16/03/2014 06h30 - Atualizado em 16/03/2014 06h30

Veja frases que marcaram o julgamento do mensalão

Julgamento da ação penal 470 no STF durou um ano e sete meses.
Após processo, 24 dos 38 réus foram condenados pelos ministros.

Filipe MatosoDo G1, em Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou entre agosto de 2012 e março deste ano 69 sessões para julgar a ação penal 470, que reuniu 38 réus do caso do mensalão do PT. No total, 24 réus foram condenados por crimes como corrupção ativa, passiva, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e gestão fraudulenta.

Durante o processo, os ministros Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto deixaram a Corte e Luís Roberto Barroso e Teori Zavascki entraram. Nas sessões, houve discussões entre ministros, divergências entre eles e, após o término, Barroso afirmou que o processo "foi um marco". Veja algumas frases proferidas por ministros e advogados durante o julgamento.

02/08/12
"Farei valer o meu direito de manifestar-se sempre que seja necessário."
Ministro Ricardo Lewandowski, revisor da ação, ao rebater o ministro Joaquim Barbosa, após o advogado Marcio Thomaz Bastos apresentar uma questão de ordem para tentar desmembrar o processo e Lewandowski ser favorável – Barbosa disse que ele agiu com "deslealdade".

03/08/12
"Nada, absolutamente nada, acontecia sem consentimento de José Dirceu."
Ex-procurador-geral da República, Roberto Gurgel, durante manifestação no julgamento.

07/08/12
"Ela está me ouvindo agora, deve estar até me vendo e vai me perdoar. Ela era uma funcionária mequetrefe. Geiza cumpria ordens, trabalhava no terceiro ou quarto escalão."
Advogado de Geiza Dias, ex-funcionária na agência de Marcos Valério, Paulo Sérgio Abreu, ao apresentar a defesa.

08/08/12
"A denúncia é fantasmagórica. Não há, em hipótese, alguma, lavagem de dinheiro."
Advogado do ex-deputado João Paulo Cunha, Alberto Toron, ao apresentar a defesa.

16/08/12
"Não temos no plenário ninguém todo-poderoso."
Ministro Marco Aurélio Mello, durante discussão sobre como os ministros deveriam apresentar os votos.
 

Eu talvez reformule meu voto para que o Ministério Público aprenda a fazer a denúncia de maneira mais explícita"
Ministro Joaquim Barbosa, sobre absolvição de Duda Mendonça e Zilmar Fernandes.

03/09/12
"É preciso lembrar que o crime foi praticado em concurso de pessoas, numa ação orquestrada, [...] típica de um grupo criminoso."
Ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão.

06/09/12
"O bom ladrão salvou-se na cruz. Mas não há salvação possível para juiz covarde."
Ministro Celso de Mello, durante análise sobre a condenação ou absolvição dos réus ligados ao Banco Rural e acusados de gestão fraudulenta.

17/09/12
"Há fartas testemunhas sobre pagamentos, da origem dos recursos, não havendo qualquer dúvida sobre o esquema de compra de votos."
Ministro Joaquim Barbosa, ao ler o voto sobre crime de corrupção.

26/09/12
"Vossa Excelência não dirá o que tenho que fazer. Eu cumprirei meu dever."
Ministro Ricardo Lewandowski para o ministro Joaquim Barbosa, após Barbosa pedir que Lewandowski distribuísse os votos por escrito.

26/09/12
"Policie sua linguagem"
Ministro Marco Aurélio Mello ao ministro Joaquim Barbosa, após debate acalorado no plenário.

15/10/12
"Eu talvez reformule meu voto para que o Ministério Público aprenda a fazer a denúncia de maneira mais explícita."
Ministro Joaquim Barbosa, sobre absolvição de Duda Mendonça e Zilmar Fernandes.

22/10/12
"É um dos episódios mais vergonhosos da história política do nosso país."
Ministro Celso de Mello, sobre o caso do mensalão.
 

Não insinue, ministro. Não admito que vossa excelência suponha que todos nós sejamos salafrários e que só vossa excelência seja vestal"
Marco Aurélio Mello ao ministro Joaquim Barbosa, durante definição das penas de condenados

07/11/12
"Não insinue, ministro. Não admito que vossa excelência suponha que todos nós sejamos salafrários e que só vossa excelência seja vestal."
Ministro Marco Aurélio Mello ao ministro Joaquim Barbosa, durante definição das penas de condenados no processo do mensalão.

15/08/13
"Nós queremos fazer nosso trabalho. Fazer nosso trabalho e não chicana."
Ministro Joaquim Barbosa ao ministro Ricardo Lewandowski, durante julgamento de recurso do ex-deputado Bispo Rodrigues. Chicana no jargão jurídico significa atrasar o processo.

26/08/13
"Pessoalmente lamento condenar um homem que participou da resistência à ditadura."
Ministro Luís Roberto Barroso, ao negar recurso ao ex-presidente do PT José Genoino.

12/09/13
"Vejam que o novato parte para a crítica ao próprio colegiado."
Ministro Marco Aurélio Mello, sobre o ministro Luís Roberto Barroso, durante divergência entre eles em relação à validade dos embargos infringentes.

16/01/14
"Veja que barbaridade, além de tudo o ministro Joaquim Barbosa é cruel. Ele acha que eu não tenho mãe, mulher, acha que sou um bandoleiro andando pelo Brasil."
Ex-deputado João Paulo Cunha (PT), sobre o ministro ter decretado o trânsito em julgado sem expedir o mandado de prisão.
 

Essa é uma tarde triste para este Supremo Tribunal Federal. Com argumentos pífios, foi reformada, foi jogada por terra, extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada."
Joaquim Barbosa, sobre julgamento de recursos que absolveram oito condenados por quadrilha

26/02/14
"Leniência é o que está se encaminhando com a contribuição de vossa excelência. É discurso político e contribui para aquilo que se quer combater. É simples dizer que o sistema político é corrupto, que a corrupção está na base das instituições. E, quando se tem a oportunidade de usar o sistema jurídico para coibir essas nódoas, parte para a consolidação daquilo que aponta como destoante.”
Ministro Joaquim Barbosa ao ministro Luís Roberto Barroso, durante julgamento dos embargos infringentes sobre formação de quadrilha.

27/02/14
"Essa é uma tarde triste para este Supremo Tribunal Federal. Com argumentos pífios, foi reformada, foi jogada por terra, extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de 2012."
Joaquim Barbosa, ao comentar julgamento de recursos que absolveram oito condenados pelo crime de formação de quadrilha.

13/03/14
"Eu acho que é um marco. Foi um rito de passagem e espero que, como saldo do mensalão, se produzam transformações na política. É preciso diminuir o papel do dinheiro, atrair novas vocações, é preciso criar um sentimento mais amplo de respeito à ordem jurídica, de respeito ao outro."
Ministro Luís Roberto Barroso, após o fim da última sessão do julgamento.

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de