Circula pelas redes sociais um vídeo em que um homem vestido de médico afirma que é notícia falsa que a Covid está voltando. É #FAKE.
Selo fake — Foto: G1
No vídeo, o homem diz: "Olá eu sou médico sanitarista e a minha especialidade é saúde pública. Eu resolvi fazer um alerta, emitir um alerta sobre uma situação muito grave que está acontecendo que é uma notícia falsa de que a Covid está voltando e que existe aí uma variante chamada ômicron B isso, B aquilo etc e tal. Isso é uma grande mentira. Eu quero deixar as pessoas tranquilas. Meus clientes têm me perguntado sobre essa questão da nova Covid. Isso não existe. Eu trabalho em dois hospitais e no pronto-socorro. E ainda trabalho numa clínica popular onde eu atendo cerca de 100 pessoas por semana. Então não está existindo isso, acalmem-se. Transmitam essa essa minha mensagem como vocês puderem para todas as redes para todos os contatos. Não tá existindo nada. Inclusive é um crime muito grande, isso é um crime que está sendo colocado que a forma é gravíssima e que mata tanto vacinados quanto não vacinados e isso é muito sério. Inclusive colocando que deve se retornar ao uso de máscaras, confinamento social e etc e tal quando já acabou essa situação. Já acabou, já está acabada, acabou o terror. Não existe nenhuma onda de novo Covid. Essa notícia, ela realmente é completamente falsa, então fiquem calmos. Fiquem tranquilos. Eu sou especialista nessa área e digo vocês isso não existe isso é uma grande mentira passem adiante isso obrigado. "
Ao contrário do que o autor do vídeo afirma, existe, sim, um aumento do número de casos Covid-19. A Sociedade Brasileira de Infectologia, por meio de seu Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias (CCCIR), emitiu um alerta no último dia 11 de novembro para "o aumento significativo do número de casos de Covid-19 no Brasil nas últimas semanas, decorrente da circulação da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes." A SBI também recomendou a volta do uso de máscaras.
No mesmo dia, o número de novos casos contabilizados entre quinta e sexta-feira (20.914) foi o maior desde 31 de agosto (61.085), de acordo com o consórcio de veículos de imprensa.
O Fato ou Fake mostrou o vídeo viral ao médico infectologista Leonardo Weissmann, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia. Ele afirma que "as falas do vídeo são total desinformação às pessoas."
De acordo com Weissmann, o Brasil registra o maior número de casos de Covid-19 desde agosto, com a identificação da subvariante da ômicron BQ.1, que evoluiu de outras variantes circulantes anteriormente e vem aumentando em prevalência na Europa e EUA.
"Sabe-se que a BQ.1 é bastante transmissível, porém não há evidências de que ela cause uma evolução mais grave da doença", esclarece.
Weissmann diz que a BQ.1 pode ter escape muito maior da proteção das vacinas, se compararmos com as outras subvariantes da ômicron.
"Ela tem mutações na proteína spike, que está na superfície do SARS-CoV-2 e permite que ele se ligue e infecte nossas células. Essas mutações dificultam a neutralização pelo sistema imunológico. Porém, é importante destacarmos que, mesmo com esses escapes, as vacinas disponíveis atualmente são seguras e dão proteção, desde que as pessoas tomem todas as doses e reforços."
O infectologista destaca que "estamos observando novamente uma alta importante de casos e internações pela Covid-19. É preciso que as pessoas mantenham a vacinação em dia, com o esquema completo, continuem usando máscara de proteção respiratória, especialmente em lugar fechado e com pouca ventilação, e evitem aglomerações. Como profissionais da saúde, não queremos alarmar, apenas enfatizar que a pandemia não acabou, o coronavírus continua circulando e a população precisa se proteger contra ele, mesmo quem já teve Covid-19 anteriormente."
Comunicado da SBI
De acordo com o comunicado da SBI, em pelo menos em quatro estados da federação já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior.
A SBI afirma que nesse momento, para reduzir o impacto de um possível cenário futuro de aumento de hospitalização e óbito por Covid-19 são indispensáveis algumas medidas urgentes:
- Incrementar as taxas de vacinação Covid-19 principalmente no que tange as diferentes doses de reforço de primeira geração à depender da população elegível, que se encontram todas em níveis ainda insatisfatórios nos públicos alvo;
- Garantir aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de 6 meses a 5 anos independente da presença de comorbidades.
- Promover rapidamente a aprovação e acesso às vacinas Covid-19 bivalentes de segunda geração, que estão atualmente em análise pela Anvisa;
- Relembrando a Nota Técnica desse Comitê em 05/10/2022, é essencial que medicações já aprovadas pela ANVISA para o tratamento e prevenção da Covid-19, estejam disponíveis para uso no setor público e privado, medida que ainda não se concretizou após mais de seis meses da licença para esses fármacos no Brasil
- Adoção de medidas de prevenção não farmacológicas como uso de máscaras e distanciamento social, evitando situações de aglomeração principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos.
O Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias e a SBI solicitam ainda ao Ministério da Saúde, à Conitec e à Anvisa "atenção especial para as medidas sugeridas com brevidade, objetivando otimizar as tecnologias de prevenção e tratamento já disponíveis, colaborando para o enfrentamento da situação atual e reduzindo a chance de um possível impacto futuro de óbitos e superlotação dos serviços de saúde públicos e privados por casos graves de Covid-19".
É #FAKE vídeo em que autor nega aumento de casos de Covid-19 — Foto: Reprodução
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