A polícia deve ouvir três pessoas nesta quarta-feira (12), na sede da Delegacia Antissequestro de Sorocaba (SP), durante as investigações da Operação Atenas, que cumpriu dez mandados de prisão temporária e 18 de busca e apreensão em Itapetininga (SP) e outros sete municípios. A ação investiga um grupo criminoso que usava duas associações civis de fachada como forma de desviar recursos públicos destinados à área da saúde.
De acordo com o promotor Wellington Veloso, o principal interrogatório é o de Fábio Berti Carone, apontado como líder do esquema. "É a oportunidade que vai ser dada a todos eles de se manifestarem sobre o que a investigação apurou. Para o Fábio, era interessante dizer o que aquela quantidade enorme de dinheiro fazia na casa dele", explica o promotor.
Na casa de Fábio, a polícia encontrou R$ 952 mil e, no cofre, mais R$ 10 mil. A polícia também encontrou um cheque de uma empresa que mantém contrato com o Instituto SAS, a Global Vita, em poder de Fábio, demonstrando que a empresa, de fato, devolvia a ele parte do que recebia do instituto. "Essa fase de interrogatório vai indicar quem mais deve ser ouvido e indiciado", conclui Wellington.
No fim desta terça-feira (11), quatro dos dez suspeitos presos foram liberados após serem ouvidos e ajudarem com as investigações.
Entenda o caso
A ação, que cumpriu mandados de prisão temporária e de busca e apreensão em Itapetininga (SP) e outros sete municípios, investiga um grupo criminoso que usava duas associações civis de fachada como forma de desviar recursos públicos destinados à área da saúde.
As investigações começaram depois que o vice-prefeito, que era então Secretário de Saúde de Itapetininga, Geraldo Miguel de Macedo, declarou a existência de inúmeras irregularidades na execução do Termo de Parceria celebrado entre o Sistema de Assistência Social e Saúde (SAS) e a prefeitura para a administração do Hospital Regional de Itapetininga.
A apuração revelou que, embora constituídos na forma de Organizações Não Governamentais independentes uma da outra, o Instituto SAS e o Sistema de Assistência Social e Saúde (SAS) se confundem em uma única organização criminosa, administrada e comandada pelo mesmo líder.
Além de Itapetininga, também foram identificados contratos com indícios de irregularidades em hospitais de São Miguel Arcanjo, São Paulo, Americana, Araçariguama, Vargem Grande Paulista - todos no estado de São Paulo -, além do Rio de Janeiro (RJ) e Araranguá (SC).
A polícia também executou 18 mandados de busca e apreensão de documentos e precisou de uma van para transportar o material apreendido. Os contratos apreendidos e analisados pela polícia apontam para cerca de R$ 100 milhões por ano que foram desviados em processos fraudulentos.
suposto líder da quadrilha. (Reprodução/TV Tem)
O esquema
Segundo os promotores e policiais que acompanham o caso, as entidades que administram o Hospital Regional de Itapetininga não tem a obrigação de fazer licitações para contratação de funcionários e serviços por serem Organizações Não-Governamentais.
Com isso, parte da verba, destinada ao pagamento dos funcionários do hospital, era desviada para pagamentos de notas fiscais "frias" ou superfaturadas, beneficiando as empresas e pessoas envolvidas.
Para evitar a paralisação dos trabalhadores, a prefeitura tinha que fazer um novo repasse para acertar a folha de pagamento, mandando mais dinheiro público para a gestão do grupo. O processo, chamado de "Esquema Itapetininga", também é feito nas outras cidades apontadas pelas investigações, informa a polícia
Investigação
Nesta primeira fase, a investigação teve como foco principal os líderes da quadrilha e as fraudes relativas ao Termo de Parceria referente apenas ao Hospital Regional de Itapetininga. A investigação apontou indícios do envolvimento de, pelo menos, um prefeito municipal como beneficiário da propina paga pela quadrilha.
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