As viagens nos ônibus do transporte coletivo de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, passam a partir desta segunda-feira (2) a ser mais instrutivas, divertidas e inspiradoras. Isto porque os veículos estão recebendo as bolsas do projeto “Roda Livro - Transportando Conhecimento”, mantido pela Fundação Cultural e parceiros. Caso a iniciativa dê certo, a intenção é levar os livros também às unidades de saúde do município.
transporte coletivo de Foz do Iguaçu (Foto: Fabiula
Wurmeister / G1)
“Algumas viagens são demoradas. Do Centro da cidade para alguns bairros, é de 30 a 40 minutos e às vezes mais. Este tempo pode ser aproveitado com uma boa leitura. E, um livro puxa outro. Esta é a ideia, incentivar a leitura e, com os exemplares nos ônibus, tornar isso mais acessível”, comentou a diretora-presidente da Fundação Cultural, Arinha Rocha ao lembrar que a iniciativa, ainda em fase de testes, é espelhada em ações de outras cidades como Joinville (SC) e Curitiba, onde livros são disponibilizados em algumas estações-tubos.
Entre doações e parte do acervo da Biblioteca Municipal, com exemplares duplicados, serão disponibilizados nove mil títulos aos usuários do transporte público. Há opções de clássicos da literatura brasileira e estrangeira, infanto-juvenil, romance, ficção, autoajuda, poesia, revistas e histórias em quadrinhos. Um deles também traz a história da passagem do aviador Santos Dumont pela fronteira e a importância para a criação do Parque Nacional do Iguaçu.
Os livros podem ser lidos durante a viagem ou levados para casa e depois devolvidos em outro ônibus que também esteja integrado ao projeto. “Quem quiser, também pode fazer doações”, reforçou Arinha. Não é preciso fazer nenhum cadastro.
Inicialmente, os livros estarão circulando de forma gradativa em 50 dos mais de 150 ônibus que servem o transporte público da cidade diariamente. Nesta primeira etapa, estão sendo contempladas as linhas de maior movimento como a do Parque Nacional, bastante usada por turistas, Vila C e Cidade Nova, frequentada por estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), e Porto Meira e Morumbi, uns dos bairros mais populosos da fronteira.
A servidora pública Marlene Anastácia de Oliveira conta que costuma ler enquanto se desloca para o trabalho e na volta para casa. “Gostei da ideia. Já leio a Bíblia e agora vou ter mais opções”, disse enquanto folheava um livro de autoajuda. “Vai ser muito bom para passar o tempo. Ter o livro à mão pode fazer a gente deixar um pouco de lado o fone de ouvido e o celular”, brincou a estudante Kauana Oliveira.
A proposta contagiou também alguns dos funcionários do transporte público. “O meu expediente é de sete horas. Entro meio-dia e saio às 19h. Preciso ficar atento quando o ônibus para, e sobem e descem os passageiros, e enquanto cobro a passagem. O resto do tempo eu posso aproveitar para ler e me distrair. O tempo vai passar mais rápido agora com os livros. Cheguei e já peguei um para ler”, contou o cobrador César Augusto de Souza.