está afastado do cargo e os dois homens apontados como agenciadores de laranjas foram presos em Franca (SP) e Guará (SP), e levados para a superintendência da PF em São Paulo (SP).
“Na medida em que eles permanecessem soltos, eles conseguiriam facilmente transferir imóveis, veículos, de um terceiro para outro terceiro, porque a transferência é mais fácil. A gente comprovou que, nas vésperas da prisão, eles ainda estavam movimentando o patrimônio”, disse o delegado.
Em nota, o Banco do Brasil voltou a informar que "afastou os funcionários envolvidos tão logo constatou indícios de irregularidades e tem colaborado com as autoridades competentes para apuração do caso."
O esquema
Segundo a PF, o golpe ocorreu entre julho de 2014 e março desse ano, e estava centralizado na agência do BB em Guará, onde o ex-gerente atuou até abril desse ano, quando pediu exoneração do cargo.
As investigações apontam que dois homens conseguiam nomes de laranjas e usavam os dados dessas pessoas para abrir contas no BB. Em seguida, o engenheiro emitia laudos falsos e, com a aprovação do ex-gerente e de outro gerente, os financiamentos agrícolas eram aprovados.
Os empréstimos, segundo Reis, eram de valores em torno de R$ 500 mil. O dinheiro desaparecia após ser depositado e, como as contas eram abertas com documentos falsos, o banco não conseguia cobrar a dívida.
Dados atualizados
A princípio, o delegado da PF afirmou que 30 pessoas haviam sido usadas como laranjas, mas as investigações apontam que o total já chega a 50, incluindo familiares dos suspeitos. Cada uma recebia em torno de R$ 5 mil para participar do esquema.
Reis disse também que os suspeitos usavam os valores desviados para pagamento de dívida e aquisição de bens, entre eles imóveis e veículos. Tudo era colocado em nome de terceiros, inclusive familiares e amigos.
“Quem participou da lavagem de dinheiro, ainda que emprestando o nome, caso a pessoa saiba que estava auxiliando a ocultar um patrimônio, ela responderá por lavagem de dinheiro também”, disse o delegado.