23/11/2015 09h21 - Atualizado em 23/11/2015 12h19

Trabalhadores da Araupel protestam contra invasões de terras no Paraná

Grupo se concentra em frente ao Palácio Iguaçu, em Curitiba, desde as 6h.
Sem-terra ocupam fazenda de reflorestamento desde julho de 2014.

Fabiula WurmeisterDo G1 PR

Veículos e maquinários foram levados para Curitiba em caminhões; situação será apresentada também aos deputados estaduais na Alep (Foto: Jefferson Lobo / Arquivo Pessoal)Veículos e maquinários foram levados para Curitiba em caminhões; situação será apresentada também aos deputados estaduais na Alep (Foto: Flávia Stacechen / Arquivo Pessoal)

Trabalhadores da Araupel protestam em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná, em Curitiba, desde as 6h desta segunda-feira (23). O grupo de cerca de 1,2 mil pessoas pede providências e a retirada dos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que ocupam uma fazenda de reflorestamento da empresa em Quedas do Iguaçu, no sudoeste do Paraná, desde o julho de 2014.

Os manifestantes levaram até a capital vários tratores, caminhões e maquinários que desde estão estavam na área ocupada. Segundo os sem-terra, os equipamentos foram abandonados no local. A Araupel afirma, no entanto, que eles só puderam ser retirados de lá com escolta policial. A Polícia Militar está acompanhando a manifestação. O trânsito na região foi prejudicado.

Manifestantes espalharam os veículos retirados da fazenda da Araupel em frente ao Palácio Iguaçu, em Curitiba (Foto: Araupel / Divulgação)Manifestantes espalharam os veículos retirados da fazenda da Araupel em frente ao Palácio Iguaçu, em Curitiba (Foto: Araupel / Divulgação)

Questionado sobre o que impede a solução do caso, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Madeira de Quedas do Iguaçu, que representa os funcionários da Araupel, Claudir dos Santos, a demora é de responsabilidade do governo do Estado. Segundo Santos, os trabalhadores do campo não conseguem entrar na fazenda para tirar a matéria-prima para a indústria, comprometendo toda a cadeia de produção.

“Não é a morosidade da Justiça, tanto é que tem duas ordens judiciais de cumprimento de integração de posse. O que falta é o governo do estado cumprir. Se o governo não tomar providência, vão ser extintos em Quedas do Iguaçu mais de 4 mil empregos, além do efeito cascata que deve atingir empresas que prestam serviço para a Araupel", disse em entrevista à Rádio CBN.

Os manifestantes informaram que devem ser recebidos às 11h pelo chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra. E, o governo, adiantou por meio da assessoria de imprensa, que só deve se manifestar sobre o caso depois do encontro.

A situação deve ser exposta também aos deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Representantes do setor moveleiro do estado apoiam o protesto.

Centenas de trabalhadores de sem-terra estão em frente à sede da Araupel desde o início da manhã. O grupo está na rodovia de acesso à empresa. Em nota, o MST disse que, com a ida do maquinário e dos funcionários da Araupel para Curitiba, entende que a empresa está indo embora de Quedas do Iguaçu e abandonando a fábrica. Por isso, pretende ocupar a estrutura e transformá-la em uma universidade para os sem-terra.

Segundo os sem-terra, veículos e equipamentos foram abandonados na área de invasão. Já a Araupel aponta que só pode retirar os maquinários com ajuda de escolta policial (Foto: Araupel / Divulgação)Segundo os sem-terra, veículos e equipamentos foram abandonados na área de invasão. Já a Araupel aponta que só pode retirar os maquinários com ajuda de escolta policial (Foto: Araupel / Divulgação)

No final de outubro, os funcionários bloquearam o acesso à indústria e à cidade de Quedas do Iguaçu, por dois dias. O protesto pela solução das invasões ganhou o apoio do comércio, que fechou as portas por um dia. A população em geral teme uma onda de demissões em massa caso a Araupel tenha de reduzir os trabalhos ou mesmo fechar as portas por não conseguir ter acesso às áreas de reflorestamento. De acordo com a empresa, os prejuízos com as ocupações já passam de R$ 22 milhões.

No dia 13 de outubro, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a União propuseram uma ação na Justiça Federal no Paraná contra a Araupel para que seja anulada a titularidade das terras da região do Rio das Cobras, em Quedas do Iguaçu, e incorporados 10 mil hectares para o assentamento dos sem-terra.

Invasões
No dia 16 de julho de 2014, um grupo invadiu a fazenda de reflorestamento em Quedas do Iguaçu. Na época, uma parte dos sem-terra bloqueou uma das estradas de acesso à propriedade e outra seguiu para a área de 33 mil hectares. Um caminhão colocado em uma das pontes sobre o Rio das Cobras impedia a chegada de policiais e funcionários à região.

Desde então, policiais reforçam a segurança no local, e o caso vem sendo discutido na justiça, que já autorizou a reintegração de posse da área.

Os sem-terra apontam que 3,4 mil famílias estão acampadas na região aguardando regularização.

Segundo os sem-terra, veículos e equipamentos foram abandonados na área de invasão. Já a Araupel aponta que só pode retirar os maquinários com ajuda de escolta policial (Foto: Araupel / Divulgação)Araupel afirma que veículos foram saqueados e só foram recolhidos da área ocupada na semana passada (Foto: Araupel / Divulgação)