18/03/2013 12h28 - Atualizado em 18/03/2013 13h50

Presidente da Argentina pede a Papa que interceda no tema das Malvinas

Cristina Kirchner disse que pediu ao pontífice que converse com britânicos.
Argentina e Reino Unido disputam soberania sobre arquipélago.

Do G1, em São Paulo

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse nesta segunda-feira (18) que pediu ao novo Papa Francisco que interceda junto ao Reino Unido para que os dois países iniciem um diálogo sobre a soberania das Ilhas Malvinas, ou Falklands para os britânicos.

O papa, argentino e ex-arcebispo de Buenos Aires, recebeu Cristina na sua primeira audiência com um chefe de Estado desde o início de seu pontificado.

"Eu pedi a mediação dele para iniciar um diálogo entre as duas partes", disse Cristina. Ela lembrou que o Papa João Paulo II também agiu como mediador entre o Chile e a Argentina em um outro conflito territorial.

O encontro entre eles, "muito informal" segundo o Vaticano, durou entre 15 e 20 minutos. A Santa Sé disse que não iria emitir comunicado sobre o encontro.

Depois, Francisco almoçou com Cristina na Casa Santa Marta, onde se alojam os cardeais durante o conclave e onde ainda está hospedado o Papa nestes dias, pois ainda não tomou posse de seus aposentos no Palácio Apostólico.

Cristina disse que convidou Jorge Mario Bergoglio a voltar à Argentina e disse que gostaria de marcar uma data para a viagem.

"Ele tem uma agente cheia, mas obviamente deseja visitar a Argentina", disse.

Segundo ela, o pontífice disse que vai "consultar seus colaboradores" para achar uma data apropriada.

A presidente da Argentina deu uma cuia para o Papa Francisco durante encontro no Vaticano. (Foto: Presidência Argentina/Reuters)A presidente da Argentina deu uma cuia de chimarrão para o Papa Francisco durante encontro no Vaticano. (Foto: Presidência Argentina/Reuters)
A presidente argentina, Cristina Kirchner aperta a mão do Papa Francisco durante uma reunião privada no Vaticano. (Foto: Osservatore Romano/Reuters)A presidente argentina, Cristina Kirchner aperta a mão do Papa Francisco durante uma reunião privada no Vaticano. (Foto: Osservatore Romano/Reuters)

 

Cristina disse que Francisco está "sereno, seguro e tranquilo, em paz" e que mostrou firmeza no compromisso de fazer mudanças no Vaticano. "Já se viu em seus gestos e atitudes, e se verão em outras de suas decisões", disse.

Questão das Malvinas
Após a eleição de Bergoglio como Papa, a imprensa britânica trouxe à tona declarações feitas em 2011 pelo pontífice nas quais se referiu às ilhas como "dos argentinos".

Os habitantes das Ilhas Malvinas, arquipélago que o Reino Unido chama de Falklands, votaram neste mês a favor de continuar a ser um Território Ultramarítmo Britânico, em um referendo cuja legitimidade não foi reconhecida pela Argentina.

O governo argentino considera que os malvinenses são uma população implantada desde que o Reino Unido tomou o controle em 1833 deste arquipélago do Atlântico Sul.

Após a guerra travada pelos dois países pelas ilhas em 1982, que terminou com a morte de 649 argentinos e 255 britânicos, a Argentina reclama a soberania e pede respeito às resoluções da ONU que desde 1965 chamam as partes ao diálogo.

Mas o Reino Unido rejeita qualquer diálogo, insistindo no direito de autodeterminação dos habitantes.

'Gesto de cortesia e afeto'
O Vaticano considerou o encontro desta segunda como um "gesto de cortesia e afeto" para a chefe de Estado e o povo argentino, segundo o porta-voz Federico Lombardi.

A reunião aconteceu depois de uma relação turbulenta, nos últimos anos, entre o então arcebispo de Buenos Aires e os Kirchner, sobretudo, após a aprovação das leis sobre o aborto e o casamento homossexual no país.

O então presidente Nestor Kirchner, falecido em outubro de 2010, rompeu a tradição que vinha desde 1810 e decidiu não assistir à missa Te Deum, que no dia 25 de maio é celebrada na Catedral Metropolitana de Buenos Aires em homenagem à Revolução de Maio.

A última reunião particular entre Cristina e Bergoglio aconteceu em 2010.

Missa
Cristina assistirá nesta terça (19) à missa de início do pontificado, na qual são esperadas pelo menos 132 delegações de vários países.

O Papa Francisco deve receber os representantes de cada país no final da missa, no Altar da Confissão, no interior da Basílica de São Pedro.

A delegação argentina estará composta pelo ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman; o presidente da Suprema Corte de Justiça, Ricardo Lorenzetti; o titular da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez e o deputado Ricardo Alfonsín, além de representantes da Conferência Episcopal Argentina e de vários partidos políticos do país.

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