Neste sábado (17), em vez de uma operação de segurança, a intervenção federal levou serviços e cidadania para uma comunidade da Zona Oeste do Rio.
A escola mais antiga da Vila Kennedy foi a escolhida para reunir as ações comunitárias. Nas salas de aula, a lição neste sábado (17) foi sobre cidadania, cuidados com a saúde, com os dentes. As crianças aprenderam a escovar e os adultos fizeram uma revisão geral. Equipes médicas das Forças Armadas, do estado e do município atenderam os moradores. “Está sendo espetacular essa ação. Veio na melhor hora. E nós somos uma comunidade muito carente. Então, isso foi fundamental hoje”, avalia uma moradora.
Dona Cleide viu que precisa ficar de olho na pressão. “Aproveito e passo pelo médico e faço os exames todos”, conta.
Teve vacinação infantil e também contra a febre amarela. O vidraceiro Gilmar de Souza adiou, adiou, mas hoje não teve desculpa. “Eu aproveitei que ficou mais fácil vacinar e vim aqui”, conta.
As ações sociais conjuntas fazem parte das medidas da intervenção federal na segurança pública. O interventor federal no Rio, general Braga Netto, visitou o colégio. Viu de perto o atendimento. O prefeito voltou à praça onde, na semana passada, fiscais da prefeitura destruíram os quiosques de pequenos comerciantes da região.
Neste sábado (17), Marcelo Crivella disse aos moradores que afastou os agentes e entregou permissões de trabalho para 48 feirantes. “A partir de agora, vai ser um novo tempo. Vão pagar água, vão pagar luz, vão pagar também a licença”, diz o prefeito.
“A gente lutou e conseguiu. E vamos rumo à vitória”, diz uma feirante.
A Vila Kennedy foi escolhida como modelo da intervenção que completou um mês no Rio. Sem um orçamento definido até agora, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o governo federal já vem ajudando o estado e que a liberação de dinheiro especificamente para intervenção depende da avaliação das Forças Armadas. "Existe um esforço enorme, que nós estamos trabalhando nele há meses, para viabilizar solução da questão financeira e fiscal do Rio, principalmente no que diz respeito à segurança. O que tem de novo é apenas quem comanda a segurança, porque a equação financeira já estava sendo tratada nesses últimos meses”, diz o ministro.
Jornal Nacional: Não devem ser liberados recursos direto do orçamento da União para o Rio para a intervenção?
Henrique Meirelles: Isso aí nós estamos analisando. As Forças Armadas estão fazendo os cálculos para ver se é necessária alguma coisa a mais e vão nos informar no devido tempo.
Enquanto isso, até voluntários foram ajudar no mutirão deste sábado (17). A procura maior foi para a retirada de documentos: CPF, identidade, carteira de trabalho. A cidadania finalmente acessível, perto de casa. Para muita gente que vive numa comunidade que precisa de tantos serviços, essa foi uma oportunidade até para voltar a sonhar. “Eu perdi os meus documentos e vim readquirir, voltar à sociedade de novo”, conta Paulo Sérgio, que está desempregado.
Jefferson ficou desempregado em 2016. Trabalhava num estaleiro. “Qualquer área que tiver. Segurança também, que eu tenho curso. Qualquer coisa”, diz.
Ana Valéria foi tentar uma vaga de emprego. “Eu tenho esperança que vai dar. Agora, eu soube que a Vila Kennedy vai ser modelo. Vai sim”, afirma.