Os adultos não sabem a matemática básica, nem mesmo os que já concluíram o ensino superior ou estão na universidade. Uma pesquisa concluída neste semestre mostra que quase metade (45,5%) das pessoas que têm 15 anos de estudo não entende fração. Outros 39,7% não sabem fazer médias simples e 34,3% não conseguem fazer conta com taxa de juros. Cálculos percentuais e regra de três são problemas para 28% das pessoas com esse nível de escolaridade.
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Os dados são resultado de um estudo feito pelo Círculo da Matemática, projeto do Instituto Tim, que testou o nível de proficiência da disciplina entre os adultos. Foram entrevistadas 2.632 pessoas em 25 cidades nas cinco regiões do País entre os meses de julho e agosto. Todos os entrevistados tinham 25 anos ou mais.
O G1 foi a até a Universidade de São Paulo (USP) e pediu para que alunos dos cursos de letras, engenharia química e matemática fizessem uma versão compacta do teste. (Confira o vídeo acima.)
Na pesquisa do Círculo da Matemática, os adultos responderam um questionário de 17 perguntas que foram embasadas em estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e adaptadas à realidade brasileira.
Os resultados foram tabulados levando em conta três recortes: os das pessoas que têm 1 ano de estudo, as que possuem até oito anos de estudo e os que têm 15 anos, que já se formaram ou ainda frequentam um curso superior.
Entre os que possuem menos estudo, os resultados foram catastróficos: mais de 90% não sabem fazer regra de três, estimar números aproximados, fazer conta com taxa de juros, calcular percentuais e não entendem frações.
Para o coordenador do estudo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de Cambridge, Flavio Comim, a pesquisa mostra que existe um problema social que precisa ser encarado.
“Somos um país que verá diminuir a quantidade de crianças em idade escolar. Haverá uma redução muito rápida nos próximos 15 anos. Vamos ter de dar um jeito de educar os adultos para conseguir sobreviver.” Comim diz que é necessário pensar em reformulações para o EJA e na criação de outros programas para que os adultos nunca parem de aprender.
Comim lembra que um dos determinantes para a falta de domínio na matemática acontece dentro da cada das pessoas. “Os adultos não sabem matemática suficiente para ensinar seus filhos e não podem ajudar. Se eles puderem não passar nenhum valor negativo sobre a matemática já é um ganho. Não dá para amedrontar as crianças.”