O Ministério da Fazenda declarou por nota nesta quinta-feira (10) que "está engajado em atacar" os problemas apontados pela agência de classificação Moody's que levaram à revisão da nota de crédito para possível rebaixamento do país na véspera.
Estes problemas, afirma a Fazenda citando a agência, têm relação com "dificuldades oriundas do ambiente político e da capacidade do governo em implantar medidas para corrigir e executar políticas que levem a resultados fiscais consistentes com uma trajetória mais positiva de endividamento público".
Em nota, o governo também reconheceu os "crescentes desafios para conter a deterioração do custo e tamanho do endividamento público, para assegurar a consolidação fiscal e a consequente piora do ambiente econômico impedem a retomada do investimento e da atividade, criando riscos ainda maiores para a qualidade do crédito soberano".
"Nesse sentido, os encaminhamentos requerem sacrifícios e o governo está engajado em atacar esses problemas, revendo a natureza legal, regulamentar e administrativa das despesas que, quando reduzidas, contribuirão para reverter o déficit fiscal e estabilizar a trajetória da dívida", afirmou a Fazenda.
Ainda segundo o governo, uma vez dissipadas as incertezas quanto à trajetória fiscal, é esperado um aumento gradativo da confiança necessária à recuperação do investimento e ao crescimento econômico, com impactos positivos nos indicadores de emprego. A Fazenda também mencionou a necessidade de avançar em reformas como a do ICMS e do PIS/Cofins.
Levy compara a futebol
Mais cedo, em evento em São Paulo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já havia comentado a decisão da Moody's. Ele recorreu ao futebol para comentar o iminente rebaixamento do Brasil e perda de grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco.
“A questão do rebaixamento é reflexo da realidade. É que nem campeonato de futebol, se você não se reorganiza, você não consegue ter união e o resultado é sério”, disse. “Evidentemente depois você tem que trabalhar e tentar voltar. Sempre se é possível voltar para a divisão que acha que você pertence”, completou Levy, que participou de almoço anual de confraternização dos dirigentes de bancos (Febraban).
O ministro é torcedor do Botafogo - time que garantiu o retorno à Série A em 2016, após o rebaixamento que levou o clube a disputar este ano a Série B do campeonato brasileiro.
Rebaixamento
A Moody's informou na quarta-feira (9) que colocou a nota do Brasil, que está no último degrau do grau de investimento pela agência de risco, em revisão para possível novo corte. Isso significa que, se a nota do Brasil for mesmo cortada, o país perde o selo de bom pagador por esta agência. Com este anúncio, o Brasil fica mais próximo de perder o grau de investimento por uma segunda agência internacional de classificação de risco;
Em setembro, o Brasil perdeu o grau de investimento na classificação de crédito da Standard and Poor's (S&P). A nota do país foi rebaixada de "BBB-" para "BB+", com perspectiva negativa.
Empresas brasileiras também podem ser rebaixadas
Também nesta quarta, a Moody's anunciou o terceiro corte no ano da nota da Petrobras. O rating da petroleira foi rebaixado de "Ba2" para "Ba3" - 3 degraus abaixo do grau de investimento. A companhia já tinha perdido o selo de bom pagador pela agência em fevereiro.
Nesta quinta, a agência informou que as notas de empresas brasileiras também foram colocadas em revisão para possível rebaixamento.
A Moody's decidiu ainda cortar a nota da Vale de Baa2 para Baa3, último degrau dentro do grau de investimento pela agência. A perspectiva continua negativa, ou seja, com previsão para um possível novo rebaixamento.
Estados
A Moody's também colocou a nota de crédito dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Paraná, além da cidade de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro, em revisão para um possível rebaixamento.
"A deterioração contínua da economia do Brasil tem e continuará tendo impacto direto sobre o ambiente operacional de estados e municípios brasileiros. Além disso, a situação fiscal de estados e municípios brasileiros está enfraquecida em 2015, que continuarão a ser pressionados pela diminuição das receitas fiscais e pela rigidez dos gastos no futuro próximo", apontou a agência em nota.